Dia da Visibilidade Trans é marcado pelo lançamento de vídeos de prevenção apresentados pelas mulheres trans e travestis
O lançamento dos vídeos do projeto TransOdara – “Estudo de prevalência da sífilis e outras ISTs entre travestis e mulheres transexuais no Brasil: cuidado e prevenção, marcou a realização do “Encontro Amazonense de Visibilidade Trans – Direito e Respeito: Uma questão de saúde”, em alusão ao Dia Nacional da Visibilidade Trans, comemorado no sábado, 29/01.
O evento, realizado na última sexta-feira, 28, por via remota, transmitido do auditório Canoas, do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/ Fiocruz Amazônia), foi mediado pela médica sanitarista, Adele Benzaken, diretora do ILMD/ Fiocruz Amazônia.
“O ILMD/ Fiocruz Amazônia não poderia deixar de registrar esse dia, por sua importância quanto a questão do reconhecimento dos direitos humanos das pessoas Trans e, lutar contra atitudes sociais discriminatórias e leis punitivas, além de dar melhor acesso às pessoas trans, aos serviços de saúde”, destacou Adele Benzaken.
A série de cinco vídeos do projeto TransOdara – “Estudo de prevalência da sífilis e outras ISTs entre travestis e mulheres transexuais no Brasil: cuidado e prevenção, marcou o encerramento do projeto, que realizou ações de testagem, diagnóstico e tratamento para um universo de 340 mulheres trans de Manaus. Protagonizados por Maya Alvarenga, Victoria Almeida, Joyce Gomes, Vallery Souza e Jade Saraiva, os vídeos trazem mensagens educativas sobre Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs) e o HIV.
“Sempre trabalhei em projetos sociais, ajudando na divulgação de políticas públicas para pessoas trans e travestis, dentro da minha própria comunidade. O TransOdara foi um deles, onde tive a honra de ter participado como entrevistadora”, relatou a ativista, Maya Alvarenga.
Assista aos vídeos em nosso canal:
Projeto TransOdara – Previna-se contra o HIV
Projeto TransOdara – Terapia hormonal só com médico
Projeto TransOdara – Prevenção é fundamental
Projeto TransOdara – Viver bem sem sífilis
Projeto TransOdara – Se proteger é muito melhor
O projeto visa construir uma rede de pesquisa, para verificar a prevalência de sífilis e de outras ISTs, além de compreender os significados atribuídos a essas doenças em travestis e mulheres trans. Trata-se de um estudo transversal com abordagem quantitativa e qualitativa, realizado entre os anos de 2019 e 2021, nas capitais das cinco macrorregiões do Brasil: São Paulo (SP – região Sudeste), Campo Grande (MS – região Centro-Oeste), Manaus (AM – região Norte), Porto Alegre (RS – região Sul) e Salvador (BA – região Nordeste).
Conforme a pesquisadora Rita Bacuri, que coordenou a pesquisa em Manaus, a realização do projeto só foi possível devido ao apoio solidário das instituições locais e o empenho da equipe executiva formada por diferentes profissionais da saúde. Também agradeceu com ênfase a participação das mulheres trans e das travestis: “sem elas nada teria acontecido. A coragem e o compromisso dessas pessoas fizeram toda a diferença em plena pandemia,” disse Bacuri.
Em Manaus, o TransOdara foi realizado no ambulatório de Diversidade Sexual da unidade de saúde Policlínica Codajás, localizada no bairro Cachoeirinha, zona Sul, e ultrapassou a meta inicial de atendimento. Foram oferecidos os serviços de consulta médica, exames ginecológicos, ultrassonografia, mamografia, exames laboratoriais, vacinas e testagem para o vírus HIV e outras ISTs, todos de maneira gratuita.
VIOLÊNCIA
Presente ao evento, a presidente da Associação de Travestis Transexuais e Transgêneros do Amazonas (Assotram), Mirna Lysa Campos, avaliou a importância de reflexões acerca da realidade de violência vivida pela população trans.
“Nesse momento em que a gente está vivendo o dia da Visibilidade Trans, não temos nada para festejar, pois continuamos sendo pessoas vulneráveis, continuamos sendo violentadas pela sociedade e, ainda somos vistas como pessoas marginalizadas, que estão prejudicando a família tradicional brasileira. Estamos cansadas de saber, que o Brasil é o país que mais mata travestis e transexuais no mundo”.
Estiveram presentes virtualmente a subsecretária municipal de Políticas Afirmativas para as Mulheres e Direitos Humanos da Secretaria Municipal da Mulher, Assistência Social e Cidadania (Semasc), Graça Prola; o defensor público, Roger Moreira de Queiroz; a vice-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil, seccional Amazonas (OAB-AM), Aldenize Magalhães Aufiero; e a deputada estadual, Joana Darc.
DA INVISIBILIDADE AO PROTAGONISMO
A programação do encontro contou com as palestras “Vida familiar, social e profissional de uma pessoa trans: da invisibilidade ao protagonismo”, ministrada por Jacqueline Côrtes, ativista em vários movimentos sociais Aids e LGBTQIA+ ; “PrEP: caminhos, desafios e estimativas”, que teve como convidada, Biancka Fernandes, pesquisadora no Instituto Nacional de Infectologia (INI-Fiocruz), e que também atua no Comitê de Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fiocruz, trabalhando com pesquisa clínica, informações e prevenção ao HIV-Aids.
“A gente está falando em visibilidade trans. Uma das formas de contribuir, para além de todas que já foram citadas, é visibilizar o compromisso com essas questões politicamente, socialmente, culturalmente, institucionalmente, na esfera familiar, ou seja, institucionalizar o seu compromisso individual”, enfatizou Jacqueline.
ASSISTA NA ÍNTEGRA
O Encontro contou com o apoio do Comitê de Pró-Equidade de Gênero e Raça da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A íntegra do evento e os vídeos do TransOdara, podem ser assistidos pelo canal da Associação dos Servidores da Fundação Oswaldo Cruz – Sindicato Nacional (Asfoc-SN), no YouTube, e no site e nas redes sociais do ILMD-Fiocruz Amazônia.