Fiocruz Amazônia lança projeto que visa formar agentes populares de saúde no interior do Amazonas

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em parceria com organizações da sociedade civil e a Universidade do Estado do Amazonas (UEA), lança no próximo dia 6/03, em Manaus, o Projeto Agentes Populares de Saúde – Solidariedade para Combater a Covid-19 e a Fome em municípios do interior do Amazonas. O projeto tem como objetivo ampliar a capacidade de resposta às doenças e agravos, a partir das experiências e da repercussão decorrente da pandemia da Covid-19, levando lideranças comunitárias, grupos religiosos e moradores locais a participar do processo de disseminação de valores, conceitos e práticas emancipatórias da solidariedade ativa, controle social e defesa dos direitos fundamentais dos cidadãos, como saúde, alimentação e segurança. O projeto iniciará pelos municípios de Manaus, Fonte Boa, Jutaí e Uarini e é viabilizado por meio de emenda parlamentar do deputado José Ricardo.

“O público preferencial são pessoas que exerçam um papel social na comunidade, como líderes comunitários, de organizações da sociedade civil ou religiosas”, explica o pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Marcílio Medeiros, coordenador do projeto. Serão oferecidos cursos de formação, com carga horária de 45 horas/aula, compostos por três módulos temáticos – Vacinação, Insegurança Alimentar e Violência Doméstica, com parte presencial e dispersiva. Ele explica que, para participar, o interessado deve ser maior de idade, pertencer ao território em questão e encaminhar proposta de adesão, por escrito, à coordenação do projeto, através do email marcilio.medeiros@fiocruz.br . “É importante que o participante seja alfabetizado e esteja disposto a construir uma rede de solidariedade ativa em defesa do bem-estar das populações”, afirma Medeiros.

À medida em que forem sendo formadas turmas de agentes populares de saúde, outros municípios poderão ser incorporados ao projeto, bem como poderá ser feita a inserção de outras doenças e agravos, que apresentaram recrudescimento no contexto da pandemia. A intenção do projeto é formar até 100 agentes populares de saúde nessa primeira etapa. “As atividades compreenderão o enfrentamento da baixa cobertura vacinal, com ações voltadas sobretudo para os indivíduos não vacinados contra as quatro doses da vacina contra a Covid-19 e as famílias em situação de insegurança alimentar”. A execução do projeto compreendeu a elaboração de material didático em formato impresso e digital, caderno de cadastro e acompanhamento das famílias, e, ao final, a realização de oficina participativa de avaliação da situação da saúde da comunidade.

Os interessados deverão participar da íntegra da formação (45 horas/aula) e da oficina de avaliação, apresentando documento síntese de encaminhamento das situações deficitárias para as atividades municipais. Haverá certificação de todos os participantes, bem como entrega dos kits composto por uniforme (boné e camisa), material didático, caderno de anotações no formato impresso e em vídeo (DVD ou pendrive).

O registro e o fluxo dos dados dos casos de pessoas ou famílias não vacinadas contra a Covid-19 ou não outras vacinas por outras doses do calendário do Programa Nacional de Imunização, assim como em situação de insegurança alimentar (fome), serão documentados no Caderno de Cadastro e de Acompanhamento das Famílias em formato impresso (cartilha) e/ou digital (Aplicativo para Smartphone) Posteriormente, após consolidação dos dados pelos coordenadores do projeto, substanciadas pelos relatos qualitativos dos Agentes Populares de Saúde das situações registradas, serão encaminhadas para a Secretaria de Saúde e para a Secretaria de Ação Social dos municípios. Ambas as Secretarias agendarão visitas domiciliares e busca ativa nos territórios para as intervenções e ações necessárias.