Programa de Doutorado em Saúde Pública na Amazônia discute planejamento estratégico e autoavaliação em seminário

A Coordenação do Programa de Doutorado em Saúde Pública na Amazônia (DASPAM), oferecido em consórcio pela Fiocruz Amazônia, Universidade do Estado do Amazonas  (UEA) e Universidade Federal do Amazonas (Ufam), promoveu, na tarde da última quarta-feira, 14/12, o 1º Seminário de Planejamento Estratégico e Autoavaliação, com a finalidade de discutir o cenário atual e as perspectivas futuras do programa, reunindo docentes, discentes, gestores e funcionários do ensino das três instituições envolvidas. O DASPAM foi criado há dois anos, por meio de parceria firmada entre as instituições de pesquisa e ensino superior, para suprir a demanda de cursos de pós-graduação com doutorado em saúde coletiva na região Norte.

O programa tem como objetivos capacitar pesquisadores para exercitar análises críticas, utilizando, de forma integrada, conceitos e recursos metodológicos da saúde coletiva, biologia parasitária, epidemiologia, ciências sociais aplicadas à saúde, e de outras áreas conexas; desenvolver modelos analíticos de processos de saúde/doença/cuidados, tomando como referência o quadro epidemiológico, econômico, socioantropológico, histórico, biológico e ambiental no cenário regional e suas interfaces com os contextos nacional e internacional de globalização da Amazônia;  e contribuir, teórica e tecnicamente, para a formulação, implementação e gestão de políticas setoriais, bem como atuar, neste campo, na docência e na pesquisa.

A pesquisadora em Saúde Pública Maria Luiza Garnelo, coordenadora-geral do programa na Fiocruz Amazônia, explica que o DASPAM uniu forças institucionais e permitiu a confluência da expertise de sanitaristas do Estado do Amazonas para a organização de um programa de qualidade. “A autoavaliação é uma estratégia necessária para que possamos refletir sobre o que avançamos até o momento, o grau de congruência entre o que planejamos e estamos conseguindo executar, para que possamos, de fato, reprogramar e aprimorar o que possa estar defasado”, explicou Garnelo. Para a pesquisadora, o planejamento estratégico ajuda também a manter o alinhamento com os planos de desenvolvimento institucionais de cada uma das instituições que albergam o programa, “proporcionando consonância entre as atividades institucionais e o processo formador”.

Este ano, a comissão de autoavaliação junto com as coordenações das instituições, vem executando, de modo sistemático, estratégias para a corresponsabilização, colaboração e engajamento na melhoria do programa, da qualidade da formação dos pesquisadores vinculados ao PPG e, principalmente, da prática democrática na pós-graduação. O tema pautou, inclusive, o debate no II Encontro dos Programas de Pós-Graduação em Saúde Coletiva no Amazonas sobre estratégias para a qualificação da pós-graduação, no último mês de setembro.

Para a coordenadora institucional do DASPAM, na UEA, Sâmia Miguez, o programa veio trazer um reforço para a formação de professores doutores na instituição. “No início de 2019, conseguimos formar um quadro de professores doutores de Saúde Coletiva a partir de um convênio da UEA com a UERJ (Universidade do Estado do Rio de Janeiro), embora ainda fôssemos uma instituição de ensino superior muito jovem, com pouco mais de 20 anos, e muitos dos professores ainda estavam em processo de formação em doutorado (Doutorado Interinstitucional – DINTER). Essa oportunidade em associação com a UERJ foi importante para formar um quadro de 20 professores doutores, em Saúde Coletiva, e a partir dela lançarmos o curso de Mestrado de Saúde Coletiva, em sua maior parte formado por egressos daquele DINTER”. Para a coordenadora, a trajetória da pós-graduação da UEA vai se consolidando com o DASPAM.

Vice-diretora de Ensino do ILMD/Fiocruz Amazônia e docente do Programa, Rosana Parente, afirma que o seminário foi um momento importante na trajetória do curso, uma vez que a uma vez que a CAPES (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior, do Ministério da Educação) determina que seja realizada o processo de autoavaliação e planejamento estratégico como importantes passos para que o curso possa nortear o seu crescimento. “Agora esta é a oportunidade de vermos toda a comunidade, professores, gestores e estudantes, discutindo o rumo e o futuro do curso”, salientou.

O pesquisador sênior do ILMD/Fiocruz Amazônia, Bernardo Bessa Horta, que atua junto ao DASPAM, classifica a criação do programa como um ganho para a Região Norte diante do cenário da distribuição dos programas de pós-graduação na área de saúde coletiva no Brasil. “Observamos que existem poucos programas e uma grande assimetria nessa distribuição, e a Região Norte é uma das que possuem um número pequeno de programas. Antes do DASPAM, tínhamos em todo o Norte do Brasil um programa com doutorado no Estado do Acre. O DASPAM não só aumenta a disponibilidade e oferta de vagas para formar novos doutores na área, no Norte, como também favorece que os programas já existentes das instituições se consolidem”, observou, destacando que a autoavaliação e o planejamento estratégico são ferramentas importantes nesse processo.

LINHAS DE PESQUISA

São duas as linhas de pesquisa do curso de Doutorado em Saúde Pública na Amazônia: “Dinâmica, Diagnóstico, Cuidado Clínico e Controle de Doenças Infecciosas Endêmicas na Amazônia” e “Vulnerabilidade, Situações de Saúde, Gestão, Organização e Avaliação de Serviços e Cuidados de APS na Amazônia”. O egresso deve estar habilitado a planejar e desenvolver estudos em doenças endêmicas utilizando, de forma integrada, conceitos e recursos metodológicos da epidemiologia, biologia parasitária e vetorial, ciências sociais e geografias aplicadas à saúde e outras áreas conexas; produzir conhecimentos e informações sobre organização, produção e consumo de serviços de saúde, com ênfase em estudos de acessibilidade por populações vulneráveis e/ou residentes em regiões remotas e suas interfaces com especificidades regionais e com os modelos de proteção social; contribuir em processos participativos voltados para planejamento, implantação e avaliação de planos, programas e práticas de saúde, oriundas dos diversos níveis do Sistema Único de Saúde (SUS), bem como de organizações representativas da sociedade civil regional.