Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA) participa da Romaria das Águas no Dia Mundial da Água em Manaus 

A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), da Fiocruz, marcou presença na manhã desta sexta-feira, 22/03, Dia Mundial da Água, na Romaria das Águas, organizada pelo Coletivo Fórum das Águas e Movimento SOS Encontro das Águas, em Manaus. O evento reúne representantes de diversas instituições e entidades da sociedade civil, irmanadas no objetivo de proteger os mananciais hídricos da Amazônia, que já sofrem com os impactos da crise climática mundial e merecem atenção urgente do Poder Público, mais preocupado hoje em dia em mercantilizar os recursos hídricos, conforme denunciam os ativistas. A importância das bacias amazônicas é um dos temas que podem ser trabalhados em projetos de alunos e professores inscritos na 12a edição da OBSMA, que acontece este ano.

De acordo com a Coordenadora Regional Norte da OBSMA, Rita Bacuri, os professores e alunos da Educação Básica, Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos estão convidados a se unirem na luta em defesa da água e participarem da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente da Fiocruz, que está com inscrições abertas até o próximo mês de junho. “Proteger a água é defender a vida. A participação da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente num dia de luta como o de hoje, 22 de março, quando marcamos a luta em defesa da água, para nós é um momento de reflexão e reafirmação do nosso compromisso com essa luta que cada vez fica mais urgente e cara para todos nós”, afirmou Bacuri, que é pesquisadora social da Fiocruz Amazônia.

Essa foi a primeira edição da Romaria das Águas, com uma procissão fluvial reunindo embarcações levando faixas e cartazes de apoio à causa da proteção das águas. O cortejo seguiu até o Encontro das Águas, a cerca de 10 minutos do Porto da Ceasa, onde aconteceu um ato ecumênico. Segundo Rita Bacuri, a romaria é um grito de alerta para que todos despertemos para essa questão. “Água é vida, água é saúde”, ressaltou a pesquisadora social, reforçando tratar-se de tema importante para ser trabalhado dentro da OBSMA pelos professores que desenvolvem trabalhos em salas de aula junto com os seus alunos.

“Professores do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental até o Ensino Médio, e professores do EJA participem da OBSMA e vamos juntos despertar na garotada a vocação científica”, conclama Rita, lembrando que a inscrição dos trabalhos é gratuita e realizada pelos professores por meio do preenchimento do formulário eletrônico disponível no site oficial da OBSMA (https://olimpiada.fiocruz.br/regulamento-2023/). Os interessados em obter mais informações podem consultar o regulamento da 12ª edição da Olimpíada, também disponível na página oficial.

As inscrições para participar da 12ª edição da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente poderão ser feitas até o dia 30 de junho de 2024. “Professores, alunos e alunas, que desenvolvem projetos tanto na área de ciência, quanto produções audiovisuais e, também, produção de texto, com a temática relacionada à saúde e meio ambiente, podem se inscrever”, reforça Rita.

SOBRE A OBSMA

A Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma) é um projeto educativo bienal promovido pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) para estimular o desenvolvimento de atividades interdisciplinares nas escolas públicas e privadas de todo o país. Dentre os principais objetivos estão o reconhecimento do trabalho desenvolvido por professores e alunos nas escolas e a cooperação com a divulgação de ações governamentais criadas em prol da educação, da saúde e do meio ambiente.

A Olimpíada é voltada aos alunos do 6º ao 9º ano do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, de escolas públicas e privadas do Brasil, reconhecidas pelo Ministério da Educação (MEC) e visa fortalecer nos jovens estudantes o desejo de aprender, conhecer, pesquisar e investigar. Criada em 2001, a Obsma incentiva a realização de trabalhos que contribuam para a melhoria das condições ambientais e de saúde no Brasil, além de possibilitar que o conhecimento científico se torne próximo do cotidiano escolar e que as atividades pedagógicas de professores e escolas ganhem visibilidade.

POLUIÇÃO

Um dos objetivos da Romaria das Águas é evidenciar a necessidade de políticas públicas voltadas à preservação dos mananciais hídricos da cidade. Uma carta aberta lida durante o ato no Porto da Ceasa pelo padre Sandoval Rocha, coordenador do Coletivo Fórum das Águas, enfatizou que os rios e igarapés de Manaus sofrem os impactos da poluição e falta de saneamento. Presente à Romaria, a bióloga Luciete Almeida, chefe do Núcleo de Bacteriologia do Laboratório Diversidade Microbiana da Amazônia com Importância para a Saúde (DMAIS), da Fiocruz Amazônia, confirmou que a maioria dos mananciais apresenta um alto índice de coliformes fecais, coliformes totais e metal pesado. Segundo ela, já foram realizadas coletas de amostras de água de diversos pontos, incluindo o Encontro das Águas, que constataram a contaminação.

De acordo com a bióloga, a situação dos mananciais no interior do Estado é ainda mais grave, com comunidades ribeirinhas fazendo uso doméstico de água contaminada, retirada dos rios ou de poços sem manutenção. Luciete, que coordenou o Projeto de Educação Ambiental em Comunidades Rurais do Estado do Amazonas: Uma proposta de pesquisa-ação para o monitoramento da qualidade da água”, conta que percorreu comunidades rurais de 12 municípios amazonenses, fazendo coletas para análises fisicoquímicas e microbiológicas de amostras de água de rios e poços, e, em paralelo, realizando oficinas para os moradores sobre a importância do consumo da água potável, os impactos da contaminação hídrica, o monitoramento da qualidade da água, formas corretas de armazenamento e tratamento para o consumo humano. “O resultado das análises foram encaminhadas às autoridades de saúde do município para a tomada de providências cabíveis”, enfatizou Luciete, adiantando que as atividades do projeto continuarão este ano em novos municípios amazonenses.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Júlio Pedrosa