Fiocruz Amazônia abre a 22ª Reunião Anual de Iniciação Científica e 3ª Jornada do Provoc com palestra sobre desafios da carreira científica e mostras de trabalhos
O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) realizou nesta terça-feira, 10/06, a abertura da 22ª Reunião Anual de Iniciação Científica (Raic) e da 3ª Jornada de Iniciação Científica do Programa de Vocação Científica (Provoc), reunindo os estudantes que integram os programas de Iniciação Científica da instituição, com a presença de representantes das instituições parceiras. A atividade reuniu, no Salão Canoas, sede do ILMD/Fiocruz Amazônia, um total de 71 estudantes, sendo 47 bolsistas do PAIC, PIBIC e PIBITI, e 24 alunos do Provoc, que até dia 13/06 farão apresentações orais e em formato banner com os resultados dos trabalhos realizados ao longo do período de vigência dos programas. A palestra de abertura do evento foi proferida pela diretora de Ensino e Pesquisa da Fundação Centro de Controle Oncológico do Amazonas (FCecon), Dra Kátia Luz Torres Silva, que abordou os desafios da carreira científica na Amazônia, com base nas experiências enquanto pesquisadora da área de Oncologia.
A mesa de abertura contou com a participação da diretora da Fiocruz Amazônia, Dra Stefanie Costa Pinto Lopes; a coordenadora geral do Provoc, Cristiane Nogueira Braga (via remota), da Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (EPSJV); o coordenador do PIC/ILMD, Yury Oliveira Chaves; a vice-coordenadora do Provoc/ILMD, Anízia Aguiar Neta, e a chefe do Departamento de Acompanhamento e Avaliação da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), Ana Claudia Maquiné Dutra, na oportunidade, representando a presidente da Fapeam, Dra Márcia Perales.

Stefanie Lopes destacou a satisfação em receber, na unidade, mais uma edição da RAIC, este ano em conjunto com a Jornada do Provoc, com o foco no processo formativo de jovens futuros cientistas. “É sempre um prazer para nós, tanto na acolhida quanto neste momento da RAIC, completarmos mais um ciclo do processo formativo profissional de jovens estudantes. Considero o Programa de Iniciação Cientifica como o cerne de tudo, o início de um processo formativo transformador para a vida dos estudantes, sendo, em nosso caso, o programa mais antigo da instituição, que tem 30 anos, a captar possíveis futuros pesquisadores”, afirmou Stefanie, mencionando o orgulho de acompanhar a trajetória de alunos de IC que prosseguem carreira acadêmica científica, na instituição.
A diretora da Fiocruz Amazônia ressaltou a importância da participação nos programas de IC a partir das oportunidades de integração que eles permitem. “Ao longo das 22 edições da RAIC, temos uma trilha formativa de impacto imenso, em especial para os programas de pós-graduação oferecidos na unidade. Quem sai da Iniciação Científica, pode optar por entrar no Mestrado e no Doutorado, num processo contínuo de crescimento e aprendizado”, observou Stefanie, que agradeceu o apoio dos orientadores e da equipe executiva dos programas, que integram uma rede liderada pela Vice-Presidência de Pesquisa e Coleções Biológicas (VPPCB), da Fiocruz.

A chefe do Departamento de Acompanhamento e Avaliação da Fapeam, Ana Claudia Maquiné Dutra, destacou a satisfação em ver que todos os alunos que iniciaram a edição do PIC há um ano conseguiram construir suas trajetórias com resultados positivos e o apoio da Fapeam. “Conheçam todos os nossos programas, projetos e áreas de atuação. A Fapeam se orgulha do papel de principal agência de fomento à Ciência, Tecnologia e Inovação no Amazonas, com um olhar especial para a Iniciação Científica, desde a Educação Básica”, lembrou Maquiné, citando o Programa Ciência na Escola, que este ano completou 26 anos. “Aproveitem a oportunidade e a grandiosidade de estarem numa instituição com um conjunto de pesquisadores excelentes, como do ILMD”, frisou.

Cristiane Nogueira Braga lembrou os avanços do Provoc nos 39 anos de execução ininterrupta do programa, que conseguiu chegar a todas as unidades regionais da Fiocruz no Brasil. “Todas as unidades regionais hoje possuem programas de vocação científica, o que é motivo de alegria para a instituição, e nada disso seria possível sem o apoio e o empenho dos pesquisadores que atuam nas unidades”, reforçou a coordenadora, lembrando a recente realização, no último mês de maio, no Rio de Janeiro, da Jornada Nacional do Provoc, com a participação de estudantes de todo o País vinculados ao programa.
PROJETOS AVALIADOS
A RAIC é um evento que acontece anualmente em todas as unidades da Fiocruz. Durante a reunião, os bolsistas apresentam os resultados dos projetos desenvolvidos no período de vigência do Programa, por meio da exposição e discussão de seus trabalhos, para avaliação dos projetos e intercâmbio de experiências entre estudantes, pesquisadores e demais profissionais. “Esse é um processo que faz parte do aprendizado e do crescimento dos estudantes, momento de criar redes, desenvolver espírito coletivo e as possibilidades que surgem”, afirmou o coordenador do Programa no ILMD/ Fiocruz Amazônia, Yury Chaves.

Segundo Chaves, o evento representa uma vitrine, que possibilita mostrar as pesquisas desenvolvidas por estes jovens pesquisadores, no âmbito institucional. “A expectativa que a coordenação tem hoje é de termos apresentações de trabalhos com alto nível de relevância, dentro do contexto amazônico, mostrando todo o potencial que a pesquisa da Fiocruz Amazônia vem desenvolvendo, com esses alunos de iniciação científica”, explicou.
INSPIRAÇÃO
Doutora em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Katia Luz é servidora concursada do Estado e fez um relato emocionado da sua trajetória enquanto cientista pesquisadora, na palestra de abertura da 22ª RAIC com o tema “Iniciação Científica na Amazônia: Desafios para os Novos Cientistas”. Ela apresentou as linhas de pesquisa em que vem atuando ao longo de sua trajetória, nas áreas de rastreio de câncer de colo de útero, epidemiologia do câncer de colo de útero e do HPV, variantes do HPV em câncer de colo de útero, HPV em câncer de cabeça e pescoço, entre outros. Katia Luz destacou aa importância dos aspectos éticos para quem trabalha com pesquisa, bem como a necessidade de formação de redes de contatos e valorização da vida em família e uma boa saúde mental. “A imagem do pesquisador cientista como um gênio solitário não existe mais. Somos redes de contatos a desenvolver esforços coletivos para atingirmos nossos objetivos, trabalhando junto com profissionais de diversas áreas”, ressaltou.

Entre os desafios da carreira, a pesquisadora citou a dificuldade de acesso a financiamento para o desenvolvimento de projetos, a existência de orçamento vocacionado para pesquisa, burocracia, pressão por resultados, desigualdades regionais e desafios geográficos. Como conselhos para os jovens cientistas, a pesquisadora enfatizou: seja curioso, construa redes, aceite o erro, valorize a ciência feita aqui e crie bons vínculos com sua equipe de estudo. “Fazer ciência na Amazônia é um ato de resistência e de amor ao território”, concluiu.
APRESENTAÇÕES
O primeiro dia da 22ª RAIC e 3ª Jornada do Provoc contou com trabalhos variados, nas áreas de Microbiologia e Entomologia. Apresentaram-se bolsistas do PAIC, PIBIC e PIBITI e cinco estudantes do Provoc da etapa avançada que estão finalizando e puderam fazer apresentação oral. Foram eles: Lara de Aquino Ferreira, Hilze Maria Carvalho Coutinho Viana, Matheus da Conceição Martins, Wendy Lara Ferreira Lima e Dimes Alames Lima Silva, orientados, respectivamente, pelos pesquisadores em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Ani Beatriz Jackich Matsuura, Alessandra Nava, Ormezinda Celeste Cristo Fernandes, Maria Jalene Alves e Luciete Almeida da Silva. Na sequência, se apresentaram Manuela Araújo de Melo Gouveia, Luana Pereira Parente de Araújo, Gabriel Freitas Santiago e Mariana Ayden de Souza, cujos orientadores são os pesquisadores Emanuelle de Souza Frasias, Felipe Arley Costa Pessoa, Deulizangela Serrão Borborema de Medeiros e Stefanie Costa Pinto Lopes.

À tarde, foi a vez das apresentações de Kaiane Vitória Martins Pontes, Gustavo Reis Oran Barros, Rebeca Teixeira Pereira, Jaqueline Almeida de Souza e Manuel Ryan de Freitas Costa, orientados, respectivamente, por Carolina Rebelo Maia, Kemily Nunes da Silva, Luiz André Morais Maríúba, Ormezinda Fernandes e José Joaquim Carvajal.

SOBRE O PIC
O Programa de Iniciação Científica da Fiocruz Amazônia tem como objetivos despertar a vocação científica e incentivar novos talentos potenciais entre estudantes de graduação; contribuir para a formação de recursos humanos para a pesquisa e inovação tecnológica nos Determinantes Socioculturais, Ambientais e Biológicos do Processo Saúde-Doença-Cuidado para a melhoria das condições sociossanitárias na Amazônia; estimular pesquisadores produtivos a envolverem estudantes de graduação em suas atividades científicas, tecnológicas e profissionais; e proporcionar ao bolsista, orientado por pesquisador qualificado, a aprendizagem de técnicas e métodos de pesquisa, bem como estimular o desenvolvimento do pensamento científico e da criatividade, decorrentes das condições criadas pelo confronto direto com os problemas estudados ou alvo da pesquisa.
SOBRE O PROVOC
Criado em 1986, o Programa de Vocação Científica (Provoc) é um projeto pioneiro da Fiocruz que tem como objetivo de iniciar estudantes do ensino médio ao mundo da pesquisa científica. A ação, que começou na EPSJV/Fiocruz, se expandiu em 2022, formando a Rede Provoc Luiz Fernando da Rocha Ferreira da Silva, que agora abrange nove unidades fora do Rio de Janeiro. A Rede é composta por estudantes de diversas regiões do Brasil, que inclui os estados do Amazonas, Bahia, Brasília, Ceará, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pernambuco, Piauí, Rio de Janeiro e Rondônia. O programa é reconhecido por oportunizar jovens a vivenciar o cotidiano de trabalho de pesquisadores, especialmente nas áreas de saúde.
PREMIAÇÃO
Os projetos que se destacarem durante a 22ª Raic, recebem premiação, sendo um em cada categoria. A premiação destaca anualmente projetos desenvolvidos por estudantes que integram o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIC) da Fiocruz Amazônia. Os bolsistas são avaliados por relatórios submetidos a uma banca de especialistas de diversas instituições do Estado e nacionais, de acordo com a temática.
A Reunião Anual de Iniciação Científica (RAIC) é desenvolvida com recursos da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam) e do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). O Programa de Vocação Científica (Provoc) é realizado em parceria com a Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio (Fiocruz) e as escolas estaduais Sant’Ana, Colégio Brasileiro Pedro Silvestre, Colégio Amazonense Dom Pedro II, com apoio do CNPq.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Julio Pedrosa