Simpósio na Fiocruz Amazônia destaca avanços e importância da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) sediou nesta quinta-feira, 3/04, o II Simpósio da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas (Regesam), evento dedicado ao fortalecimento da Vigilância Genômica em Saúde no Estado do Amazonas, reunindo representantes de órgãos, unidades de saúde e institutos de pesquisa que integram a Rede no Amazonas, em diferentes áreas de atuação, tais como virologia, oncologia, dermatologia, hematologia, imunogenética, entre outras, com avanços comprovados para a saúde pública do Estado.

A Rede, instituída há cinco anos com financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (FAPEAM), conseguiu consolidar avanços importantes nas áreas de diagnóstico molecular e vigilância genômica, sendo integrada pela Fiocruz Amazônia, Fundação Centro de Controle de Oncologia do Estado do Amazonas (Fcecom), Fundação Hospitalar Alfredo da Matta, Fundação Hospitalar de Hematologia e Hemoterapia do Amazonas (HEMOAM), Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado e Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto.

“A Regesam é o resultado da junção de forças de todas as instituições, cada uma com a sua infraestrutura e expertise”, explica o virologista Felipe Naveca, destacando que, para a Fiocruz Amazônia, a Regesam teve um papel fundamental na vigilância do SARS-CoV-2 e na descoberta de variantes de preocupação do vírus da Covid-19 .  “Nossa primeira resposta se deu logo no início de 2020, quando estourou a pandemia e havíamos acabado de receber os recursos, que foram utilizados para a primeira compra de insumos. Isso permitiu nos prepararmos para a resposta à pandemia e fazer o primeiro sequenciamento do vírus da Covid-19 na região Norte do país”, relembrou.

Naveca, que é chefe do Laboratório de Arbovírus e Vírus Hemorrágicos do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz) e coordenador do Núcleo de Vigilância de Vírus Emergentes, Reemergentes ou Negligenciados da Fiocruz Amazônia, afirma que a vigilância genômica no Amazonas é essencial não apenas para nossa região, mas para todo o Brasil, América Latina e o mundo. “O estado, por sua biodiversidade única e posição estratégica, tem sido um dos principais focos de monitoramento de vírus emergentes e reemergentes”, observa.

Por meio dos dados genômicos obtidos no período crítico da pandemia, Naveca afirma ter sito possível criar uma estratégia de PCR em tempo real, capaz de identificar as variantes de preocupação que estavam surgindo na época. “Isso só foi possível por conta da Regesam e do apoio da Fapeam”, reconheceu. Os esforços da rede  fortaleceram também a resposta rápida a surtos epidêmicos, como a COVID-19 e a Febre  Oropouche, com mais de 22 mil casos registrados no País desde 2023.

A Regesam impulsionou estudos sobre o câncer, doenças dermatológicas, doenças hematológicas e genéticas, que permitiram a identificação de alterações genéticas em pacientes com doenças hematológicas, características moleculares do câncer colorretal, por meio de biologia molecular, análise de doadores de medula óssea utilizando sequenciamento genético de alta precisão e relação entre a genética do sistema imunológico e a leishmaniose cutánea. Para a coordenadora-geral da Regesam, Kátia Luz Torres, diretora de Ensino e Pesquisa da Fcecon, a consolidação da Rede permitiu avanços na otimização na assistência e pesquisa no Amazonas.

A coordenadora destacou a importância da interação entre as instituições que compõem a Regesam, enumerando as conquistas. A Rede possui seis instituições envolvidas, 15 pesquisadores membros do Conselho Gestor, 16 bolsas concedidas, 16 bolsas implementadas, 19 bolsistas, 67 equipamentos adquiridos, 70 projetos desenvolvidos ou em desenvolvimento, 42 produtos científicos, cerca de 40 eventos realizados, entre capacitações e reuniões do comitê gestor, 57 alunos (entre graduação, pós-graduação e pós-doutorado) envolvidos e 97,69% dos recursos orçamentários gastos.

De acordo com a Fapeam, em seis anos, foram investidos R$ 5,03 milhões na Regesam, sendo R$ 2,08 milhões em sequenciadores, outros equipamentos de biologia molecular e um servidor de grande porte para o armazenamento de dados gerados pelas análises, e R$ 1,26 milhão em bolsas para os pesquisadores que se integraram à Rede. A diretora-presidente da Fapeam, Márcia Perales, destacou os avanços experimentados em Ciência, Tecnologia e Inovação no Estado, graças aos investimentos realizados pelo Governo do Estado. Sobre a Regesam, Perales ressaltou que os avanços obtidos foram resultado do trabalho coletivo.

“O trabalho coletivo não é uma opção, é condição fundamental para se desenvolver um trabalho melhor. Na Regesam, é muito positivo ver como conseguiram trabalhar como parceiros durante esse processo e como a aquisição de equipamentos e a concepção de múltiplo uso dos mesmos foi fundamental. Equipamentos de ponta que todos podem ter acesso tendo como objetivo melhorar a vida das pessoas. Parabéns a todos. Essa proximidade entre as instiuições fortalece a Rede, a área da saúde e a política pública de Ciência, Tecnologia e Inovação do nosso Estado”, afirmou.

MEMORANDO DE INTENÇÕES

A abertura do II Simpósio da Regesam foi marcada também pela assinatura de um memorando de intenções, pelas diretorias das seis instituições que integram a Rede, reafirmando o compromisso em dar continuidade e fortalecer a Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas. O documento manifesta o interesse das instituições signatárias em atuar de forma integrada, promovendo a redução de custos, o compartilhamento de infraestrutura tecnológica, o fortalecimento de grupos de pesquisa e a formação de recursos humanos qualificados, contribuindo para o desenvolvimento científico e tecnológico do Amazonas.

Por meio do memorando, as instituições formalizam sua intenção de colaboração conjunta pelos próximos cinco anos, consolidando um ambiente cooperativo e estratégico para o crescimento da Regesam. A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, uma das signatárias do documento, ressaltou a importancia da dedicação e da resiliência dos pesquisadores para o êxito da iniciativa. “É importante reconhecermos os resultados obtidos e vermos que conseguiram vencer todos os desafios. Só podemos desejar sucesso na nova página da história da Rede”, salientou, parabenizando a todos os envolvidos.

PALESTRAS

Na parte da tarde, o Simpósio reuniu especialistas para apresentação e troca de experiencias sobre os avanços e desafios na área da vigilância genômica e inovação científica no Mundo. Realizaram apresentações o doutor Jairo Mendes, da Organização Panamericana da Saúde (OPAS), o dr Gonzalo Belo, do IOC/Fiocruz e a dra Jaqueline Oliveira, da OPAS Brasil.

ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa

Fotos: Júlio Pedrosa