Fiocruz Amazônia defende investimentos em pesquisa e produção local para garantir acesso a medicamentos

Durante audiência pública promovida na última sexta-feira, 19/05, na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (ALE-AM), a diretora da Fiocruz Amazônia, Adele Schwartz Benzaken, defendeu uma política pública de incentivo à pesquisa e produção local de biofármacos como um dos caminhos para se garantir o acesso universal a medicamentos e a autosuficiência na produção de fármacos, no caso da Amazônia, a partir da biodiversidade da região, fonte infinita de princípios ativos capazes de permitir a expansão da indústria no País. A audiência pública, promovida pelo Conselho Regional de Farmácia do Estado do Amazonas, contou com a presença de autoridades da área de ciência, tecnologia e assistência farmacêutica vindas de outros Estados, a exemplo do pesquisador Jorge Costa, assessor da Vice-Presidência de Produção e Inovação em Saúde, da Fiocruz, um dos organizadores do livro Desafios do Acesso a Medicamentos no Brasil, viabilizado pela Iniciativa Brasil Amanhã da Fiocruz.

De acordo com Adele Benzaken, a realização de audiências públicas cumpre uma etapa importante para a formulação de propostas que possam embasar a elaboração de políticas públicas para o setor farmacêutico no Brasil. “Além de ensino, a Fiocruz Amazônia é uma unidade de desenvolvimento de pesquisas na Amazônia. Importante lembrar que nós estamos hoje sob o olhar global, a Amazônia hoje é tema do Mundo para o Mundo. Daí considero muito importante termos a oportunidade de discussão em nível estadual, numa audiência como essa, sobre a situação da pesquisa na Amazônia, e sobre os desafios do acesso a medicamentos no Brasil, mais especificamente aqui na Amazônia, onde temos muitas especificidades que tornam a região ainda mais desafiante para o Sistema Único de Saúde brasileiro”, afirmou.

A médica sanitarista salientou também as dificuldades logísticas enfrentadas na Amazônia na questão do acesso a medicamentos pela população. “O Brasil ainda desconhece a logística para que o medicamento chegue nas unidades do interior do Amazonas. O Brasil desconhece o valor que tem que ser pago para essa logística de distribuição de medicamentos e também de vacinas para o interior do Estado do Amazonas e regiões mais longínquas que temos que fazer esse tipo de cobertura. É esse tipo de discussão que é importante que se contextualize em nossa região”, destacou Benzaken, lembrando que o Brasil vive atualmente um momento de reconstrução das políticas públicas, e a Amazônia tem que ser fazer presente nas discussões pertinentes a esse processo.

O resgate da cidadania foi outro ponto abordado pela diretora da Fiocruz Amazônia. “Reconstruir a cidadania é também responsabilidade sociopolítica e econômica. Sem cidadania não temos como assegurar uma vida saudável e promover o bem-estar para todos, em todas as idades, como preconiza o objetivo 3 dos ODS”. A médica destacou também a questão da invisibilidade das populações vulnerabilizadas da região. “Estamos aqui, nessa casa legislativa para construir esse processo e tentar reduzir o risco de doenças, garantir o acesso a medicamentos e o apoio à ciência e à pesquisa”, lembrou. “Precisamos avançar na produção de medicamentos por via biotecnológica, sobretudo porque estamos na Amazônia, tão rica em biodiversidade. A questão é complexa e envolve interesses diversos, alguns privados e poderosos, e configuram um grande desafio para o Brasil, mas também é uma alternativa para a saúde pública brasileira”.

Por fim, a médica sanitarista congratulou as instituições envolvidas com a questão. “Parabenizo a Fiocruz, a OPAS, o Conselho Nacional de Saúde, Instituto Escola Nacional de Farmacêuticos e Federação Nacional dos Farmacêuticos por terem-se dado as mãos para edificiar essas bases, através do Projetos Integra e Brasil Saúde Amanhã, com atividades e seminários voltados ao fortalecimento e à integração das políticas de saúde”, finalizou.