Fiocruz Amazônia participa de seminário sobre contexto atual e desafios das pesquisas para o enfrentamento do feminicídio no Brasil
O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) participou das discussões promovidas pelo Grupo de Pesquisa Violências, Gênero e Saúde do Instituto René Rachou – Fiocruz Minas, durante o Seminário Pesquias para o Enfrentamento do Feminicídio no Brasil: Contexto Atual e Desafios. O evento teve como objetivo promover o encontro de pesquisadoras e pesquisadores da Saúde Coletiva que trabalham com o tema do enfrentamento do feminicídio no Brasil, por meio da troca de experiências, mapeamento de iniciativas existentes e de desafios, bem como a construção de uma agenda de trabalho com base no Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios. O pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Jesem Orellana, do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (LEGEPI), foi um dos participantes, representando a Região Norte.
Realizado no auditório da Secretaria Municipal de Administração Logística e Patrimonial da Prefeitura de Belo Horizonte, o seminário ocorreu dia 2/09 e reuniu dezenas de convidados, incluindo mulheres representantes do Legislativo de Minas Gerais, da Câmara Municipal de Belo Horizonte, Polícia Militar, Universidade Federal de Minas Gerais, Defensoria Pública de Minas Gerais e Defensoria Pública do Amazonas, Senado Federal, Ministério das Mulheres, Observatório Minas – Fundação João Pinheiro, Swiss Tropical and Public Health Institute e as diversas unidades da Fiocruz, que integram a estratégia Vigifeminicídio.

Jesem Orellana considerou o evento uma iniciativa de sucesso pelo ineditismo em reunir tantas representações da sociedade e grupos de pesquisa abordando a temática feminicídio no Brasil. “Realmente um trabalho pioneiro e extremamente promissor”, pontuou o pesquisador. Além de Orellana, da estratégia “Vigifeminicídio”, da Fiocruz estiveram presentes também os pesquisadores responsáveis pelos estados de Rondônia, Ana Emanuela (UNIR), e Rio de Janeiro, Francimar Oliveira de Jesus. A Rede Vigifeminicídio da Fiocruz Amazônia foi responsável pela articulação para a participação de membros da Defensoria Pública do Estado do Amazonas, a exemplo da coordenadora do Núcleo de Promoção e Defesa dos Direitos das Mulheres – Nudem), da DPAM, Carol Braz e sua assessora, a advogada Cássia Oliveira.
“Foi um momento de troca de experiências, mas também, de frustrações, como em relação ao crítico e quase inexistente financiamento de pesquisas exclusivamente orientadas ao tema no país, por parte de agências de fomento e fundações de amparo à pesquisa estaduais. Estamos sentindo na pele esse problema, pois a estratégia Vigifeminicídio, apesar das duas tentativas no último ano, está sem financiamento específico, desde agosto de 2024. No entanto, eventos como este, sem dúvida, servem como fonte de inspiração e fortalecimento do trabalho em rede”, enfatizou o pesquisador.
Segundo Orellana, o evento renovou a esperança e avançou no sentido da consolidação de uma agenda de trabalho em rede, com base no Pacto Nacional de Prevenção aos Feminicídios, em especial dos seus três eixos estruturantes e no seu eixo transversal, em consonância com as iniciativas pioneiras e o crescente amadurecimento da Estratégia Vigifeminicídio,
“Iniciativas como essa são essenciais à produção de dados de qualidade, abrangentes e coletados de forma sistemática e padronizada, fortalecendo a compreensão dos diferentes contextos que os feminicídios ocorrem e como afetam os diferentes grupos de mulheres, os órfãos do feminicídio e familiares impactados com esse tipo repugnante de fatalidade”, ressalta. Na Região Norte, a rede já conta com campos em Manaus (AM), Acre (AC) e Porto Velho (RO) e prevê a inserção de Boa Vista (RR), ainda em 2025, cobrindo quatro capitais da Amazônia Ocidental brasileira.
ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa
Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia