Colaboradoras da Fiocruz Amazônia participam de palestra sobre prevenção ao câncer de mama

O aumento de casos de câncer de mama em mulheres com menos de 35 anos foi uma das pautas abordadas pelo médico mastologista Manoel Jesus Pinheiro, presidente da Liga Amazonense Contra o Câncer (LACC), durante evento alusivo ao mês de conscientização “Outubro Rosa”, realizado pelo Núcleo de Saúde do Trabalhador (NUST), em parceria com o Projeto Moetá – Comunicação e Divulgação Científica em Saúde, do Laboratório Instituto de Pesquisa Clínica Carlos Borborema (IPCCB), ambos do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD / Fiocruz Amazônia).

Na oportunidade, o médico proferiu a palestra “Conhecimento, Prevenção e Vida”. Entre diversos assuntos abordados, Jesus Pinheiro destacou a importância do autoexame para o diagnóstico precoce da doença, entretanto, frisou que o procedimento não substitui o exame realizado por um profissional de saúde treinado, bem como o exame de mamografia, uma radiologia das mamas, onde é possível visualizar pequenas alterações que permitem descobrir o câncer de mama em fase inicial.

Para Jesus, o conhecimento e a educação são ferramentas de extrema importância para o processo de descoberta da doença e tratamento. “A solicitação que fazemos para a sociedade, e os meios de comunicação, é que outubro rosa e novembro azul passem a acontecer o ano inteiro, com programas educativos e informativos, com a disponibilidade do serviço público para atender essas pessoas que depois dessas aulas, palestras e discussões, chamam a atenção para os sinais e começam a procurar. A sociedade, mas especialmente a família é responsável também por orientar os seus filhos e netos, para fazer os programas de prevenção, tomar sua vacinação, reconhecendo que o câncer existe e, compreendendo que a única forma de evitar mutilações, diminuir o custo dos tratamentos é através da educação, possibilitando o diagnóstico mais precoce possível”, explica.

O palestrante esclareceu dúvidas e pontuou aspectos e fatores de risco: ser mulher (99% dos casos de câncer de mama aparecem em mulheres); ter 50 anos ou mais aumenta o risco; ter tido o início da menstruação antes dos 12 anos; ter entrado na menopausa após os 55 anos; possuir histórico familiar de câncer; primeira gravidez após os 30 anos ou não ter filhos; ter feito radioterapia na região do tórax para tratamento de outro tipo de câncer durante a adolescência.

Durante a palestra, Manoel Jesus Pinheiro explicou que, dependendo do estilo de vida de cada pessoa, é possível diminuir os riscos de ter câncer de mama como: procurar manter o peso saudável; praticar exercícios físicos todos os dias ou sempre que conseguir; incluir frutas, verduras, grãos integrais e cereais em sua dieta; estimular a amamentação; cuidar da saúde física e emocional; evitar o consumo de álcool e cigarros, evitar o uso de hormônios na menopausa por mais de cinco anos; realizar o exame clínico das mamas e, os exames preventivos como a mamografia.

Para a coordenadora do Projeto Moetá, Rita Bacuri, além do trabalho de popularização feito juntamente ao público externo, é de suma relevância a realização destas atividades no âmbito institucional. “Eu acho importante que façamos essas ações aqui, pois a Fiocruz já faz fora. Nós temos projetos que fazem a popularização da ciência, levando informações para toda a sociedade, nas escolas, na comunidade, possibilitando um trabalho de prevenção. É importante que nos voltemos aqui para nossa casa, e façamos sempre essa conscientização com os nossos servidores e colaboradores que estão aqui todos os dias”, destaca.

A chefe do Serviço de Gestão do Trabalho e do Núcleo de Saúde do Trabalhador (Nust), Luciene Pereira de Araújo, avaliou o evento de forma positiva. “Acho muito importante realizarmos esse tipo de evento, trazendo especialistas para dentro da nossa instituição, oportunizando aos nossos trabalhadores o esclarecimento de dúvidas, acesso às informações com relação ao diagnóstico precoce do câncer, tanto para o homem como para a mulher”, disse.

RELATO DE CASO

Durante a palestra, a ativista Brenda Graziela Sousa de Oliveira, compartilhou com o público presente sua experiência, desde que foi diagnosticada com câncer de mama triplo negativo, em estágio avançado. “Em fevereiro de 2020, senti um nódulo no meu seio, voltando do trabalho. Sempre fazia acompanhamento, porque a minha mãe tinha tido câncer de mama nos dois seios. Assim, logo busquei uma clínica para fazer um ultrassom. O médico só quis me receitar uma medicação, achava que eu era muito jovem para me preocupar. Mesmo com o remédio, a dor não passou e, como não senti firmeza no profissional que havia me atendido, marquei com o mastologista da minha mãe. Fiz uma biopsia e deu inconclusivo. Com a macrobiópsia, fui diagnosticada com câncer de mama triplo negativo, em estágio avançado”, conta.

Em agosto de 2020, aos 24 anos de idade, Brenda fez 16 sessões de quimioterapia na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecon). Quando terminou o tratamento, no fim do ano, marcou a mastectomia para fevereiro de 2021. Porém, em janeiro, uma nova onda de internações levou o estado do Amazonas a um colapso do sistema de saúde e à falta de oxigênio. Por conta do alto risco à população, os hospitais de Manaus passaram a se dedicar exclusivamente aos pacientes infectados com Covid-19.

Brenda foi uma das 22 pacientes de Manaus de câncer de mama encaminhadas a outros estados. “Eu já não tinha mais nenhuma previsão de quando faria a mastectomia e eu precisava fazê-la até o dia 9 de fevereiro, se não precisaria refazer o ciclo de quimioterapia novamente”, narra.

Hoje, ela tem dado palestras sobre o cuidado e acompanhamento do câncer de mama, enfatizando em suas apresentações, que esta é uma doença que não tem idade.

RECONHEÇA OS SINAIS

Segundo o especialista, é importante estar alerta aos sinais, no intuito de realizar um diagnóstico precoce. Algumas dessas alterações estão relacionadas a descamação no mamilo, mudança de cor, secreção, mudança no tamanho, inversão do mamilo, caroços, mudança no formato e vermelhidão. Mulheres que possuem histórico pessoal ou familiar de câncer de mama ou ovário, devem realizar os exames clínicos e de mamografia uma vez por ano.

SOBRE A LACC

Uma das ONGs mais antigas do Amazonas, a Liga Amazonense Contra o Câncer (LACC), ajuda as pessoas que estão em tratamento contra o câncer na Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (FCecon), em Manaus. A Liga atua na entrega de alimentos, transporte, roupas, perucas e atendimento psicológico.

ILMD / Fiocruz Amazônia, por Eduardo Gomes
Fotos: Eduardo Gomes