Fiocruz Amazônia participa da inauguração do Laboratório do Atlas ODS Amazônia e destaca importância do monitoramento dos indicadores como forma de avançarmos nas metas da Agenda 2030 da ONU
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) participou na manhã desta terça-feira, 20/05, da inauguração do Laboratório do Atlas ODS Amazônia, espaço voltado à produção, organização e divulgação de dados e relatórios sobre os Indicadores dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (IODS), na Amazônia Legal, fruto do trabalho de pesquisa de extensão desenvolvido pelo Laboratório Multitemático, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Presente à solenidade, a diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes – que assina, como pesquisadora em saúde pública, o espaço dedicado à análise dos dados apresentados no boletim ODS 3, lançado na ocasião – destacou a importância do monitoramento dos indicadores como forma de incentivar os municípios a desenvolverem políticas públicas que permitam avançar no atingimento das metas da Agenda 2030 da ONU.
O boletim, que analisa em específico o Objetivo de Desenvolvimento Sustentável de número 3 (ODS 3), acerca da garantia de saúde e bem-estar para todas as pessoas, tem foco voltado para quatro temas: mortes de mães e bebês recém-nascidos, partos realizados em hospitais ou postos de saúde, e mortes no trânsito. A análise revelou que apenas 31 dos 772 municípios da Amazônia Legal (o equivalente a 4%), teriam alcançado as metas desejadas. A maioria ainda enfrenta desafios sérios, como dificuldades de acesso à saúde por populações tradicionais e comunidades em situação de vulnerabilidade.

Para Stefanie Lopes, a iniciativa do Atlas ODS é de extrema importância no sentido de identificar os gargalos e oportunizar a tomada de decisão por partes dos gestores públicos locais e nacionais. “A integração de várias instituições para pensar a Amazônia e contribuir com reflexões faz toda a diferença. É triste ainda termos que analisar sobre o viés de que a saúde ainda não é acessível a todos no tocante à dignidade ao nascer. Temos na Amazônia diferentes realidades, peculiaridades culturais e étnicas, que devem ser consideradas pelos Governos na hora de pensar em políticas públicas de saúde”, salientou a diretora da Fiocruz Amazônia. O boletim estará disponível na versão on line a partir desta quarta-feira, 21/05, e em breve terá a versão impressa. O lançamento do boletim ocorreu no Auditório Vitória Régia, do Centro de Ciências do Ambiente da UFAM, com a presença de representantes de diversas instituições de saúde, pesquisa e gestão pública.

O Boletim Atlas ODS Amazônia reúne dados atualizados sobre a saúde nos 772 municípios da Amazônia Legal. Elaborado por pesquisadores da Universidade Federal do Amazonas e do Instituto Acariquara, o estudo usa metodologia própria para avaliar 42 indicadores cobrindo todos os 17 ODS. “O boletim mostra onde estão os maiores desafios e desigualdades, ajudando na formulação de políticas públicas”, informa o coordenador técnico do projeto do Atlas ODS Amazônia, Danilo Egle Santos Barbosa. “Nosso primeiro resultado de impacto é que apenas 4% das cidades da Amazônia Legal estão em acordo com as metas da ONU para o desenvolvimento sustentável. Outra informação interessante é que na região do Alto Rio Negro, no Amazonas, temos uma observação a fazer em relação aos indicadores de partos em estabelecimentos de saúde, se ocorrem por questões étnicas ou por conta de crise de prestação de serviço público”, detalhou

Segundo Danilo, dos quatro indicadores pesquisados, o de mortes no trânsito é o mais crítico para toda a região amazônica, sendo a cidade de Palmas, no Tocantins, a que apresenta os maiores índices entre as capitais da região. O coordenador cita também que a série histórica pesquisada, de 2015 a 2023, revela uma mudança de comportamento no período pandêmico em relação aos números de acidentes, que voltaram a crescer após a pandemia.
O coordenador do Laboratório Multitemático, professor Henrique dos Santos Pereira, ressalta que a iniciativa do Atlas ODS Amazônia foi criada em maio de 2029, como uma pesquisa de extensão com o objetivo de realizar o monitoramento dos indicadores da agenda 2030, inicialmente para os municípios do Amazonas, servindo como um apoio aos governos locais para monitorar os progressos no atingimento das metas da Agenda 2030 da ONU. “Agora entramos numa nova fase do Atlas ODS que cobre todos os municípios da Amazônia Legal com a possibilidade de entender quem está ficando para trás e quem avançou no atendimento às metas do Desenvolvimento Sustentável”, pontuou.
ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa