Belém instalará mais de 8 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas desenvolvidas pela Fiocruz para controle vetorial em áreas urbanas e da COP 30
A cidade de Belém (PA) deverá receber mais de 8 mil Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs) para o controle vetorial do Aedes aegipty, transmissor da Dengue, Zika e Chikungunya, em diversas áreas urbanas, entre elas os bairros situados no entorno do Parque da Cidade, onde acontecerão os eventos da COP 30. O trabalho de implantação das EDLs teve início nesta segunda-feira, 16/06, com uma visita técnica ao Parque da Cidade, que contou com a presença de representantes do Ministério da Saúde, da Fiocruz Amazônia e Secretaria Municipal de Saúde de Belém, responsável pela execução e monitoramento da estratégia, que é uma das políticas públicas de controle vetorial adotadas pelo MS. Desenvolvida pela Fiocruz Amazônia, a técnica consiste na utilização da fêmea do mosquito para dispersar o larvicida nos seus locais de reprodução, por meio de armadilhas instaladas em pontos estratégicos.
“O Parque da Cidade é uma das áreas de importância para a instalação das EDLs. Outras áreas da cidade receberão ações de intervenção contra o mosquito. Hoje, estamos cumprindo mais uma etapa do projeto das Estações Disseminadoras na cidade de Belém, vindo ao Parque da Cidade. Estamos montando um plano de trabalho junto com as secretarias municipal e estadual de Saúde para que várias áreas da cidade e da COP 30 recebam as EDLs no intuito de proteger contra a transmissão dos vírus”, afirma o pesquisador da Fiocruz, Sérgio Luiz Bessa Luz, coordenador do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia – PreV Amazônia, do Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA) da Fiocruz Amazônia. Sérgio é o responsável pela pesquisa que resultou na criação das EDLs.

No Parque da Cidade, a equipe visitou as áreas onde as obras estão em andamento para selecionar os locais de instalação das armadilhas e definir a quantidade correta de estações disseminadoras para cada área. O plano foi apresentado às secretarias municipal e estadual de Saúde, em reunião na terça-feira, 17/06, para que seja apresentado oficialmente à organização da COP 30. “Essa é uma atividade que estamos fazendo no sentido de evitar e de controlar a transmissão de doenças tanto no Parque da Cidade quanto de áreas especiais da cidade, onde haverá uma movimentação grande de pessoas durante a Conferência. São as Estações Disseminadoras do ILMD/Fiocruz Amazõnia trabalhando no sentido de ajudar a Secretaria de Saúde para que tenhamos um evento seguro em todos os aspectos”, afirma Sérgio Luz.
De acordo com a Secretaria de Saúde, a instalação das EDLs será feita em duas etapas, de acordo com a análise de bairros com maior número de casos de dengue: de 4 a 29 de agosto, instalação de 5.300 armadilhas nos bairros Jurunas, Guamá, Condor, Canudos e Terra Firme; de 1º a 27 de setembro: instalação de mais 3.650 armadilhas nos bairros Marambaia, Sacramenta, Pedreira, Marco, Curió-Utinga e Souza. Além dessas áreas, outras 100 armadilhas serão colocadas no Parque da Cidade, como parte das ações preparatórias para a COP 30.
POLÍTICA PÚBLICA
Em julho do ano passado, o Ministério da Saúde, por meio da Secretaria de Vigilância em Saúde e Ambiente, emitiu a nota técnica informativa Nº 25/2024-CGARB/DEDT/SVSA/MS, oficializando a utilização das Estações Disseminadores de Larvicidas como estratégia nacional para o controle do Aedes aegypti e Aedes albopictus, vetores da dengue e outras arboviroses, em áreas estratificadas de risco das cidades de todo o País. A medida visa expandir a tecnologia das EDLs, com o acompanhamento do Ministério da Saúde e apoio técnico da Fiocruz, a partir dos resultados dos estudos coordenados pelo Núcleo Prev Amazônia, com apoio do Ministério da Saúde.

“Nesta quarta-feira, 17/06, em reunião com as equipes das secretarias de saúde faremos a pactuação das ações do programa. As estações já estão em Belém e com essas visitas começaremos a fazer a implementação na cidade até chegar na área da COP”, informou Sérgio Luz. A previsão é de que até agosto todas as EDLs já estejam implantadas.
A COP30 acontecerá em Belém, especificamente no Parque da Cidade, que está sendo construído no bairro da Sacramenta, e também no Hangar – Centro de Convenções da Amazônia. O Parque da Cidade funcionará como o principal ponto de encontro entre os chefes de Estado, enquanto o Hangar receberá a maior parte das reuniões. A área possui mais de 500 mil m², situada no antigo aeroporto Brigadeiro Protásio e contará com uma “blue zone” (local das negociações administrado pela ONU) e uma “green zone” (local de eventos paralelos administrado pelo governo anfitrião). O Hangar possui 24.000 m² de área construída e conta com pavilhões, salas multiuso, auditório e um deck.
SOBRE AS ESTAÇÕES
As Estações Disseminadoras de Larvicida (EDL) são uma técnica de controle de mosquitos, especialmente o Aedes aegypti, que utiliza a própria fêmea do mosquito para dispersar o larvicida nos seus locais de reprodução. As EDLs são armadilhas que atraem as fêmeas de Aedes aegypti e Aedes albopictus, que são os vetores da dengue, zika e chikungunya. A dispersão acontece quando as fêmeas entram nas EDLs e aderem micropartículas de larvicida em pó, principalmente os reguladores de crescimento de insetos, ao seu corpo. Quando voltam para os seus criadouros (lugares com água parada, como vasos de plantas, pneus, etc.), elas transferem o larvicida para as larvas, impedindo o desenvolvimento de novos mosquitos adultos.
As EDLs são uma técnica eficaz para reduzir a população de mosquitos e, consequentemente, a transmissão de doenças, a baixo custo e acessíveis, o que as torna uma opção viável para diversas comunidades. São fáceis de serem instaladas e mantidas, podendo ser colocadas em quintais, áreas de serviço, varandas e outros locais onde os mosquitos se reproduzem.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia