Fiocruz Amazônia e CIGS retomam atividades de pesquisa sobre presença de patógenos em fauna silvestre

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e o Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS) iniciaram as tratativas para retomar o trabalho de investigação de patógenos, por meio de imersões nas áreas de selva pertencentes ao batalhão. A investigação é feita através coleta de material biológico (amostras sanguíneas e de tecido) de animais capturados na área bem como dos espécimes mantidos em recintos do Zoológico do CIGS, localizado em um fragmento florestal urbano de Manaus de 6 mil metros quadrados. Um novo acordo de cooperação deverá ser firmado entre as duas instituições para viabilização das pesquisas, desenvolvidas pela equipe do Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), da Fiocruz Amazônia, sob coordenação da médica veterinária Alessandra Nava.

“O objetivo é ampliar o raio de abrangência do Programa Saúde Única, da Fiocruz Amazônia, que já realiza trabalho de investigação de patógenos causadores de doenças de origem animal em parceria com o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas), do Ibama, Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e Projeto Sauim de Coleira, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam)”, explica Nava. Ela lembra que a parceria com o CIGS já existia anteriormente, mas havia sido suspensa em 2019, em razão da pandemia de COVID-19, e desde então não foi mais executada.

Na última segunda-feira, 19/06, a pesquisadora participou, junto com outros representantes de órgãos de pesquisa da Amazônia, a exemplo do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Universidade Federal do Amazonas (UFAM), de uma reunião com o atual comandante do CIGS, coronel Glauco Correia Corbari, e a médica veterinária do Centro, a tenente-coronel Simone Falcão, com a finalidade de alinhar as possibilidades de parceria com a unidade militar. A atividade, denominada de Sarau Ambiental, também fez parte da programação comemorativa ao Dia da Medicina Veterinária Militar (19/06).

Segundo Alessandra Nava, os resultados das análises de amostras de material biológico coletados de espécimes da fauna amazônica permitem o mapeamento da ocorrência de possíveis surtos de novas doenças infectocontagiosas e o ressurgimento de outras. No início deste ano, representantes das instituições parceiras se reuniram na sede do Cetas-Ibama, em Manaus, para a primeira reunião de alinhamento e planejamento de atividades para 2023. No caso do Cetas-Ibama, o acordo de cooperação prevê, entre outras atividades, o auxílio em relação à sanidade dos animais recebidos no centro e a conservação da biodiversidade.

A Fiocruz Amazônia possui um biobanco da vida silvestre com mais de 3 mil amostras de 200 tipos de animais, entre morcegos, primatas e roedores, coletados na floresta (Cetas, áreas da Ufam, florestas preservadas, além do assentamento Rio Pardo, na BR-174 (Manaus-Boa Vista), no município de Presidente Figueiredo. Com o CIGS, o acordo deverá estabelecer as áreas em que serão feitas as atividades em parceria.

O Zoológico do CIGS é administrado pela Divisão de Veterinária do CIGS e dispõe de setores clínica, centro cirúrgico, farmácia, raio x, patologia, nutrição, contando com uma equipe especializada de veterinários, bióloga e tratadores.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Ingrid Anne