Fiocruz Amazônia leva universo da ciência para mais de 1,2 mil crianças e jovens da rede estadual de ensino

Mais de 1,2 mil estudantes da rede estadual de ensino puderam ter um contato mais próximo com o universo da ciência, participando ao longo de três dias (18 a 20/10), das atividades da Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT/2022), promovida pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia). Com o tema CiênciaPop: Fiocruz Amazônia vai à Escola, o evento contou com exposições, apresentação de teatro, vídeos, oficina de podcast para divulgação científica, jogos, rodas de conversa e a novidade do espaço instagramável, com tótens em homenagem aos cientistas Leônidas e Maria Deane. Divididos por turmas, os alunos puderam participar das diversas atividades, sempre com a orientação de pesquisadores, bolsistas e alunos de programas de pós-graduação da Fiocruz Amazônia, que foram até as unidades escolares. No último dia da programação, nesta quinta-feira, 20/10, as atividades ocorreram na sede do ILMD/Fiocruz Amazônia, com o projeto Ciências de Portas Abertas.

As unidades de ensino contempladas foram a Escola de Tempo Integral Djalma Batista, no Japiim, e a Escola Estadual Angelo Ramazotti, no Adrianópolis. “Nosso objetivo foi o de promover a integração entre a comunidade escolar e a Fiocruz Amazônia, mostrando como o fazer ciência pode estar tão próximo das nossas vidas, que muitas das vezes nem percebemos”, explica a vice-diretora de Pesquisa do ILMD/Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes. Ela destaca que além de marcar o retorno das atividades presenciais da SNCT, suspensas nos últimos dois anos em virtude da pandemia, o CiênciaPop teve a preocupação de estabelecer uma sintonia com a realidade lúdica e conectada dos jovens, associando trabalho científico à linguagem figurada, e muitas vezes divertida, das redes sociais e do teatro.

Ronilson Batista Miguel, 18, aluno do terceiro ano do Ensino Médio do Angelo Ramazotti, explica que, além de inclusivo, o evento na escola conseguiu agregar conhecimento. “No nosso caso, que já estamos concluindo o Ensino Médio e partindo para universidade, é importante termos acesso a informações que nos orientem na hora de escolher nossa carreira”, afirmou ele, que pretende ingressar numa universidade pública em um curso na área de saúde. “Quanto mais informações e experiencias no campo técnico e científico nós tivermos, melhor”, admitiu.

O também aluno do terceiro ano do Angelo Ramazotti, Guilherme Costa da Silva, 17, conta que desde pequeno alimenta o sonho de poder ajudar na evolução da Ciência. “Essa oportunidade da Fiocruz Amazônia na escola traz conhecimento amplo para várias pessoas que às vezes não têm conhecimentos básicos sobre coisas simples, como por exemplo, como o mosquito da malária transmite a doença. Desde pequeno sempre quis fazer algo para a Ciência evoluir com minha ajuda e hoje eu vi que isso é possível”, atestou.

Um dos pontos altos da programação foi a encenação teatral do casal Leônidas e Maria Deane, interpretados pelos atores Ramon Lima e Isabela Lillo, do grupo teatral Vitória Régia. Com linguagem simples e acessível, os atores contaram um pouco da história de vida dos dois cientistas, que se conheceram na universidade e dedicaram a vida ao estudo de doenças que acometiam grande parte da população brasileira. Outro destaque foi a presença do Oswaldinho, mascote da Fiocruz Amazônia, interpretado por Gabriel Mota.

Atenta às informações repassadas pelos atores, Ana Elisa Araújo, 11, aluna da sexta série da Escola Djalma Batista, disse ter conseguido aprender, com a dinâmica, que a Ciência muda vidas e ajuda muita gente. “Com o impacto que teve a morte da irmã, por conta de uma doença da época, Maria Deane decidiu mudar o rumo de sua vida. Muito legal ficar sabendo dessas informações à medida que vamos ouvindo e participando das atividades, como os jogos e as exposições”, afirmou.

EXPOSIÇÕES

Três mostras foram programadas para a SNCT 2022, dentro da exposição denominada “Aqui tem Ciência, aqui tem Fiocruz”. Foram elas: “Metamorfose dos Insetos”, sobre o ciclo de vida do maruim; “Malária, o Caminho da Gota Espessa”, mostrando o método mais simples de detecção da doença, e “Vida Invisível: conhecendo os microrganismos”, focando nas doenças parasitárias e seus agentes causadores.

Os alunos puderam conhecer, por exemplo, as características morfológicas das bactérias da coleção de bactérias da Amazônia, bem como sua importância na área da saúde, no ambiente e na economia através de placas de culturas e antibiogramas, lâminas, fotos e banner. Os fungos também marcaram presença. Conhecidos como bolores, são organismos que vivem em quase todos os ambientes, tendo importância não somente devido ao seu papel vital no ecossistema, mas também por causa da sua influência sobre os humanos e determinadas atividades.

Os estudantes conferiram também o ciclo de vida de espécies de mosquitos e doenças causadas por cada espécie. O gênero Anopheles compreende pequenos insetos pertencentes à família Culicidae, e apresentam coloração escura com manchas brancas e asas longas.  As espécies pertencentes a esse gênero podem ser encontradas em todo o mundo em áreas temperadas, subtropicais e tropicais, e apresentam um ciclo de vida subdividido em estágios de desenvolvimento.

Os flebotomíneos são insetos conhecidos em nosso país por mosquito palha, tatuquira, cangalhinha e birigui. São insetos pequenos, da família Psychodidae, e apresentam um ciclo de vida que passa por estágios de desenvolvimento (holometábolos) entre ovo, larva, pupa, até a transformação em indivíduos adultos e alados. Foram repassadas também informações sobre as doenças parasitárias e expostos os materiais de trabalho utilizados para encontrar esses parasitas nas amostras, visando passar um melhor entendimento sobre as formas evolutivas de alguns organismos estudadas em laboratório.

As rodas de conversa também foram bastante disputadas. Trataram sobre os temas “O que precisamos saber sobre vacina”, “Amazônia: lugar de meninas e mulheres na Ciência” e “Você conhece a Esporotricose”, tendo como moderadores os pesquisadores da Fiocruz Amazônia Pritesh Lawani, Stefanie Lopes e Ani Beatriz Matsuura.

A diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Adele Benzaken, ressaltou a importância das atividades da SNCT como forma de estímulo para as crianças e jovens pela Ciência. Ela reforçou a tese de que é possivel alcançar a meta de se tornar um cientista sendo aluno de escola pública. “Cito o meu exemplo. Desde a infância até a universidade,  depois Residência Médica e Doutorado, cursei em escolas públicas e quero deixar aqui essa mensagem para todos vocês, que é possível sim”, afirmou.