Escolas da rede estadual recebem equipe da Fiocruz Amazônia e da Obsma
A Escola Estadual de Tempo Integral Lecita Fonseca Ramos, no bairro Monte das Oliveiras, zona Norte de Manaus, foi a primeira unidade da rede pública estadual de ensino do Amazonas a receber a equipe da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente e do Programa Mulheres e Meninas na Ciência, da Fiocruz, juntamente com a equipe olímpica do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), para o primeiro dia de atividades de divulgação da 11ª edição da Obsma e do Prêmio Menina Hoje Cientista Amanhã, iniciativas que visam despertar nos alunos o gosto pela pesquisa científica.
Promovidos pela Vice-presidência de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz, a Obsma e o Programa Meninas e Mulheres fazem parte da programação da oficina “Alunos em Ação: Educação, Saúde e Meio Ambiente”, que acontecerá até a próxima quarta-feira, 15/06, em mais duas escolas: o Instituto de Educação do Estado do Amazonas (IEA) e na Escola Estadual de Tempo Integral Djalma Batista. Na Lecita Ramos, um conjunto de atividades movimentou os alunos e professores nesta segunda-feira, com rodas de conversas, contação de histórias, palestras, a arte do grafite e a entrega do painel que certifica a unidade de ensino como escola olímpica. Este ano, o Prêmio Menina Hoje Cientista Amanhã vai homenagear a cientista paraense Maria Deane.
A programação foi pensada com a finalidade de inspirar futuros e futuras cientistas. Os alunos do Lecita tiveram a oportunidade de ouvir e trocar ideias com pesquisadoras sêniores da Fiocruz, a exemplo de Ana Jansen, que falou sobre sua trajetória de mais de 40 anos dedicados à Ciência e da sua relação como aluna e amiga da parasitologista paraense Maria Deane. Eles puderam conversar também com a cientista Yara Traub, chefe do Laboratório de Biologia Molecular de Tripanosomatídeos e Flebótomos, e a coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz, Cristina Araripe, autora do Dossiê Temático: Mulheres e Menina na Ciência. “Estar aqui hoje é o que de melhor poderia nos acontecer depois desse longo período de pandemia em que não conseguimos estar nas escolas junto aos alunos e professores”, ressaltou Araripe. Segundo ela, que é coordenadora geral da Obsma, o momento atual é de retomada desse eixo do programa cujo foco principal é a formação de professores e o incentivo aos estudantes para que se interessem e sonhem com uma carreira científica.
“Esse reencontro com as escolas nos traz a razão de ser do projeto da Olimpíada, que se transformou hoje num programa consolidado dentro da Fiocruz”, afirmou Cristina Araripe. “Começar por Manaus tem um sentido ainda mais especial por conta da importância da Amazônia para o Mundo. A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) foi criada há 20 anos, contando com uma trajetória que é motivo de orgulho para a Fiocruz na relação com as escolas da educação básica do país”, reforçou. Ao longo de duas décadas, a Obsma já soma 3.620 escolas participantes e 3.210 municípios brasileiros envolvidos. “Temos um desafio grande pela frente, com a proximidade do término das inscrições, no próximo dia 8/07. Quem sabe se desses encontros que teremos hoje, amanhã e depois, aqui em Manaus, vamos ter trabalhos inscritos e premiados entre os destaques nacionais?”, sugeriu Cristina.
O interesse dos alunos pelos relatos chamou a atenção das cientistas. “Estou impressionada com a escola e os meninos supercomunicativos”, comentou Ana Jansen, que respondeu a diversas perguntas relacionadas às experiências no trabalho de campo como pesquisadora de saúde pública. “Todo ambiente da escola é muito interessante, foi uma surpresa agradável porque não é o padrão de escola secundária que encontramos na maioria do país. Fico feliz”, afirmou ela.
Além das palestras, os alunos puderam acompanhar a contação de histórias feita pela Companhia de Teatro Vitória Régia, tendo como protagonistas o sauim-de-coleira, símbolo da cidade de Manaus, a figura folclórica lendária do Mapinguari e o Bicho Folharal. “A ideia da oficina é a de ocupar os espaços da escola com atividades e poder contar com a interação dos alunos”, explica a coordenadora regional da Obsma, Rita Bacuri, pesquisadora da Fiocruz Amazônia. Ao final de cada dia da programação, é feita a entrega do painel olímpico, pintados pela artista do grafite Deborah Erê, com a participação dos alunos.
Satisfeito com a oficina, o professor de Biologia Elias Valente, 33 anos, decidiu inscrever um de seus projetos na 11ª edição da Obsma. “Procuramos incentivar práticas sustentáveis e uma delas é a do consumo de plantas alimentícias não convencionais, as chamadas Pancs, que nos ajudam a disseminar conceitos sobre agrofloresta, sustentabilidade alimentar e conservação ambiental”, explicou ele, que pela primeira vez participará da Obsma Desde 2020, o projeto Cozinhando Panc na Escola produz 16 espécies de Pancs, das quais 12 são consumidas no próprio refeitório da unidade de ensino.
Na programação desta terça-feira, a Oficina Alunos em Ação: Educação, Saúde e Meio Ambiente” acontece no IEA, no Centro. Na quarta-feira, 15/06, a palestra será do pesquisador Marcos Barros, na Escola de Tempo Integral Bilíngue Djalma Batista. Marcus foi o primeiro diretor da Fiocruz Amazônia, ex-diretor do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), ex-reitor da Universidade Federal do Amazonas (Ufam) e ex-presidente nacional do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
DOSSIÊ
Nesta terça-feira, na sede da Fiocruz Amazônia, a coordenadora de Divulgação Científica da Fiocruz, Cristina Araripe, fará o lançamento simbólico do livro Dossiê Mulheres e Meninas na Ciência. O livro é um conjunto de experiências de mulheres cientistas da Fiocruz no Brasil, grande parte dessas experiências voltada para inspirar escolas e alunas. “Nossas colegas mulheres cientistas da Fiocruz têm uma sensibilidade muito grande e sabem o quanto é importante e desafiador falar com as jovens, que elas podem sim seguir carreira científica e que pra isso é imprescindível que haja políticas públicas de incentivo”, explica Cristina Araripe. Segundo ela, essa tem sido uma preocupação da atual gestão da presidente Nísia Trindade Lima, em todo o território nacional.
“É preciso continuar sensibilizando, especialmente nos municípios e junto às secretarias estaduais de Educação, que as meninas tenham a oportunidade de conhecer a trajetória de mulheres cientistas. Aqui em Manaus estamos falando acerca da Maria Deane, mas poderíamos citar tantas outras mulheres cientistas que foram importantes para a Fiocruz ao longo desses 122 anos de história da instituição e o dossiê também tem um pouco desse encontro de gerações de mulheres que já foram importantes num momento em que se falava pouco de mulheres na Ciência”, salientou a autora.
Hoje a realidade da instituição é de maioria dos profissionais mulheres, em todos os níveis. “Porém, ainda se observa que no topo da carreira, nos cargos de liderança a realidade é outra, mas aqui em Manaus a Fiocruz Amazônia tem uma particularidade que é pela primeira vez ter uma mulher como diretora, uma médica, o que nos deixa muto feliz de estar lançando aqui o dossiê junto com a Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente. Lugar de mulher é onde ela quiser e se ela quiser ser cientista a gente está aqui para apoiar no que for possível”, finalizou.