Doutorado em Saúde Pública na Amazônia do ILMD/Fiocruz Amazônia tem sua primeira defesa de tese aprovada

Criado há dois anos, o Programa de Doutorado Acadêmico em Saúde Pública na Amazônia (DASPAM), oferecido em consórcio pela Fiocruz Amazônia, Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM), teve nesta quarta-feira, 18/01, a primeira defesa de tese aprovada. Thalita Renata Oliveira das Neves Guedes foi a primeira aluna a obter o título de Doutora em Saúde Pública na Amazônia, concedido pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Aprovada com a pesquisa intitulada “Territórios da Atenção Básica de Saúde no Amazonas – Transformações sociais sob o signo da pandemia da COVID-19” – é um retrato do que foi o cenário pandêmico nas duas ondas da COVID-19, do ponto de vista da atuação dos profissionais de saúde e dos usuários da Atenção Básica em 12 municípios do Amazonas.

A pesquisa faz parte do projeto “Prevenção e controle da Covid-19: transformações das práticas sociais da população em território de abrangência da Atenção Básica em Saúde no Estado do Amazonas” financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), coordenado pelo pesquisador Júlio Cesar Schweickardt.  A tese levou dois anos e quatro meses para ser concluída e foi desenvolvida em pleno período da doença no País e, de modo particular, no Estado. “Utilizamos a metodologia participativa que promove o diálogo e problematiza as experiencias que aconteceram nos territórios de Atenção Básica no Amazonas no contexto da pandemia”, explicou Guedes. Foram entrevistados 385 usuários da Atenção Básica e 65 profissionais de saúde e gestores, trazendo como contribuição recomendações para a melhoria do processo de assistência à saúde durante eventos de saúde pública que possam vir a ocorrer no território amazônico. Filha de amazonenses e nascida em Manaus, Thalita Renata é assistente social e servidora da Secretaria Municipal de Saúde de Manaus (SEMSA), e teve como orientador o pesquisador Júlio César Schweickardt, que atua como docente no DASPAM.

A conquista do doutorado da Thalita Renata é também uma vitória para o ILMD. A diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, parabenizou a nova doutora pelo êxito na defesa e destacou o orgulho que é para a instituição ter a primeira aluna, mulher, a conquistar o título com mais um curso de pós-graduação oferecido pelo ILMD em sua grade de Ensino. “Estamos muito felizes e orgulhosos com os resultados, o pioneirismo e a produtividade do DASPAM, que, tenho certeza, irá contribuir muito para a melhoria da qualidade do Sistema Único de Saúde (SUS) na Amazônia”, declarou.

Coordenadora do DASPAM, pela Fiocruz Amazônia, a pesquisadora em saúde pública Luiza Garnelo ressaltou a importância desse momento, que coroa o sucesso do Programa de Doutorado Acadêmico do ILMD. “O doutorado foi algo muito penoso para conseguirmos, batalhamos bastante, fizemos uma confluência de três instituições e finalmente conseguimos aprová-lo e agora temos o nosso primeiro doutor formado na Amazônia, com temas amazônicos, um produto da nossa instituição e particularmente da Fiocruz, que é nossa aluna”, afirmou Garnelo. Atualmente, o Programa possui 19 doutorandos, vinculados aos serviços de saúde e à realidade regional. “Estamos certos de que eles estarão contribuindo para desvendar as dificuldades e as situações de saúde da nossa região para melhoria das políticas de saúde da população amazônica”, comemorou.

Para o orientador Júlio Schweickardt, chefe do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), da Fiocruz Amazônia, ter a primeira doutora aprovada é motivo de muita alegria. “Termos a primeira aluna do Doutorado em Saúde Pública na Amazônia da Fiocruz, em parceria com a UEA e a UFAM, é motivo de orgulho para nós enquanto instituição que tem a missão de formar pesquisadores e, em especial, uma pessoa que atuam no sistema municipal, na área da Educação em Saúde, o que qualifica ainda mais o trabalho que ela desenvolve e amplia o quadro de doutores do Estado. Assim, a nova doutora tem condições e capacidade de coordenar projetos de pesquisa e orientar alunos de Pós-graduação. Para nós enquanto instituição da saúde formar uma doutora na Amazônia é motivo de comemoração porque ampliamos a nossa capacidade de pesquisa e de intervenção nos territórios da Amazônia”, salientou. Integraram a banca examinadora os doutores Julio César Schweickardt, como presidente, Márcia Irene Pereira Andrade Mavignier e Alcindo Antonio Ferla (membros externos), Tiótrefis Gomes Fernandes e Fernando José Herkrath (membros internos).

REPRESENTATIVIDADE

Também doutorando do DASPAM, o coordenador geral da Associação de Pós-Graduandos da Fiocruz Amazônia, Victor Aquino, ressalta a representatividade da primeira doutoranda a defender a sua tese de doutorado. “É muito representativo, ela é uma doutora agora, é uma mulher que está sendo pioneira e fazendo história no ILMD, diante de tantas que temos visto, desde a professora Maria Deane, passando pela professora Adele Benzaken na diretoria do ILMD, a nossa ministra Nísia Trindade, ex-presidente da Fiocruz, e diversas outras pioneiras na Ciência”, exemplificou. “Para nós, então é motivo de muito orgulho saber que a Thalita foi a primeira e que também é do DASPAM”.

Victor conta ainda que Thalita deu exemplo de coragem e empoderamento ao abdicar de um outro Doutorado para cursar um em que conseguisse maior aplicabilidade na área em que atua, que é a da saúde pública. “Ela começou tudo do zero e vê-la defendendo tese pouco mais de dois anos depois, com três capítulos e um artigo publicados e dois artigos prontos para serem submetidos prova que a produtividade e capacidade do DASPAM, da Thalita e do LAHPSA de fazer tanto em tão pouco tempo”, destacou.

OBJETIVO

O Doutorado Acadêmico em Saúde Pública na Amazônia tem como objetivos: capacitar pesquisadores para exercitar análises críticas, utilizando, de forma integrada, conceitos e recursos metodológicos da saúde coletiva, biologia parasitária, epidemiologia, ciências sociais aplicadas à saúde, e de outras áreas conexas; desenvolver modelos analíticos de processos de saúde/doença/cuidados, tomando como referência o quadro epidemiológico, econômico, socioantropológico, histórico, biológico e ambiental no cenário regional e suas interfaces com os contextos nacional e internacional de globalização da Amazônia; contribuir, teórica e tecnicamente, para a formulação, implementação e gestão de políticas setoriais, bem como atuar, neste campo, na docência e na pesquisa.