Fiocruz Amazônia capacita novos especialistas em Vigilância em Saúde para atuarem na tríplice fronteira do Alto Solimões

Apresentações de trabalhos nas modalidades de pôsteres e comunicações orais marcaram o encerramento do Curso de Especialização em Vigilância em Saúde na Rede de Atenção Primária à Saúde (APS) na Tríplice Fronteira do Alto Solimões. O simpósio de encerramento aconteceu no período de 7 a 9 de novembro, no município de Tabatinga, no Amazonas.

Participaram da especialização profissionais da Colômbia, Peru e Brasil, especialmente área da Saúde que atuam na tríplice fronteira. Concluíram no tempo previsto 23 alunos e 8 estão em processo de entrega do trabalho final.

O curso  foi oferecido pelo Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) em parceria com a Organização Panamericana de Saúde (Opas), Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), Assessoria de Assuntos Internacionais de Saúde do Ministério da Saúde (Aisa/MS)  Programa de Doenças Sexualmente Transmissíveis – Aids do Ministério da Saúde, Secretaria Estadual de Saúde do Amazonas (Susam), Fundação de Vigilância em Saúde (FVS), Conselho de Secretários Municipais de Saúde do Amazonas (Cosems-AM), Instituto Federal do Amazonas (Ifam/Campus Tabatinga), Associação Brasileira de Profissionais de Epidemiologia de Campo (ProEpi) e Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz).

Para o diretor da Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz, a realização do curso em Tabatinga foi uma experiência muito rica, não só para os alunos, mas para as instituições envolvidas na atividade. “É uma sensação boa, de que fizemos a coisa certa, de que escolhemos os parceiros certos e que foram essenciais para que o curso acontecesse, e sabemos que essa experiência vai ficar marcada na vida profissional dos alunos, como está marcada na Fiocruz Amazônia”.

Os trabalhos desenvolvidos pelos alunos foram divididos em 8 temas, que integraram uma Carta de Recomendações elaboradas pela turma, com propostas de aprimoramentos das ações de vigilância em Saúde na região do Alto Solimões e da saúde pública para a população da fronteira.

Para Bernardino Albuquerque, diretor-presidente da FVS-AM, os trabalhos apresentados pelos alunos são muito importantes para o contexto da saúde no Amazonas. “A questão da vigilância em saúde é trabalhada e as vezes tratada como se fosse uma área de segundo plano dentro do contexto geral da saúde, o que na realidade não é; ela quando bem entendida, quando bem trabalhada é o carro-chefe de todo contexto da saúde, e que fornece informações necessárias para que o gestor possa utilizá-las de forma eficiente, dentro do planejamento de determinada ação.

Para Gonçalo Filho, enfermeiro e aluno da especialização, o curso foi muito proveitoso e abriu várias portas para quem trabalha com saúde na tríplice fronteira. “O curso nos deu oportunidade para pensar em projetos na área de epidemiologia, principalmente quando sabemos que ainda existe uma debilidade muito grande de políticas públicas de saúde, para a prevenção, controle e combate de agravos peculiares da região de fronteira. Tenho certeza que os colegas de turma vão fazer a diferença nas unidades de saúde onde trabalham e nos municípios onde residem, pois temos colegas não só de Tabatinga, mas de Amaturá, São Paulo de Olivença, Benjamin Constant, além dos países vizinhos”.

A fisioterapeuta colombiana, Marly Arango Nunes, que trabalha na Secretaria de Saúde Departamental de Letícia, também compartilha opinião favorável ao curso, pois além de ter tido oportunidade de fazer o curso pela Fiocruz, que é referência na área de saúde, e com isso ganhar uma boa bagagem profissional, também lhe foi permitido trocar experiências com os profissionais que atuam nos países vizinhos e em diferentes comunidades e segmentos da saúde.

SEGUNDA TURMA

Durante o simpósio, Sérgio Luz, anunciou que em breve será ofertada uma nova turma do curso de especialização. “Vamos realizar uma segunda turma, conseguimos financiamento junto a Opas. Iremos aumentar as ações nesse território da tríplice fronteira, por que reconhecemos  a importância dessa região, não só estrategicamente por ser uma área de fronteira, mas por todas as situações que encontramos aqui de saúde e meio ambiente, sendo esse um espaço que requer atenção especial, e que precisa estar preparado para o enfrentamento de crises epidemiológicas, com pessoas capacitadas e com o alinhamento de projetos futuros para a identificação rápida de situações e respostas aos desafios da saúde.

CARTA DE RECOMENDAÇÕES

No último dia do simpósio, os alunos apresentaram a Carta de Recomendações da 1ª Turma de Especialização de Vigilância em Saúde na Rede de APS do Alto Solimões, um documento assinado por autoridades e alunos, o qual propõe recomendações para problemas comuns identificados no Alto Solimões .

A carta informa que apesar das diferentes estruturas e organização administrativas, os problemas da saúde dos três países da fronteira são comuns, como alta incidência de agravos como tuberculose, malária, HIV/AIDS, doenças imunopreveníveis, entre outros; falta de recursos humanos locais ou mesmo capacitação, falta de coordenação, organização e planejamento para integração na região da tríplice fronteira, que acabam atingindo diretamente os resultados de saúde para os três países.

Ao final do Simpósio os alunos apresentaram atrações culturais para festejar o encerramento do curso.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Marlúcia Seixas
Fotos: Marlúcia Seixas