Fiocruz Amazônia leva atividades práticas para estudantes do Campus Tabatinga do IFAM na Semana Nacional de Ciência e Tecnologia
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) desenvolveu, durante dois dias, uma série de atividades, como oficinas, rodas de conversa, jogos, mostras de vídeos e podcast sobre Ciência, para os estudantes dos cursos do Ensino Técnico Integrado do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnológica do Amazonas (IFAM) – Campus Tabatinga, na Região do Alto Solimões. As atividades integraram a programação da 20ª Semana Nacional de Ciência e Tecnologia, da Fiocruz Amazônia, que este ano teve como objetivo interiorizar as ações de popularização da Ciência, por meio de parcerias com instituições de ensino e pesquisa do Estado, a exemplo do IFAM – Campus Tabatinga, que hoje possui atualmente 430 alunos matriculados nos quatro cursos técnicos, vinculados ao Ensino Médio oferecidos pela instituição (Meio Ambiente, Informática, Administração e Agropecuária).
A programação teve início na segunda-feira, 16/10, com a solenidade de abertura do Encontro de Pesquisa e Extensão do IFAM, que acontece junto com a SNCT 2023. Representando a Fiocruz Amazônia, a pós-doutoranda em Biotecnologia do ILMD/Fiocruz Amazônia, Juliane Glória Correia, que é natural de Tabatinga, destacou a importância da parceria entre a Fiocruz e o IFAM na missão de levar conhecimento científico e inspiração para jovens estudantes, que, como ela almejou um dia, sonham em ser cientistas. Juliane fez um relato emocionado sobre a sua trajetória e recebeu homenagens pela atuação destacada na pesquisa científica, que já lhe rendeu dois prêmios nacionais.
Em mensagem gravada em vídeo, a diretora interina da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, saudou os presentes, ressaltando a importância da SNCT para o Brasil, em especial para a Amazônia. “O tema deste ano é ‘Ciências Básicas para o Desenvolvimento Sustentável’ e desejamos a todos vocês que façam bom proveito das atividades oferecidas neste evento, que é preconizado pelo Ministério das Ciências e Tecnologia. Este ano, estamos tendo a oportunidade de apresentar diversas atividades com a marca da nossa instituição em três municípios do Estado (Manaus, Tabatinga e Presidente Figueiredo). Esperamos que todos os alunos que tenham a oportunidade de vivenciar essas atividades consigam aprender e entender a importância da ciência para o desenvolvimento sustentável e da saúde da população”, afirmou.
Um vídeo de animação, produzido pela Fiocruz Amazônia com o título Heliana – A menina que quer ser cientista, foi exibido aos presentes. Ele narra a história da pequena Heliana, uma garota observadora e apaixonada pela natureza, que vive no interior da Amazônia e sonha em ser cientista. Na animação, a jovem realiza o sonho de voltar para a sua cidade como cientista e compartilhar seus conhecimentos. “Cientistas como Heliana, existem de verdade e lembro a vocês que Juliane é uma cientista, de Tabatinga e premiada e, assim como ela, existem outras tantas que vocês verão a seguir”, lembrou a diretora do ILMD, numa homenagem às mulheres que fazem Ciência na Amazônia.
Junto com Juliane, que tem 29 anos, duas outras jovens cientistas marcaram presença na 20ª SNCT, em Tabatinga. A mestranda em Hematologia da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) Maria Gabriella Santos Vasconcelos, 23 anos, e a graduanda em Biotecnologia da Universidade Federal do Amazonas (UFAM) Eliza Raquel Duarte Silva, 22. Na terça-feira, 17/10, elas participaram do Circuito de Palestras que reuniu estudantes e professores, no turno da manhã, no auditório. Gabriella fez um apanhado histórico sobre a presença feminina na Ciência, referenciando nomes como Tortula de Salerno, primeira professora da Escola de Salerno, na Itália; Marie Curie, primeira mulher no Mundo a ganhar dois prêmios Nobel; Hady Lamar, que desenvolveu o princípio para a comunicação sem fio, inspirando a telecomunicação; e as brasileiras Marta Lutz, cientista e bióloga especializada em anfíbios, que se tornou referência na luta pela igualdade de gênero; Elisa Frota Pessoa, uma das primeiras mulheres físicas brasileiras, e Vivian Miranda, primeira física brasileira a atuar em um projeto da Nasa.
A mestranda ressaltou também a importância da presença feminina na divulgação científica e na popularização da Ciência, citando nomes como Nina da Hora, cientista da computação e referência no combate ao racismo; Laura Marise e Ana Bonassa, que apresentam histórias e pesquisas de cientistas brasileiras em um podcast sobre Ciência, e Jaqueline Goes de Jesus, biomédica que coordenou equipe que mapeou o genoma do Coronavírus. Eliza Raquel abordou a importância da Biotecnologia e suas áreas de atuação, forma de ingresso na carreira acadêmica e os projetos na área. Ambas as palestras chamaram a atenção dos estudantes. Um deles, Leon de Souza Lins, 16 anos, aluno do primeiro ano do curso de Meio Ambiente, classificou os temas como apropriados para o ambiente escolar, onde estão os futuros cientistas.
“Mulheres na ciência normalmente são muito esquecidas, principalmente no Brasil, que esquece dos cientistas no geral, sobretudo as mulheres, por conta do machismo, e de não serem vistas da forma que é necessário que elas sejam vistas. As palestras foram muito boas porque trouxeram várias informações legais e considero muito necessário que num ambiente como esse tenha esse tipo de palestra’, afirmou o estudante. Aluna de Informática, Eloá Vitória Cardoso, 14, quis saber um pouco mais sobre Biomedicina e Biotecnologia. “Aproveitei a oportunidade para me informar sobre as alternativas de cursos de graduação, especialização que existem na área porque acho que a Biotecnologia hoje se aplica a todas as áreas do conhecimento, daí meu interesse em me aprofundar”, disse Eloá.
Os alunos puderam participar também de atividades práticas nas oficinas “Extração DNA do Morango” e “Tipagem Sanguínea”, além do Jogos dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (OBSMA), da Fiocruz. Eliza Duarte explica que, na primeira oficina, o objetivo é buscar elucidar de forma demonstrativa os conceitos, função e a localização do DNA, utilizando processos químicos para desnaturação da membrana celular e visualização do DNA a olho nu. Na Tipagem Sanguínea, Maria Gabriella fez uma explanação sobre a importância do banco de sangue e as aplicações do conhecimento do tipo sanguíneo das pessoas.
“A maioria sai daqui com brilho nos olhos”, comenta Eliza, referindo aos participantes da oficina. “Além da extração do morango, abordamos também sobre DNA Recombinante (moléculas de DNA que possuem parte de DNA derivados de duas ou mais fontes), de forma bem direta e bem simples, para que eles entendam como é e também demonstro o GFP (Green Fluorescent Protein), proteína fluorescente que brilha quando em luz ultravioleta. Eles (os alunos) ficam bem encantados quando descobrem na prática o que é a Biotecnologia e qual a função, conceito do DNA e aplicação dele no dia a dia”, afirma.
“Muito interessante poder ter essa experiência de observar o DNA de um morango e conseguir ver a olho nu”, avaliou Giovana Queiroz Murasse, 15 anos, aluna de Administração. “Gosto de outra área de conhecimento, mas é muito válido aprender sobre Ciência”, menciona. Gabriele Tokuta Saturnino de Souza, 16 anos, aluna de Informática, fez questão de participar das duas oficinas. “Foi um aprendizado a mais porque mais à frente teremos aulas sobre esses e outros assuntos. Acredito que vai ajudar muito no aprendizado porque fazendo a parte prática do sangue e achei a palestra interessante, deu pra compreender o que os professores estavam falando. Consegui absorver bastante da prática”, avaliou, referindo-se à oficina de Tipagem Sanguínea.
Paralelamente ocorreram as mostras de Vídeos e Podcasts do DigiCiência e OuvirCiência, do Projeto InovaPop – ILMD/Fiocruz Amazônia: popularizando a inovação tecnológica com tecnologias digitais, financiado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam). Além dos vídeos exibidos em sala de aula, os alunos puderam ouvir também os podcasts sobre Ciência na Amazônia disponibilizados no sistema de alto-falantes do IFAM-Tabatinga. O material também foi disponibilizado para transmissão no Campus Avançado da UFAM, no município de Benjamim Constant, no Alto Solimões.
O coordenador de Pesquisa e Inovação da IFAM, Guilherme Balieiro Gomes, salientou que a presença da Fiocruz Amazônia no Campus Tabatinga do IFAM é uma oportunidade de estreitamento de relações entre as duas instituições. “Agradeço muito a presença da Fiocruz Amazônia aqui porque se tratam de duas instituições importantes para o Amazonas, Estado cuja distribuição geográfica é desafiante para as instituições. Portanto, estreitar essas parcerias para que uma instituição possa ofertar a sua expertise e colaborar com a outra, só fortalece nossa missão de fornecer ensino, pesquisa e extensão para a população do Amazonas, o que é muito positivo”, admitiu Guilherme, que é Doutor em Ciências pela Unicamp e professor de Física no Campus Tabatinga do IFAM.
O coordenador explicou que o ENPET, este ano, reuniu as atividades da mostra de extensão com as da SNCT. “Junto com as oficinas da Fiocruz, ocorreram também as oficinas ministradas por servidores do nosso campus”, citou. As atividades foram distribuídas nas salas de aula onde os alunos puderam se revezar entre as oficinas, com o acompanhamento dos professores do IFAM. “Esperamos que essa parceria se repita nos próximos anos”, frisou Guilherme.
MENINA HOJE, CIENTISTA AMANHÃ
Nesta quarta-feira, 18/10, ocorreu a Roda de Conversa “Menina Hoje, Cientista Amanhã: na trilha da carreira científica na Amazônia”, com as presenças de Juliane Glória, Eliza Duarte e Maria Gabriella. As três jovens cientistas se reuniram para um bate-papo infomal com um grupo de 30 estudantes inscritos para a atividade. “Cada uma contou um pouco da sua trajetória e os desafios e medos superados para alcançar seus objetivos como alunas de graduação e pós-graduação, e as oportunidades advindas dessas experiências”, explica Juliane, que é pós-doutoranda em Biotecnologia pela Fiocruz Amazônia. A conversa despertou a curiosidade dos alunos, que fizeram várias perguntas e ganharam brindes pela participação. A dinâmica com os Jogos dos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável, com a coordenação da técnica especializada do ILMD/Fiocruz Amazônia, Rejane Marques da Silva, e mais duas sessões de oficinas e mostra de vídeos, e podcasts encerraram a programação na tarde desta quarta-feira, 18/10.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa