Fiocruz Amazônia promove seminário para planejar e discutir futuro das pesquisas em saúde e políticas públicas na Amazônia

O Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), promoveu nos dias 28 e 29/8, o seminário “Pensando o passado, planejamento o futuro”. O evento, que é parte das comemorações dos 10 anos do Laboratório, contou com participação de pesquisadores, servidores, visitantes, colaboradores, alunos e bolsistas, visando integrar ações e pessoas que fazem o LAHPSA, compartilhando visão dos pesquisadores, história e áreas de atuação.

Na ocasião, a diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, destacou a relevância do evento e parabenizou a iniciativa dos pesquisadores, na proposta de refletir sobre a trajetória do laboratório e, pensar perspectivas futuras sobre as políticas públicas de saúde na Amazônia. “Esse tipo de atividade que o LAHPSA, nesses dois dias, está se propondo a fazer, é extremamente salutar. Esse seminário é importante pois os pesquisadores estão fazendo uma reflexão para entender os processos que trouxeram o LAHPSA até esse momento atual, produzindo conhecimento científico. O desafio maior que vejo, é pensar o futuro”, disse.

A coordenadora do LAHPSA, Michele El Kadri, explicou que o seminário foi também uma oportunidade de lembrar grande nomes que já contribuíram para a produção do conhecimento científico gerado pelo grupo, com foco na formação de profissionais e trabalhadores que atuam na área da saúde coletiva. “Nesse momento, de relembrarmos um pouco do passado, avaliamos que nos primeiros cinco anos do laboratório, tínhamos uma perspectiva de trabalho muito coesa e, inevitavelmente a gente lembrou do nosso querido pesquisador, Antônio Levino, pela leveza e seriedade com que ele fazia o seu trabalho. A gente também avaliou que os últimos cinco anos, em especial por conta da pandemia, acabamos nos afastando, perdendo um pouco essa coesão, que foi característica dos primeiros anos. Esse seminário trouxe um pouco dessa tentativa de resgatar, de integrar e fazer com que os próprios pesquisadores pudessem conhecer o que cada um faz, quais são as perspectivas para os próximos anos, seus objetos de trabalho”, pontua.

Nos 10 anos de existência, o grupo tem vasta produção de pesquisas, disseminação científica, formação de trabalhadores e pesquisadores e assessoramento aos sistemas locais de saúde, às organizações dos povos tradicionais e ribeirinhos e demais movimentos sociais, assim como colaborações internacionais em diversas áreas. O LAHPSA atua também no apoio aos sistemas locais de saúde e aos movimentos sociais, sobretudo os povos tradicionais da Amazônia.

O seminário contou com a presença de estudantes, pesquisadores e profissionais de saúde que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS). A programação do evento contou com a participação de Stefanie Lopes, vice-diretora de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia e, apresentações de Fabiane Vinente, Rodrigo Tobias, Michele El Kadri, Julio Schweickardt, Sônia Lemos, Alcindo Ferla, e Ângela Arruda, pesquisadores que contribuem com a construção do conhecimento gerado pelo laboratório.

“Tivemos a participação de alunos de iniciação científica, de alunos de mestrado, de alunos de doutorado, pesquisadores seniores que são ligados ao LAHPSA, com o objetivo de reforçar o que é a missão do grupo, que é ser um laboratório de pesquisa, de referência na saúde coletiva, em três grandes áreas; na formação de profissionais e trabalhadores para o SUS; O apoio à gestão do SUS; desenvolvimento da pesquisa”, destaca El Kadri.

Para o pesquisador Rodrigo Tobias, os próximos anos devem ser de importantes reflexões sobre a construção de políticas públicas que acompanhem o tempo e as mudanças da sociedade. “A implicação do evento causa em nós sempre uma vontade de refletir os nossos passos e sobretudo, vislumbrar novas metas, acompanhando as mudanças da sociedade, entendendo a pesquisa como esse vetor de análise, para repensar políticas públicas de acordo com o tempo. Então, nos próximos anos, nós entendemos essa potencialidade de estar fazendo produções científicas que embasem políticas públicas, mas sobretudo, que intervenham a favor da sociedade e a melhoria da qualidade de vida das pessoas”, enfatiza.

Pesquisador do LAHPSA e ex-coordenador do Laboratório, Julio Cesar Schweickardt, avaliou a trajetória trilhada pelo grupo de pesquisa e, ponderou alguns dos desafios a serem enfrentados. “Foi muito simbólico a gente comemorar 10 anos do laboratório. O LAHPSA teve vários nascimentos, pois tivemos altos e baixos, mudanças, tivemos momentos que estávamos com poucas pessoas e depois crescemos, até nos tornamos um laboratório de referência para as políticas públicas. Então, hoje podemos dizer que o LAHPSA tem uma produção expressiva, principalmente em temas da Amazônia. Somos convidados pelo Ministério da Saúde para desenvolver atividades, as Secretarias Municipais também nos reconhecem como tendo expertise sobre a saúde ribeirinha, saúde indígena. Temos desafios ainda, como dar mais publicidade, divulgar mais essas ações, tanto para dentro da Fiocruz, como para fora. Entendemos também que precisamos ampliar nossa visibilidade internacional, mas compreendemos que estamos no caminho certo”, avalia Schweickardt.

SOBRE O LAHPSA

O LAHPSA tem como missão ser referência em pesquisa na área da saúde coletiva, atuando no tripé: desenvolvimento da pesquisa; formação de pesquisadores, profissionais e gestores de saúde; divulgação científica em saúde. Seus colaboradores buscam atuar como sujeitos políticos nos espaços de debate das Políticas Públicas de Saúde e de Ciência, Tecnologia e Inovação na Amazônia.

O grupo de pesquisa tem como objetivo discutir, refletir, produzir conhecimento interdisciplinar acerca da saúde coletiva, inserido no cenário amazônico. Os estudos e ações buscam contribuir com as instituições e a sociedade na construção de referenciais científicos que influenciam direta e indiretamente na qualidade de vida e da saúde das populações da região amazônica.

Entre os trabalhos publicados pelo LAHPSA, estão: “Produção do Trabalho e o Programa Mais Médico no Estado do Amazonas – Estudo Avaliativo da gestão do trabalho em saúde na atenção básica: o caso do Programa Mais Médicos no Estado do Amazonas”; “Análise do Programa Mais Médicos no cenário da saúde indígena: estudo de caso no Distrito Sanitário Especial Indígena – DSEI Alto Solimões/AM” , “Análise do Programa Mais Médicos: estudo de caso na tríplice fronteira na Amazônia: Brasil, Peru e Colômbia” (2017); “Cenários da Atenção Básica na Amazônia: política, saúde ribeirinha e fluvial, educação permanente e produção do cuidado”; “História da Saúde e das Políticas Públicas de Saúde a Amazônia”; “Redes vivas e práticas populares de saúde: conhecimento tradicional das parteiras e a educação permanente em saúde para o fortalecimento da rede de atenção à saúde da mulher no Estado do Amazonas”, “Territórios, redes vivas e práticas de saúde na Amazônia” e “Bem Viver: saúde mental indígena”.

ILMD / Fiocruz Amazônia, por Eduardo Gomes
Fotos: Ingrid Anne, ILMD/ Fiocruz Amazônia