Covid-19 e os efeitos na saúde da população indígena da Amazônia
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/ Fiocruz Amazônia) iniciou na última quarta-feira (09/12) a coleta de dados sobre os Conhecimentos, Práticas e Atitudes (CAP) entre jovens indígenas em relação aos cuidados com a saúde mental durante a pandemia de Covid-19.
A aplicação do CAP é a primeira etapa de desenvolvimento do projeto intitulado “Apoio para os povos indígenas da Amazônia Brasileira na prevenção e Mitigação dos impactos da Covid-19”. Trata-se de uma ação realizada em parceria com o Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) e a Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab).
Quatro estados em oito áreas de abrangência integram o campo de estudo: Alto Rio Negro (AM), Alto Solimões (AM), Alto Purus (AC-AM); Yanomami (RR), Leste de Roraima (RR), Guamá-Tocantins (PA) e Amapá e Norte do Pará (AP-PA).
SOBRE O CAP
Com este levantamento, a Fiocruz busca orientar as ações de formação e futuras intervenções: saber o que as pessoas entendem (conhecimento) sobre um tema específico. Em seguida, identificar opiniões, sentimentos, crenças (atitudes) sobre as quais o tema está envolvido. Finalmente, o trabalho de diagnóstico estará completo com a identificação das ações (práticas) que os conhecimentos e as atitudes de uma pessoa os leva a praticar.
“O instrumento nos ajudará no melhor entendimento dos efeitos da Covid-19 na saúde mental dos jovens indígenas em diferentes territórios da Amazônia. O levantamento trará informações relevantes sobre o perfil e as práticas de diversos grupos indígenas em várias comunidades e pequenos centros urbanos”, destacou o coordenador da atividade CAP e pesquisador do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia do Lahpsa-ILMD/Fiocruz Amazônia, Júlio Schweickardt.
Participam como público-alvo do estudo jovens entre 15 e 22 anos de idade. A expectativa da equipe é cumprir a meta de aplicar o CAP em 300 indígenas, os quais deverão representar a diversidade étnica de cada região.
Para o pesquisador, é muito importante o acesso às informações sobre essa faixa de público, de modo que possam subsidiar as organizações indígenas e instituições públicas em ações direcionadas para o grupo. “Temos poucos estudos sobre a saúde mental de jovens indígenas, portanto, temos uma grande oportunidade de apresentar resultados relevantes para orientar as ações de saúde mental e de proteção social como uma resposta à pandemia que atinge as populações indígenas de modo trágico”, enfatizou o coordenador.
O questionário é online (diante do contexto de risco que a pandemia impõe ao indígena e à equipe) e autoaplicável. Seu acesso é via link da plataforma Google Forms. Está organizado da seguinte maneira: Bloco A – Informações sociodemográficas; Bloco B – Conhecimento sobre Saúde Mental, Discriminação e violência, Hábitos e Costumes; e Bloco C – Informações sobre Covid-19.
Uma rede de apoiadores locais foi montada para dar suporte aos jovens no processo de preenchimento e diminuir dificuldades ou resistências durante o processo.
A coleta se estende até 15 de janeiro de 2021. Os dados, depois de analisados, poderão subsidiar políticas públicas voltadas aos jovens indígenas no campo da saúde mental e da proteção social.