Projeto Moetá inicia segunda fase de atuação com atividades de educação em saúde na Zona Leste de Manaus

O Projeto Moetá, que integra o Programa Fortalece SUS, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, promove ao longo desta semana atividades com seus comunicadores populares especializados em saúde (CPES) na Casa Mamãe Margarida, abrigo para crianças e adolescentes do gênero feminino em situação de vulnerabilidade social, situado no bairro São José, na Zona Leste de Manaus. A atividade dá prosseguimento ao trabalho, iniciado em 2024 pelo Moetá, de disseminação de informações científicas, de orientação em saúde e sobre importância do autocuidado e dos serviços de assistência em saúde da Atenção Primária, oferecida pelo SUS. Na última sexta-feira, 14/03, a equipe do projeto realizou a abertura simbólica das atividades, que contam com o Trailer da Saúde, unidade móvel da Fiocruz Amazônia, equipado com laboratório e utilizado de modo itinerante para atendimentos e pesquisas de campo em Manaus e Região Metropolitana. O trailer fica na Casa Mamãe Margarida até sexta-feira, 21/03.

“Nesta nova fase do Moetá retomamos o processo de divulgação da informação científica em saúde, rompendo a fronteira da cidade de Manaus e desenvolvendo ações em municípios do entorno, a exemplo de Manacapuru, Iranduba, Careiro da Várzea, Autazes, entre outros, contando com parceiros como o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), secretarias municipais de Saúde, instituições sociais, associações comunitárias e cooperativas”, explica o coordenador executivo do Moetá, Elton Aleme. Segundo ele, nessa nova fase, o projeto pretende fortalecer ainda mais o processo de educação em saúde e a importância do SUS no processo preventivo contra doenças, reunindo com grupos locais, permanecendo por mais tempo nas áreas atendidas e abordando temas como saúde bucal, prevenção, importância da higienização e lavagem das mãos para evitar o adoecimento, saúde da mulher, problemáticas da gravidez na adolescência, saúde nutricional, alimentação saudável, vacina e combate à violência contra a mulher.

Na Casa Mamãe Margarida, foram realizadas palestras sobre saúde da mulher, com foco na prevenção ao câncer de colo de útero e de mama, atendimento a gestantes, informações sobre métodos contraceptivos, a exemplo do dispositivo intrauterino de cobre (DIU), benefícios das boas práticas em atividades físicas, com o apoio da Secretaria Municipal de Saúde (Semsa-Manaus), por meio do Departamento de Saúde da Mulher,  Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e Conselho Tutelar da Zona Leste. O Projeto Moetá conta, nesta nova fase, com seis bolsistas, todos profissionais da área da saúde, entre os quais enfermeiros, técnico de enfermagem, nutricionista, odontóloga e uma fisioterapeuta (voluntária). Foram coletados dados antropométricos das crianças e adolescentes do abrigo e feitas análises microbiológicas e demonstração sobre lavagem correta das mãos, com o apoio do Laboratório Diversidade Microbiana da Amazônia com Importância para a Saúde (DMAIS), da Fiocruz Amazônia.

A Casa Mamãe Margarida é uma instituição não-governamental, vinculada à Inspetoria Laura Vicunã. Fundada em 1986, a entidade abriga atualmente 210 crianças e adolescentes do gênero feminino, mas tem capacidade para até 300 meninas em situação de vulnerabilidade social, com projetos de fortalecimento de vínculos familiares e o acolhimento para crianças e adolescentes que tiveram direitos violados e com medida protetiva vigente. Atualmente, a instituição se mantém por meio de doações e conta com fomento público (Prefeitura de Manaus e Governo do Estado). Para a assistente social da Casa, Roselande de Souza Vieira, a presença da Fiocruz na instituição é uma oportunidade para a oferta de serviços para as crianças e adolescentes assistidos, bem como suas famílias.

SOBRE A CASA

A Casa Mamãe Margarida nasceu para responder às questões sociais que atingiam a dignidade, cidadania e a individualidade de crianças, adolescentes, jovens e famílias desta região. A situação de crianças, adolescentes na periferia da cidade de Manaus, vitimados pelas várias formas de violência, sendo as principais tráfico e o uso de drogas, abuso e violência sexual e a violência doméstica, negligência, situação e rua afetam diretamente as famílias sendo os motivos mais frequentes da desestruturação familiar. Esta realidade foi determinante para o empenho e investimento institucional na busca de parceiros, para suprir tanto o aspecto econômico como também em dispensar recursos humanos qualificados para responder aos anseios e necessidades da comunidade. Entre as violações de diretos das quais as crianças e adolescentes da Casa são vítimas, estão abandono, negligência, exploração sexual, violência juvenil, visível nas ruas.

FORTALECENDO O SUS

O Projeto Moetá é um dos três subprojetos do Programa Fortalece SUS, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, com a finalidade de promover a formação de comunicadores populares especializados em saúde (CPES) para atuar na disseminação de informações científicas, garantindo uma linguagem atraente, acessível, utilizando metodologias de comunicação inclusiva e produzindo conteúdo informativo para a população em geral. No ano passado, o Moetá conseguiu realizar um total de 398 oficinas em 67 instituições de diferentes localidades e zonas de Manaus, alcançando aproximadamente 3,5 mil pessoas, a maioria estudantes da rede pública estadual com repasse de informações em saúde, atividades lúdicas, palestras e serviços de orientação e cuidados em saúde e meio ambiente.

A coordenadora geral do Programa Fortalece SUS, Rita Bacuri, que é pesquisadora social da Fiocruz Amazônia, explica que ao Moetá somam-se as atividades de outros dois projetos – Ágape (voltado para mulheres migrantes) e o Mestrado Profissional em Epidemiologia e Saúde da Mulher e da Criança (para profissionais da área da saúde). “Investir em ações de Educação em Saúde é fundamental para a promoção do SUS e sobretudo a popularização da Ciência. A Fiocruz, como produtora de conhecimento científico, tem o compromisso de fazer valer a máxima de que é preciso ir onde o povo está”, avalia Rita Bacuri. A abertura contou com a presença do boneco Oswaldinho, mascote da Olimpíada Brasileira de Saúde e Meio Ambiente (Obsma), da Fiocruz.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Júlio Pedrosa