Doutorado do PPGBIO-Interação da Fiocruz Amazônia tem primeira defesa de tese marcada para o dia 14/03
O curso de Doutorado do Programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro (PPGBIO-Interação), do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), terá a sua primeira defesa de tese realizada no próximo dia 14/03, às 18h, no formato remoto, representando um marco histórico para o programa, instituído em 2021. O trabalho de conclusão é do biólogo Leormando Fortunato Dornelas Júnior, 31, e tem como tema “Ectoparasitos e seus patógenos que parasitam morcegos (MAMMALIA, CHIROPTERA) na região central de Rondônia”, pesquisa desenvolvida ao longo de quatro anos, com orientação do professor-doutor Luis Marcelo Aranha Camargo, da Universidade de São Paulo (USP) e co-orientação do pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Felipe Arley Costa Pessoa.
Natural de São Paulo, Leormando é graduado em Ciências Biológicas e pertence à primeira turma do PPGBIO-Interação. “Ser o primeiro doutorando da turma 2021.1 a defender a tese no PPGBIO-Interação é uma honra e grande privilégio. Para mim, uma conquista significativa”, explica ele, ressaltando que ingressou no Doutorado no período crítico da pandemia de Covid-19. “Foi um momento difícil, porém de muita dedicação e aprendizado, onde tudo era realizado de forma remota, e o distanciamento impunha novas dificuldades”, lembra.
O doutorando enfatiza que, com o tempo, as atividades começaram a retornar gradualmente, mas os impactos da pandemia eram perceptíveis, especialmente na pesquisa. “Foi necessário me adaptar a essa nova realidade, equilibrando o aprendizado online com a necessidade de manter o foco nos estudos e na coleta de dados”, relata. A falta de interação presencial com colegas e orientadores, aliada à pressão por resultados, segundo ele, tornou o processo ainda mais desafiador. “A experiência, no entanto, fortaleceu minha resiliência, aprimorou minha organização e autonomia e me ensinou a buscar soluções criativas para os obstáculos da pesquisa”, afirma.
Para Leormando, chegar até aqui simboliza não apenas um avanço acadêmico, mas também a superação de um período adverso que contribuiu para o seu crescimento pessoal e profissional. “Hoje, percebo o quanto essa trajetória contribuiu para meu crescimento pessoal e profissional”, observa ele, enaltecendo o papel do Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro para a região amazônica.
“O PPGBIO-Interação tem um papel essencial para a região amazônica, especialmente diante da escassez de profissionais qualificados em diversas áreas de pesquisa. Ao formar pesquisadores altamente capacitados, o programa contribui diretamente para o avanço do conhecimento científico e para o desenvolvimento de soluções adaptadas às particularidades da Amazônia”, salienta, acrescentando que o Programa abre portas para novas frentes de pesquisa, estimulando investigações sobre a biodiversidade, a ecologia de patógenos e hospedeiros, e os desafios da saúde pública na região.
Leormando destaca ainda que, ao fortalecer a pesquisa e a inovação científica, o PPGBIO-Interação não apenas impulsiona o conhecimento acadêmico, mas também gera impactos positivos para as comunidades locais, promovendo o desenvolvimento sustentável e a melhoria da qualidade de vida na Amazônia. “A interação entre diferentes disciplinas proporciona uma visão ampla e integrada dos problemas locais, permitindo a criação de estratégias mais eficazes para a conservação ambiental e o controle de doenças tropicais negligenciadas”, pontua.
IMPACTO
De acordo com Leormando, os resultados obtidos com a pesquisa reforçam a necessidade de vigilância epidemiológica, uma vez que a identificação de novos registros de ectoparasitos e a detecção de patógenos com potencial zoonótico evidenciam a relevância desses organismos na dinâmica de transmissão de doenças. “A caracterização da diversidade e distribuição dessas espécies permitem avaliar os riscos associados à transmissão de patógenos, contribuindo para o desenvolvimento de estratégias de monitoramento na região, daí o impacto significativo do trabalho tanto para a saúde pública quanto para a conservação da biodiversidade na Amazônia, especialmente em uma região pouco estudada como Rondônia”, assegurou.
O doutorando explica que há ausência de informações sobre a interação entre morcegos, ectoparasitos e seus patógenos, fator que torna a pesquisa “essencial” para preencher essa lacuna e ampliar o conhecimento sobre o tema. “Além do impacto sanitário, a pesquisa fortalece o conhecimento taxonômico e biogeográfico dos ectoparasitos, permitindo uma melhor compreensão das relações entre hospedeiros e parasitas”, afirma. Ele ressalta também que o estudo aponta o potencial do fenômeno do “spillover”, que se refere à transmissão de patógenos de animais silvestres para humanos ou outros animais, além de criar estratégias de mitigação de riscos, especialmente em uma área de alta biodiversidade e intenso contato entre humanos e a fauna silvestre.
ABRANGÊNCIA
Coordenadora do PPGBIO-Interação, a pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Priscila Ferreira Aquino, afirma que essa primeira defesa de tese representa um marco significativo para o Programa. “É um momento de felicidade e concretização da missão institucional do Programa, dando uma devolutiva também a sociedade ao formar um Doutor que possa atuar frente às particularidades locais de agravos de saúde, em específico associada a interação patógeno hospedeiro”, afirma Aquino.
A pesquisadora comenta que o trabalho do discente Leormando Dornellas está inserido na linha de pesquisa 1 do Programa (Eco-epidemiologia das Doenças Transmissíveis) e demonstra a abrangência que os estudos do PPGBIO-Interação podem alcançar. “A tese vem contribuir quanto à biodiversidade de organismos hospedeiros e/ou de agentes patogênicos para a compreensão de fatores ecológicos em Monte Negro, Rondônia; demonstrando que as pesquisas desenvolvidas no Doutorado do Programa podem alcançar outros estados na Amazônia”, observou.
ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa
Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia