Fiocruz Amazônia discute impacto da crise climática na mobilidade urbana, trânsito e transporte em fórum da UFG
O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) foi uma das instituições convidadas a participar do 8º Fórum Goiano de Mobilidade Urbana e Trânsito, que aconteceu entre os dias 18 e 19/11, na cidade de Goiânia, promovido pela Universidade Federal de Goiás (UFG) e Secretaria de Estado da Saúde. A finalidade do evento foi de promover a discussão sobre o tema (In)Segurança Climática e Saúde: Repensar o Transporte no Ambiente Urbano, à luz da visão de estudiosos, tomadores de decisão, profissionais diversos, comunidade, pesquisadores e autoridades locais e de outras regiões do País para a discussão e reflexão sobre os desafios e inovações no campo da mobilidade urbana e do trânsito. O epidemiologista Jesem Orellana, pesquisador da Fiocruz Amazônia, ministrou a palestra de abertura do evento, enfocando em aspectos da emergência climática que afetam diretamente a questão da mobilidade, no contexto urbano e rural amazônico.
“Secas severas, poluição atmosférica causada pela fumaça oriunda das queimadas e a péssima qualidade do ar que se respira agravam o impacto das mudanças climáticas sobre a vida das pessoas, no seu dia-a-dia”, explica o pesquisador, que é chefe do Laboratório de Modelagem em Estatística, Geoprocessamento e Epidemiologia (Legepi), da Fiocruz Amazônia. Orelllana participou também, como debatedor, da 8ª Mostra Acadêmica de Engenharia de Transportes e 8º Seminário de Trânsito e Saúde Pública, eventos que aconteceram em associação ao fórum, realizado na Pontifícia Universidade Católica (PUC), em Goiânia.
O público-alvo do evento foram profissionais das áreas da saúde, trânsito, geografia, mobilidade, engenharias, logística, meio ambiente bem como acadêmicos das diversas áreas. A intenção foi a de proporcionar uma experiência integrada reunindo universidades, órgãos públicos, instituições de pesquisa, entidades privadas e movimentos sociais ligados à cidade na busca da promoção da saúde e mobilidade segura e sustentável. Para Jesem Orellana, temas como acessibilidade, educação, mobilidade, saúde, tecnologia, trânsito e transporte fazem parte dos desafios das cidades frente à crise climática.
“A mobilidade também está em crise. A vida em sociedade é uma estratégia crucial para assegurar o convívio coletivo de humanos. Sua viabilidade, envolve a adequada configuração das cidades ou espaços geográficos e o racional gerenciamento de ameaças internas e externas, permitindo não apenas uma mobilidade sustentável, como também o acesso oportuno a espaços públicos e serviços de qualidade, visando o bem-estar e a qualidade de vida da população”, salientou o pesquisador, em sua palestra. Segundo ele, no Brasil, até poucos anos atrás, não era comum pensarmos em planos de mobilidade urbana e sua relação com ameaças de ordem climática e ambiental, especialmente no nível municipal ou em termos metropolitanos.
“A gestão de políticas públicas relativas à mobilidade urbana de dezenas de cidades brasileiras, extrapola os limites político-administrativos de um município, impondo desafios cada vez mais complexos e dinâmicos. Ainda mais incomum, era associarmos atividade econômica agrosilvopastoril, industrial ou mesmo de transporte de pessoas e mercadorias como fenômenos ligados a potenciais prejuízos na mobilidade urbana e na qualidade de vida da população”, ressaltou.
No entanto, segundo Orellana, a sequência e o efeito conjunto de acontecimentos políticos, econômicos, militares, culturais, tecnológicos, jurídico-normativos, demográficos e ambientais, em escala global e regional, tem desafiado de forma inédita a humanidade e a nossa capacidade de resposta e adaptação frente às mudanças climáticas, traduzidas na ocorrência de extremos climáticos cada vez mais frequentes, duradouros e com efeito cascata, como a ocorrência simultânea de epidemias, ondas de calor e inéditos períodos de estiagem, por exemplo.
“Precisamos garantir a implementação de mudanças positivas, por nós, nossos antepassados e para as gerações futuras, a partir de visões como a de Saúde Única, atuação intersetorial e colaborativa e de cidades resilientes e sustentáveis”, afirma.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Divulgação / UFG