Fiocruz Amazônia e Ibama alinham atividades de investigação de patógenos em animais silvestres para 2023

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) e o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e Recursos Naturais Renováveis (Ibama) darão continuidade em 2023 às atividades desenvolvidas pelo projeto de investigação de patógenos causadores de doenças de origem animal, ação que integra o Programa Saúde Única da Fiocruz Amazônia. O objetivo do programa é promover um alinhamento de protocolos e informações sobre os resultados das análises de amostras de material biológico coletados de espécimes da fauna amazônica recebidos pelo Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) do Ibama, em Manaus, e a partir deles permitir o mapeamento da ocorrência de possíveis surtos de novas doenças infectocontagiosas e o ressurgimento de outras. O projeto, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), conta ainda com a parceria do Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio) e o Projeto Sauim de Coleira, da Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

No último dia 2/02, representantes das instituições parceiras se reuniram na sede do Cetas-Ibama, em Manaus, para a primeira reunião de alinhamento e planejamento de atividades para 2023. A pesquisadora da Fiocruz Amazônia Alessandra Nava, que coordena o programa, afirma que o acordo de cooperação prevê ainda, entre outras atividades, o auxílio ao Cetas-Ibama em relação à sanidade dos animais recebidos e a conservação da biodiversidade. A Fiocruz Amazônia possui um biobanco da vida silvestre com amostras de mais de 200 animais, entre morcegos, primatas e roedores, coletados na floresta (Cetas, áreas da Ufam, florestas preservadas, além do assentamento Rio Pardo, na BR-174 (Manaus-Boa Vista), no município de Presidente Figueiredo. Participaram da reuniao a analista ambiental Natália Lima, chefe do Núcleo de Apoio ao Cetas/Ibama/AM, e a técnica ambiental Célia Alice Peron Castro.

Alessandra Nava explica que o projeto investiga aspectos sanitários e epidemiológicos dos animais recebidos pelo Cetas. “Acessamos o material biológico para poder entender a prevalência de algumas doenças virais, parasitárias que acometem a população silvestre. São animais que vêm de várias partes do Estado, sobretudo em função do desmatamento, o que nos permite um mapeamento das prevalências”, explica ela, lembrando que a unidade recebe tanto animais mantidos em cativeiro quanto de vida livre que sofreram algum tipo de trauma (vítimas de atropelamento, choque elétrico, entre outros). O conceito de Saúde Única, difundido mundialmente, associa saúde humana, animal e ambiental, como fatores que interagem entre si de forma indissociável.

A pesquisadora ressalta que este ano pretende estender a parceria da Fiocruz Amazônia com outros órgãos que lidam diretamente com a questão da conservação da fauna no Estado. “Nossa intenção é reunir os vários parceiros para intercâmbio de experiências e disseminação de informações. O intuito é convidarmos órgãos envolvidos com o resgate de fauna e a saúde do Estado, a exemplo do Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam), Batalhão Ambiental da Política Militar e Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema) e Fundação de Vigilância em Saúde (FVS) para compor essa rede de monitoramento ativo”, destacou.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Foto: Divulgação / ILMD