Ministra da Saúde exalta papel dos cientistas homenageados com a Ordem Nacional do Mérito Científico pela luta em favor das instituições democráticas e da pesquisa
A ministra da Saúde, Nisia Trindade, abriu sua palestra na 75ª Reunião da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC), na Universidade Federal do Paraná, em Curitiba (PR), na última terça-feira, 25/07, exaltando o empenho e dedicação à Ciência dos pesquisadores em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken e Marcus Vinícius Guimarães Lacerda, agraciados recentemente pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva com a Medalha da Ordem Nacional do Mérito Científico, depois de terem o direito a condecoração sonegado em 2021 pelo governo anterior. A ministra fez a referência aos cientistas citando-os como exemplos da luta e do desrespeito sofridos pelas instituições de ensino e pesquisa no País ao longo dos últimos quatro anos. “Marcus Lacerda foi perseguido pelo estudo que comprovou a ineficácia da Cloroquina como medicamento para Covid-19 e Adele Benzaken, pelo trabalho histórico na pesquisa em saúde pública, relacionada às IST/HIV/Aids, e uma cartilha voltada para o público LGBTQIA+”, lembrou a ministra.
“Gostaria, com essa foto, lembrar os pesquisadores Marcus Lacerda e Adele Benzaken. O sentimento da foto é afetivo, porque são colegas, mas também de alegria pela reparação histórica. O fato é que a pesquisa científica no Brasil foi alvo de ataques durante quatro anos. A democracia e o respeito às instituições democráticas e de pesquisa deve ser fortalecido e para isso precisamos construir agendas com bases no diálogo e no consenso”, afirmou, ressaltando o momento deliciado vivido atualmente no Brasil e observado pelo médico infectologista Marcus Lacerda, em bilhete à ministra. Adele Benzaken, médica sanitarista, chefiou o Departamento de IST/HIV/Aids do Ministério da Saúde, durante cinco anos, sendo exonerada do cargo em 2019, em função da publicação que tratava sobre prevenção para homens trans.
“Por hora estamos livres do pesadelo, me escreveu o Marcus Lacerda. De fato, em muitos momentos, tivemos a sensação de viver uma completa distopia, mas não nos libertamos dessas ameaças. Essa é uma reflexão importante a ser feita, uma vez que a nossa sociedade continua sendo muitas vezes polarizada por ideias que são contrárias ao pensamento dominante pelo menos entre nós, de afirmação a democracia e da ciência não como verdade absoluta, mas como algo que precisa de uma construção baseada em métodos e evidências”, salientou Nísia.
E continuou: “De fato, há muito o que se fazer para consolidar uma visão democrática da sociedade apesar do nosso bordão, “A Ciência Voltou”, mas temos que estar abertos à sociedade para incluir novas vozes para entendermos e efetivarmos um processo de conquista e de luta política. Nós, da academia, temos que ter a noção de quão importante pode ser o nosso papel. Não faremos isso sozinhos”, finalizou, sendo bastante aplaudida.