Fiocruz Amazônia apresenta estudo sobre esporotricose em audiência pública sobre a doença

A pesquisa que busca identificar o fungo do gênero Sporothrix, que vem causando esporotricose em animais e humanos, no Amazonas, coordenada pela micologista Ani Beatriz Jackish Matsuura, do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), foi apresentada durante uma audiência pública, realizada na Assembleia Legislativa do Estado do Amazonas (Aleam), na última segunda-feira, 19/2. O estudo é financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e CNPQ.

Intitulada “Estudo ecoepidemiológico da esporotricose humana e animal no Amazonas”, a pesquisa coordenada por Ani Beatriz pretende obter respostas para alguns questionamentos, que irão auxiliar no combate a enfermidade. De janeiro a outubro de 2023, foram registrados 547 casos, dos quais 403 foram confirmados para a doença em humanos. Em 2022, foram 251 notificações, sendo 245 em humanos. Os dados são da Fundação de Vigilância em Saúde do Amazonas – Dra. Rosemary Costa Pinto (FVS-RCP), representada na audiência.

“A nossa pesquisa está iniciando e esperamos nos próximos meses termos as respostas para alguns questionamentos, como por exemplo, é só o Sporothrix brasiliensis que está envolvido nos casos registrados no Amazonas ou existem outras espécies envolvidas, como o Sporothrix schenckii ou Sporothix globosa, paracitar alguns”, pontua. Segundo a pesquisadora, não se sabe se a doença ocorre apenas por via zoonótica e se o fungo é o mesmo que ocorre em outras regiões do país.

“A identificação dos fungos é necessária para entender o comportamento da doença e as suas características, uma vez que o Sporothrix brasiliensis é altamente virulento, enquanto o Sporothrix schenkii causa uma doença subcutânea, crônica e mais benigna. Já o fungo Sporothrix globosa causa lesões cutâneas mais fixas”, explica. De acordo com Ani Matsuura, a conclusão do trabalho está prevista para maio de 2025.

Os estudos contam com a parceria da FVS-RCP, Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus) e o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-AM), que vem fazendo o isolamento dos fungos para análise. Entre as atividades previstas para serem desenvolvidas na pesquisa estão visitas aos domicílios dos acometidos por esporotricose, coleta para a análise da poeira domiciliar, solo, madeiras com arranhaduras de gatos, além do sequenciamento do DNA do fungo.

“A Fiocruz integra o Grupo de Trabalho que vem atuando no enfrentamento à esporotricose animal e humana, e nossa contribuição está voltada à parte da pesquisa, para conhecermos este fungo, enquanto as demais instituições atuam em outras frentes, como na contenção, por exemplo”, destaca.

REUNIÃO

A Audiência Pública foi promovida pela Comissão de Proteção aos Animais, Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, da ALEAM. O evento também contou com a presença de representantes da Secretaria de Estado de Meio Ambiente (Sema), Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado, Ministério da Saúde; Fundação Alfredo da Matta, Conselho Regional de Medicina Veterinária do Amazonas (CRMV-AM), além de organizações não-governamentais de proteção aos animais.

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Texto – Síntia Maciel (ILMD/Fiocruz Amazônia)

Fotos – Divulgação / Aleam