Fiocruz Amazônia apresenta desafios da estratégia de saúde em territórios líquidos por meio das UBS Fluviais no 14o Abrascão
BRASÍLIA (DF) – A Fiocruz Amazônia coordenou nesta terça-feira, no Auditório Solon Magalhães Vianna, a Mesa Redonda “UBS Fluviais na Amazônia: Cuidado ribeirinho, sustentabilidade e inovação nos territórios das águas”, no penúltimo dia de atividades do 14o Congresso Brasileiro de Saúde Coletiva (Abrascão), em Brasília. O evento teve como coordenador o pesquisador em Saúde Pública Rodrigo Tobias e como expositores a pesquisadora em Saúde Pública Michele Rocha El Kadri, da Fiocruz Amazônia, o professor Helder Costa Pinheiro, da Universidade Federal do Pará (UFPA), e a coordenadora geral de Acesso e Equidade da Secretaria de Atenção Primária à Saúde do Ministério da Saúde, Lilian Gonçalves.
A coordenação do evento entende que a atuação das Unidades Básicas de Saúde Fluviais (UBSF) configura-se como estratégia essencial para a garantia do direito à saúde em territórios de áreas remotas, sobretudo em uma região como a amazônica, marcada por distâncias medidas em horas de barco, sazonalidades do clima e das águas e diversidade sociocultural.
A mesa teve como objetivo aprofundar o diálogo entre governo, academia e sociedade civil acerca das UBSF como política pública estruturante para a equidade em saúde na região amazônica e sua dimensão continental. O encontro debateu experiências, desafios e inovações em torno das UBSF como estratégia de fortalecimento do cuidado em saúde na Amazônia após 10 anos desse novo arranjo na PNAB.
A mesa foi constituída por três apresentações. A primeira sobre o modelo de atenção das águas, refletindo sobre a atuação das equipes de saúde como estratégia de cuidado contínuo e territorializado, a partir de evidências empíricas e da experiência de campo. A segunda conduzida pela representante do Ministério da Saúde, que apresentou os avanços das políticas de Atenção Primária à Saúde em áreas rurais e ribeirinhas a partir da Política Nacional de Saúde Integral das Populações do Campo, da Floresta e das Águas (PNSIPCFA), com destaque para a nova estrutura de UBSF, mais eficiente e sustentável, bem como, a proposta de novos instrumentos que se alinhem às realidades da região.

A última apresentação trouxe um panorama do processo de trabalho das equipes de Saúde Bucal que atuam nas UBSF, discutindo os desafios e estratégias da odontologia em contexto fluvial, as estratégias de cuidado com os ribeirinhos e a construção de práticas integradas em saúde bucal.
“Esta mesa visa ampliar o debate sociopolítico e acadêmico sobre as UBSF como expressão concreta de um SUS equânime e integral que reinventa o acesso à saúde pelas margens dos rios, fortalecendo práticas de cuidado tradicionais, integradas, sustentáveis e culturalmente adequadas, para fins de se reestruturar as políticas públicas e transver o território e suas necessidades de saúde”, destaca o pesquisador Rodrigo Tobias.
O pesquisador destaca a potência das UBS Fluviais. “Elas têm capacidade de levar serviços básicos e especializados (odontologia, enfermagem, pré-natal, vacinação, pequenas urgências), com atuação multiprofissional e longitudinal, contribuindo para o fortalecimento da Atenção Primária à Saúde em regiões de difícil acesso, além de permitir ser utilizada como ferramenta de educação em saúde em formato intercultural”, explicou.
A Mesa Redonda é produto de TED do Ministério da saúde coordenado pela Fiocruz Amazônia sobre diagnóstico das UBS Fluviais na Amazônia e Pantanal.
ILMD/Fiocruz Amazônia
Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia



