Pesquisa da Fiocruz identifica condições de saúde bucal e fatores de risco em populações ribeirinhas da Amazônia com financiamento do CNPq

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) está realizando em municípios do Amazonas e Pará o trabalho de campo do projeto “Condições de Saúde Bucal e Fatores Comuns de Risco em Populações Rurais Ribeirinhas da Amazônia”, financiado pelo Ministério da Saúde (Decit/SECTICS/MS) e Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), por meio da chamada pública 21/2023 – Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva.

O estudo, coordenado pelo pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia Fernando Herkrath, está sendo desenvolvido com apoio dos municípios e em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade Federal do Pará (UFPA) e Universidade do Estado do Amazonas (UEA), e tem por objetivo avaliar as condições de saúde bucal das populações rurais ribeirinhas e identificar os fatores de risco comuns a outras doenças crônicas que acometem essas mesmas populações.

De acordo com a proposta, espera-se que o conhecimento gerado pelo estudo seja capaz de subsidiar as políticas e ações em saúde voltadas para as populações rurais ribeirinhas, identificando possibilidades transversais e integradas de intervenção que permitam superar as barreiras de acesso, bem como garantam a melhora das condições de saúde geral e bucal e apontem caminhos para a reorientação da atenção das equipes fluviais e ribeirinhas por meio de um modelo que seja capaz de lidar de maneira mais eficaz com as condições crônicas não transmissíveis nesses territórios.

A execução do Projeto Condições de Saúde Bucal e Fatores Comuns de Risco em Populações Rurais Ribeirinhas da Amazônia teve início em 2024, por meio da Chamada Pública 21/2023 sobre Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva, com recorte territorial abrangendo macrorregiões de saúde dos estados do Amazonas e Pará. O estudo é desenvolvido em parceria com professores, mestrandos, doutorandos e pós-doutorandos das três instituições de ensino superior. Também conta com a colaboração de pesquisadores de instituições de fora do país.

Segundo Herkrath, a pesquisa tem por objetivo investigar os mecanismos pelos quais os comportamentos relacionados à saúde associam-se aos desfechos de interesse, mas irá também abordar as barreiras de acesso aos serviços de saúde. Ele explica que se trata de um estudo transversal. O público-alvo é composto por indivíduos de 15-19 e 35-44 anos, de ambos os sexos, residentes em localidades rurais de municípios com equipes de saúde bucal da Estratégia de Saúde da Família (ESF) Fluvial implementadas.

Além das capitais, foram selecionados municípios em cada macrorregião de saúde. No Amazonas, existem três macrorregiões: Oeste (21 municípios), Central (25 municípios) e Leste (16 municípios); no Pará, há quatro macrorregiões I (30 municípios), II (30 municípios), III (29 municípios) e IV (30 municípios). A seleção dos participantes será realizada a partir do cadastro das equipes de Atenção Básica. As condições de saúde bucal são avaliadas por meio de exame clínico intrabucal – utilizando metodologia e índices recomendados pela Organização Mundial da Saúde (OMS) para levantamentos epidemiológicos em saúde bucal, empregados nos inquéritos nacionais de saúde bucal.

CHAMADA PÚBLICA

A Chamada No 21/2023, Estudos Transdisciplinares em Saúde Coletiva, foi aberta em agosto de 2023, com financiamento do Departamento de Ciência e Tecnologia, da Secretaria de Ciência, Tecnologia, Inovação e Complexo da Saúde, do Ministério da Saúde, e CNPq, visando apoiar projetos de pesquisa que visem contribuir para o desenvolvimento científico e tecnológico e a inovação do País, considerando a transversalidade e a interseccionalidade em saúde coletiva para o desenvolvimento de evidências sensíveis às necessidades da saúda da população brasileira.

Além disso, visa aproximar o conhecimento científico e a gestão pública por meio de estratégias inovadoras e efetivas de comunicação, no intuíto de proporcionar conhecimento mais amplo em áreas prioritárias, estratégicas e de interesse do Sistema Único de Saúde (SUS), tendo equidade e sustentabilidade como pilares nas temáticas relacionadas às condições pós-Covid; alimentação e nutrição; Determinantes Sociais em Saúde (DDS); Doenças e Agravos não Transmissíveis (DANT); redução da morbimortalidade e violência em populações em condição de vulnerabilidade; gestão e políticas públicas de saúde; informação e saúde digital; tecnologia, incorporação e inovação em saúde; trabalho e educação em saúde; e vigilância em saúde e ambiente.

ILMD/Fiocruz Amazônia

Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia