‘Mulheres que Brilham na Ciência’ apresenta a entrevista com Adele Benzaken
A Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) inicia a série de entrevistas “Mulheres que Brilham na Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas”, com as pesquisadoras homenageadas por suas trajetórias profissionais no campo da gestão de instituições de ensino e pesquisa e por suas contribuições para a pesquisa científica, tecnológica e de inovação no Amazonas, durante “Café com Elas”, evento realizado no dia 10 de fevereiro, no Centro Cultural Povos da Amazônia.
Esta é uma ação no âmbito do Movimento Mulheres e Meninas na Ciência. No Amazonas, o Governo do Estado instituiu no Plano Plurianual 2020-2023, uma linha estruturante denominada “Meninas e mulheres na ciência e no empreendedorismo científico”, como política pública, a qual a Fapeam participa para incentivar uma maior participação feminina na liderança de projetos científicos e, assim, contribuir para redução das desigualdades de gênero na ciência no estado.
Nesta edição, convidamos você para conhecer a médica e doutora em Saúde Pública, diretora do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD Fiocruz Amazônia) e primeira mulher a assumir a gestão da instituição em 27 anos, Adele Schwartz Benzaken.
Adele Benzaken destaca-se por sua atuação na área de Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST’s), HIV/Aids e Hepatites Virais. Foi diretora da Fundação de Dermatologia Tropical e Venereologia Alfredo da Matta. Atuou na gestão da Secretaria de Vigilância em Saúde do Ministério da Saúde, e foi vice-presidente do comitê de especialistas da OMS, membro do comitê de certificação da eliminação da sífilis e do HIV da OPAS, diretora regional para América Latina da International Union Against Sexually Transmitted Infections (Iusti), membro da diretoria da International Society for Sexually Transmitted Diseases Research (ISSTDR), entre outros.
Acompanhe a entrevista!
Fapeam: Por que é necessário ter mais mulheres na ciência?
Benzaken: Precisamos exigir equidade de gêneros em todas as áreas de atuação humana! Durante séculos, mulheres foram subjugadas apenas por serem mulheres. A dívida é histórica e a pergunta é: como reparar esse erro histórico? Cada um fazendo a sua parte como pessoa e como profissional. Na Fundação Oswaldo Cruz, abrimos a Chamada Interna Mais Meninas na Fiocruz no ano passado com a finalidade de dar acesso e assegurar a participação plena e igualitária de mulheres e meninas na ciência e tecnologia.
A experiência foi superpositiva e teve continuidade este ano com atividades de mobilização e valorização da presença feminina na ciência. A ideia é dar visibilidade para a temática, além de discutir e estimular a participação de mais meninas para que futuramente também enveredem na ciência. Sabemos das dificuldades, diante de uma sociedade machista. Somos mães, avós, esposas, donas de casa, e por que não cientistas?
Fapeam: Quais foram os principais desafios enfrentados pela senhora para atuar no campo da Ciência?
Adele Benzaken: Hoje, com mais de 40 anos de vida pública, tenho o orgulho de assumir a diretoria do Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), em 27 anos de existência da instituição. Isso significa tão somente que nós, mulheres, estamos sempre a postos e dispostas a quebrar tabus, ultrapassar barreiras e fazer história. Recentemente, no Café com Elas, da Fapeam, falei da minha trajetória como médica, cuidadora de mulheres, e gestora pública, pioneira na criação de políticas públicas voltadas ao atendimento de demandas das populações vulnerabilizadas, como profissionais do sexo, pessoas vivendo com HIV, indígenas e ribeirinhos da Amazônia. Muitas histórias para contar!
Fapeam: Como a sociedade civil também pode contribuir para formação de futuras cientistas?
Adele Benzaken: As escolas devem se unir nesse intuito. Fazer parcerias, estimular a participação dos alunos em atividades de pesquisa, exposições, feiras de Ciência e programações de instituições científicas como a Fiocruz, a Fapeam e universidades. Na Fiocruz, temos o Programa de Vocação Científica, o Provoc, que é um canal indutor de iniciação científica na área da saúde para jovens que cursam o nível médio de ensino. Uma oportunidade e tanto para jovens adolescentes se iniciarem no mundo da Ciência.
Fapeam: Como cientistas mulheres podem inspirar futuras pesquisadoras?
Adele Benzaken: Compartilhando exemplos de vida e trajetórias para ampliar o acesso a programas acadêmicos, bolsas e editais de incentivo à pesquisa voltadas ao público feminino. Ainda se observa que no topo da carreira, nos cargos de liderança a realidade ainda é de hegemonia masculina, mas estamos aqui para reafirmar que lugar de mulher é onde ela quiser, inclusive na Ciência.