Projeto Começo Meio Começo, de formação de trabalhadores da Atenção Básica dos campos, florestas e águas, inicia encontros presenciais nos territórios de oito estados da Região Norte
O Projeto Começo, Meio e Começo, de Formação de Trabalhadores e Trabalhadoras que atuam no Cuidado em Saúde das populações do Campo, Floresta e Águas, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia com o apoio do Ministério da Saúde em conjunto com parceiros institucionais, como Rede Unida, secretarias municipais e estaduais de Saúde e Conselhos de Secretários Municipais de Saúde de estados da Região Norte, Escola de Saúde Pública do Estado do Maranhão e Escola de Saúde Pública de Manaus, deu início neste mês de fevereiro ao ciclo de encontros presenciais, tendo como foco as equipes que atuam no cuidado da saúde nesses territórios. Ao todo, os facilitadores do projeto estarão em campo em 33 polos educacionais, nos Estados do Tocantins, Maranhão, Acre, Amapá, Rondônia, Roraima, Pará e Amazonas, em encontros com duração mínima de três dias, trabalhando temáticas diversas, ligadas ao cotidiano dos lugares, a exemplo das questões de violência, injustiça e racismo ambiental e situações de intoxicação causadas pelo uso de agrotóxicos e mercúrio.
Os encontros seguirão cronograma elaborado pela coordenação geral do projeto, sob a responsabilidade do pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Júlio Cesar Schweickardt. Segundo ele, a ideia é trabalhar, nos encontros que acontecerão até o mês de julho, as temáticas que geram ou influenciam diretamente na qualidade de vida das populações dos campos, florestas e águas, levando sempre em conta os conhecimentos e saberes locais. A atividade que deu início à jornada de formações presenciais dos trabalhadores e trabalhadoras aconteceu na cidade de Palmas (TO), nos últimos dias 13, 14 e 15/02. O próximo município a ser visitado será Araguaína, segunda cidade mais populosa do Tocantins, nos dias 18, 19 e 20/02. Os dois polos reúnem aproximadamente 200 profissionais de saúde de 125 municípios tocantinenses.
De acordo com a coordenadora estadual do projeto para o Tocantins, Acre, Amapá, Rondônia e Roraima, Thalita Guedes, o intuito do Começo, Meio e Começo é reunir e capacitar 2.410 alunos em oito estados diferentes para que eles saibam como atender e produzir saúde nesses territórios e com essas populações amazônicas. Nos últimos dias 10, 11 e 12/02, em Manaus, um encontro de educação permanente reuniu facilitadores de toda a região Norte, incluindo o Estado do Maranhão, no terceiro ciclo de formação desses profissionais que atuarão no campo. O projeto reúne ao todo 33 facilitadores. “O primeiro polo ativado foi o do estado do Tocantins e até o final do prazo de execução do projeto teremos aproximadamente 480 municípios participando da formação, ao longo dos próximos meses até o encerramento em julho”, informa a coordenadora estadual.
Depois de Araguaína, serão realizados encontros em Belém, Breves, Altamira, Castanhal, Santarém, Marabá, Abaetetuba (PA), Boa Vista (RR), Porto Velho (RO), São Luiz, Pinheiro (MA), Manacapuru, Eirunepé, Tabatinga, Careiro, Manicoré (AM), Macapá (AP), Cruzeiro do Sul e Rio Branco (AC). Júlio Schweickardt explica que a formação tem o objetivo de contribuir com a implementação da Política Nacional da Saúde Integral das Populações do Campo, Floresta e Águas”, criada em 2011 pelo Governo Federal, com o objetivo melhorar o nível de saúde dessas populações por meio de ações que busquem a qualificação do acesso aos serviços de saúde; a redução de riscos à saúde, decorrentes dos processos de trabalho e das inovações.
TRILHAS
Atuando também na coordenação do projeto, o pesquisador Alcindo Ferla, coordenador geral da Rede Unida, destaca que a formação de facilitadores resultou de um processo pedagógico composto por trilhas. “Essa última oficina com facilitadores foi o terceiro momento do ciclo de formação. Houve momentos anteriores em que reunimos a equipe pedagógica para analisar o que recebemos dos ciclos anteriores para planejarmos os dispositivos pedagógicos a serem utilizados nas formações. Após o encontro com os facilitadores, estes encontram os trabalhadores e trabalhadoras das equipes de saúde, que por sua vez, passarão a seguir o trabalho cotidiano, produzindo novos ciclos civilizatórios”, afirma, referindo-se à metodologia utilizada no processo de educação permanente em saúde.
O pesquisador observa que a formação é centrada na ideia de que precisamos estar preparados para entrar em contato com territórios e pessoas que não vivem da mesma forma que vivemos e inventariar saberes que podem ajudar a produzir um novo ciclo civilizatório, resgatando a ideia do respeito ao território e uma relação mais global. “Facilitadores têm o papel de estimular que as equipes de saúde do SUS que atendem a essas populações dialoguem com os saberes que estão lá, sem negligenciar o saber científico, além de levar o conhecimento sobre a política do SUS, protocolos e também saberes”, analisa.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa e Divulgação