No Dia Mundial da Saúde Mental, Fiocruz Amazônia realiza roda de conversa sobre luta antimanicomial no Amazonas

Em referência ao Dia Mundial da Saúde Mental, o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) promoveu na ultima quinta-feira, 10/10, uma roda de conversa para falar sobre portadores de transtornos psíquicos e enfrentamentos pela luta antimanicomial no Amazonas. A atividade fez parte da disciplina “Saúde Coletiva”, coordenada pelos pesquisadores Marcílio Medeiros e Fernando Herkrath, no âmbito do Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA).

Segundo Marcílio Medeiros, a ideia foi promover uma maior aproximação com a atual situação com que a saúde mental é tratada no Estado do Amazonas. “Trouxemos para conversar com nossos alunos, um usuário desse sistema, que se transformou em um ícone da saúde mental no Brasil, que participa da associação Brasileira de Saúde Mental, e possui uma visão muito apurada desse atual cenário”, explicou.

A roda de conversa contou com a participação de José Setemberg Rabelo, representante da Comissão de Usuários e Profissionais da Saúde Mental do Amazonas. Na oportunidade, Rabelo destacou que sua militância pela reforma psiquiátrica foi motivada pelo horror vivido durante as internações no hospital psiquiátrico. “Eu achava que estava preso em uma penitenciária. Demorei a me dar conta de que era um hospício, me perguntava por que fui parar ali”.

Depois da passagem pelo hospital, foi a vez do preconceito. “Você é chamado de louco. As pessoas começam a te olhar com medo, no supermercado, na fila do pão”. Rabelo buscou o apoio do Instituto Silvério de Almeida Tundis (Isat), organização não governamental que dá suporte à reforma psiquiátrica no estado, e passou a contar sua experiência em eventos sobre saúde mental pelo Brasil e até no exterior.

Usuário de um dos centros de Atenção Psicossocial (Caps) de Manaus, o ex-interno quer usar a experiência dos anos vividos atrás das grades do hospício para não repetir erros e garantir a implementação dos serviços de saúde mental de base comunitária no município de Manacapuru.“Pensamos não só em construir Caps, nosso compromisso é implantar uma rede de cuidados. O desafio vai ser mostrar que a loucura está dentro do contexto da sociedade, que ela não pega. Se a comunidade compreender isso, as pessoas com transtornos mentais sofrerão menos”, avalia.

Para a especialista em saúde mental, Glenda Vieira, aluna do PPGVIDA, a atividade foi extremamente positiva e auxiliou ao alunos a entenderem como a política de saúde mental está sendo implementada no Estado. “Falar sobre saúde mental é falar sobre representatividade. Durante a roda de conversa, tivemos uma prova prática em relação a isso, onde nossos professores trouxeram para a sala de aula uma voz que possui voz representativa na área da saúde mental. Trazer este tipo de debate para dentro de um programa que trabalha a interação multiprofissional é muito relevante”, destacou.

SOBRE O PPGVIDA

O Programa tem como objetivo capacitar profissionais para desenvolver modelos analíticos capazes de subsidiar pesquisas em saúde, apoiar o planejamento, execução e gerenciamento de serviços e ações de controle e o monitoramento de doenças e agravos de interesse coletivo e do Sistema Único de Saúde na Amazônia.

Além disso, o PPGVIDA também visa planejar, propor e utilizar métodos e técnicas para executar investigações na área de saúde, mediante o uso integrado de conceitos e recursos teórico-metodológicos advindos da saúde coletiva, biologia parasitária, epidemiologia, ciências sociais e humanas aplicadas à saúde, comunicação e informação em saúde e de outras áreas de interesse acadêmico, na construção de desenhos complexos de pesquisa sobre a realidade amazônica

ILMD/ Fiocruz Amazônia, por Eduardo Gomes