Fiocruz Amazônia sedia curso internacional de micologia médica, realizado pela primeira vez no Norte do Brasil

Iniciou na última segunda-feira, 1/12, no Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia), em Manaus, o Curso Internacional de Micologia Médica, organizado pela Atlas Foundation, em parceria com instituições locais de saúde e pesquisa. Normalmente ministrado em diferentes países, e já realizado em instituições como a Mayo Clinic (EUA), First People’s Hospital em Jining (China) e Universidade Federal do Paraná (Curitiba, Brasil), o curso acontece pela primeira vez no Amazonas (AM), em parceria com o Programa de Pós Graduação em Condições de Vida e Situações de Saúde na Amazônia (PPGVIDA – ILMD / Fiocruz Amazônia), o Laboratório Diversidade Microbiana da Amazônia com Importância para a Saúde (LDMAIS), e o INCT CERBC (Conservação e Exploração dos Recursos Biológicos de Coleções em Rede).

Sob a liderança do Prof. Sybren de Hoog, fundador da revista “One health Mycology”, o curso tem como objetivo promover o entendimento dos fungos clinicamente relevantes, apresentando sua classificação, estratégias de dispersão, padrões de resistência antifúngica e riscos à saúde pública. O conteúdo é estruturado de acordo com o Atlas of Clinical Fungi, com aulas teóricas em inglês e atividades práticas em português (microscopia e técnicas moleculares).

Compuseram a mesa de abertura do evento, Ani Beatriz Jackisch Matsuura, pesquisadora do ILMD / Fiocruz Amazônia e representante da comissão organizadora local; Vânia Aparecida Vicente, professora da Universidade Federal do Paraná (UFPR) e representante do comité organizador nacional; Sybren de Hoog, presidente do Atlas de Fungos Clínicos; e Stefanie Costa Pinto Lopes, diretora da Fiocruz Amazônia.

Stefanie Lopes, Diretora do ILMD / Fiocruz Amazônia, destacou a satisfação de receber esta edição do curso, na unidade. “Essa semana no ILMD, vai acontecer o curso internacional de micologia, voltado para a identificação taxonômica de diversos fungos de importância médica. Curso esse, que está pela primeira vez, sendo oferecido na Região Norte do país, aqui na Fiocruz Amazônia. É muito importante para nós, recebermos este curso, podermos qualificar os profissionais de saúde, os pesquisadores, nesse tema de suma importância para a nossa região, e para a Fiocruz”, explica Lopes.

Palestras, discussões de casos e atividades práticas em microscopia, biologia molecular e bioinformática, devem movimentar as atividades do curso, ofertado até o dia 8 de dezembro de 2025. As atividades do curso foram oficialmente abertas, com a palestra do pesquisador, Sybren de Hoog, intitulada: Taxonomia Geral e ciclos de vida sexuais.

Para Sybren de Hoog, promover a edição 2025 do curso na Amazônia, é de extrema relevância e significado. “Muito feliz por estar aqui, para o curso em micologia médica, em Manaus. É muito significativo fazer este curso aqui, pois é realmente uma área de pesquisa em expansão, onde precisamos saber mais sobre a Amazônia, a vida, as mudanças na biodiversidade e todas as doenças que estão ligadas aos animais. A Amazônia é uma área fantástica para fazer estas pesquisas, entender melhor a diversidade e a evolução da dinâmica em fungos potencialmente patogênicos e os riscos para o homo sapiens”, destaca Hoog.

Além de reconhecer e classificar fungos de importância médica, o curso visa também, capacitar os participantes, através de técnicas de microscopia e biologia molecular no diagnóstico micológico, discutindo aspectos epidemiológicos e terapêuticos das micoses, e utilizando ferramentas de bioinformática para análise de dados micológicos.

Pesquisadora do LDMAIS e coordenadora do PPGVIDA, Ani Beatriz Matsuura, destacou pontos positivos do curso para os participantes. “Estamos muito felizes em receber o Curso Internacional de Micologia de 2025, aqui na Fiocruz Amazônia. É a primeira vez que o curso vem para o Norte. Um curso muito importante, para quem atua na área da micologia, que aborda todos os fungos de importância médica. Nós estamos recebendo diversos profissionais, que certamente vão conseguir aproveitar bastante esse curso, pois além das aulas teóricas, teremos as práticas. Esperamos que realmente seja um curso com bom aproveitamento para todos nós da Região”, disse.

Durante os oito dias de evento,as manhãs serão dedicadas a palestras ministradas por especialistas internacionais e nacionais, cobrindo: Taxonomia e identificação de fungos de importância médica; Micoses endêmicas e oportunistas; Infecções fúngicas em pacientes imunocomprometidos; Novas ferramentas diagnósticas, moleculares e bioinformáticas; e Terapias antifúngicas e resistência.

As tardes são voltadas para atividades práticas em: Microscopia de fungos (leveduras, dermatófitos, fungos dimórficos e pretos); Técnicas de identificação molecular (extração de DNA, PCR, sequenciamento, análise bioinformática); e Discussão de casos clínicos.

Vânia Aparecida Vicente, professora da UFPR, elencou alguns dos objetivos do curso. “Esse curso representa uma integração de vários pesquisadores, que trabalham desde a identificação, taxonomia, filogenia, até a elucidação de doenças epidemiológicas causadas por fungos. Nesse contexto, esse curso é fundamental para o treinamento das equipes, os pesquisadores envolvidos, divulgação do que tem sido feito, e consequentemente, trazer visibilidade, principalmente no campo da micologia clínica”, esclarece.

RESISTÊNCIA ANTIMICROBIANA

Nesta terça-feira, durante agenda na Instituição, a equipe executora (gestores de grupos focais nacional) do projeto “Monitoramento e detecção de padrões de resistência antimicrobiana e diversidade genética entre isolados clínicos e ambientais de diversos biomas brasileiros”se reuniu para dialogar sobre o andamento do projeto, que visa estabelecer uma rede de monitoramento e detecção de padrões de resistência antimicrobiana (RAM) em agentes causais de doenças infecto-parasitárias, preservados em acervos de coleções de referência e em amostras ambientais de diversos biomas brasileiros, por meio de abordagem metagenômica e sequenciamento NGS, propondo o desenvolvimento de um painel de ampla acessibilidade, com aplicação de notificação da circulação de genes e espécies RAM nas macrorregiões brasileiras.

O ILMD faz parte do projeto, através das atividades, desenvolvidas especialmente do Laboratório Diversidade Microbiana da Amazônia (DMAIS). As ações do laboratório, se alinham com os objetivos de monitorar padrões de resistência antimicrobiana e diversidade genética em isolados clínicos e ambientais da Amazônia. A atuação do ILMD / Fiocruz Amazônia contribui diretamente para a pesquisa e o monitoramento desses padrões, que é o cerne do projeto. 

ILMD / Fiocruz Amazônia, por Eduardo Gomes

Fotos: Eduardo Gomes (ILMD / Fiocruz Amazônia)

Foto: Júlio Pedrosa (Última foto)