Projeto da Fiocruz Amazônia de vigilância alimentar e nutricional indígena realiza oficina com etnias de Novo Airão

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), por meio do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa), realizou durante três dias (10, 11 e 12/12) mais uma oficina do Projeto Fortalecimento do Sistema de Vigilância Alimentar e Nutricional Indígena através da Inclusão das Práticas e Saberes Tradicionais em Territórios Indígenas do Distrito Sanitário Indígena de Manaus, desenvolvido pela pesquisadora da Fiocruz Amazônia, Kátia Lima. Desta vez, o foco do trabalho foram os profissionais de saúde (indígenas e não-indígenas) da comunidade indígena Maku Ita, localizada no município de Novo Airão, a 125 quilômetros da capital. A oficina aconteceu na comunidade, com apoio da associação Makui Ita, Conselho Distrital de Saúde Indígena de Manaus (Condisi/MAO) e Distrito Sanitário Indígena de Manaus (DSEI/MAO), com a participação de indígenas das etnias Dessana, Kokama, Baré e Saterê-Maué.

O projeto, financiado pelo Programa Fiocruz de Fomento à Inovação (Inova Fiocruz), tem como objetivo contribuir com o fortalecimento do sistema de vigilância alimentar e nutricional em áreas indígenas do Estado do Amazonas a partir da percepção dos profissionais de saúde (indígenas e não indígenas) e da inclusão das práticas e saberes tradicionais. Durante a oficina, foram promovidas rodas de conversa sobre segurança alimentar e saúde indígena, tendo como pautas questões relacionadas ao consumo de água potável, à importância da amamentação, alimentos regionais, aos ciclos da água, à importância do consumo de carnes magras e prejuízos causados à saúde pelos refrigerantes e alimentos embutidos. “Hoje, sabemos que o acesso aos alimentos ultraprocessados é muito mais fácil e vem sendo incorporados também à dieta alimentar das famílias em muitas comunidades indígenas”, afirma Kátia Lima.

Através de orientações básicas, a oficina busca analisar a percepção dos profissionais de saúde acerca da alimentação e nutrição nas aldeias e os agravos relacionados, além de identificar as práticas tradicionais alimentares e o uso da medicina tradicional nas áreas indígenas do estudo. O projeto prevê a realização de 12 oficinas de formação dos profissionais de saúde em diferentes regiões do Estado, além de seminários de divulgação dos resultados, elaboração de mapas para identificar as práticas de cultivo ou aquisição e consumo de alimentos, distribuição de cartilha sobre alimentação e nutrição elaboradas com a participação dos indígenas e um livro com receitas culinárias com as escritas compartilhadas com os indígenas. Um documentário sobre o projeto está em fase de produção.

O Instituto Indígena Maku Ita de Novo Airão é uma associação sem fins lucrativos de defesa dos direitos sociais que busca desenvolver ações de promoção da cultura, saúde, educação, esporte e habitação das comunidades indígena.

ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa

Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia