Fiocruz Amazônia tem trabalho de pós-graduação premiado na XVII Reunião Nacional de Pesquisas em Malária, em Belém

A Fiocruz Amazônia teve trabalho de pós-graduação premiado na XVII Reunião Nacional de Pesquisas em Malária, ocorrida entre os dias 6 e 9/11, na cidade de Belém (PA). O estudo, intitulado “Efeito de uma refeição sanguínea adicional na infectividade de Plasmodium vivax em Anopheles darlingi colonizado”, é de autoria da mestranda Ana Carolina Monteiro, 24, aluna do Programa de Pós-graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro (PPGBIO-INTERAÇÃO). O pôster ficou em segundo lugar entre os mais de 160 trabalhos expostos. O objetivo da pesquisa, segundo Ana Carolina, é avaliar o efeito de uma refeição sanguínea adicional na taxa e intensidade de infecção de Plasmodium vivax em Anopheles darlingi colonizado.

“O sangue humano oferece grande vantagem para o fitness do mosquito e, por conta disso, autores afirmam que essa dependência de sangue resulta em frequentes episódios de alimentação sanguínea durante seu ciclo. No entanto, apesar dessas informações estarem bem estabelecidas na literatura, poucos estudos levam em conta a influência que diversas alimentações podem ter em seus experimentos”, resume. Ana Carolina é bacharel em Ciências Biológicas pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam).

“A sensação é, primeiramente, de felicidade por ter tido o projeto reconhecido de maneira tão linda. Sinto também gratidão às minhas orientadoras Dra. Stefanie Costa Pinto Lopes e Dra. Camila Fabbri pela confiança e pelos ensinamentos. E por fim, sinto orgulho de representar o ILMD/Fiocruz Amazônia e o curso PPGBIO-INTERAÇÃO nessa premiação. Tudo que aprendi no curso até agora, seja nas disciplinas ou DPs, foi essencial para que eu alcançasse essa premiação”, avalia a mestranda, que participou pela primeira vez da RNPM.

A XVII RNPM acontece há 38 anos. Este ano, sob a coordenação do Instituto Evandro Chagas e presidência de honra do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz), teve como tema “Malária nas Américas: Perspectivas Rumo à Eliminação sob o Olhar da Saúde Global”. Contou com diversas sessões científicas, que trouxeram novas abordagens, inclusive mesas-redondas sobre comunicação, inovação em saúde e o impacto das mudanças climáticas na epidemiologia e transmissão da malária numa região endêmica para a doença. Como evento satélite, ocorreu o II Fiocruz NIAID Symposium “Global Health Threats in a Changing Environment”, dias 4 e 5/11, promovido pela Fiocruz.

TROCA DE EXPERIÊNCIAS

A diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, que é pesquisadora especialista em malária e coordenou, no evento, a mesa-redonda Malária e Modelos Preditivos, no Simpósio Parceria para Eliminação do Plasmodium Vivax – Sobre Recorrências da Malária por Plasmodium Vivax, explica que a reunião proporcionou uma rica troca de experiências entre os mais diversos atores participantes. “Tínhamos atores da ciência, do serviço e de gestão; Ministério da Saúde, secretarias, pesquisadores, academia, estudantes e, também, ACS (agentes comunitários de saúde), o que proporcionou um rico intercâmbio e discussões sobre os novos achados, as inovações, os conhecimentos produzidos em dois anos e o que há de novas estratégias para eliminação da malária Falciparum até 2030 e a Vivax até 2035”, relata Stefanie.

Segundo a diretora, a Fiocruz Amazônia concorreu também ao Prêmio Jovem Pesquisador Brasileiro de Destaque no Brasil em Malária e à Entrega da Medalha Ruth Nussenzweig, com a pós-doutoranda do ILMD, Camila Fabbri. A Medalha Ruth Nussenzweig é concedida a pesquisadores com até 10 anos de conclusão do doutorado e que estejam desenvolvendo trabalhos com impacto para as pesquisas em diferentes linhas de atuação no campo da malária. “Camila, que é pós-doc no ILMD, concorreu com mais três pesquisadores, tendo a oportunidade de mostrar seu trabalho e mostrar o ILMD/Fiocruz Amazônia para estudantes e pesquisadores em malária do Brasil e exterior”, ressalta. A XVII RNPM contou com representantes de diversos países, em especial, da América Latina (Venezuela Colômbia, Paraguai, Panamá e Equador) e também EUA , Suíça e França

SOBRE RUTH NUSSENZWEIG

Ruth Sonntag Nussenzweig foi uma renomada imunologista, nascida na Áustria em 1931 e falecida em 2018. Reconhecida por suas importantes contribuições no campo da pesquisa em malária, foi uma das principais cientistas que dedicaram sua carreira ao estudo da doença. Entre suas principais contribuições para a pesquisa em malária está o desenvolvimento de uma vacina experimental contra a malária, conhecida como vacina PfSPZ, que serviu de embasamento para o desenvolvimento da vacina RTS,S (Mosquirix), a primeira vacina contra a malária aprovada pela OMS.

Ruth Nussenzweig foi uma das pioneiras no estudo da imunidade adquirida contra o Plasmodium e realizou importantes avanços na compreensão dos mecanismos de resposta imunológica do hospedeiro contra a doença. O legado de Ruth Nussenzweig na pesquisa em malária é marcado pela sua dedicação e paixão pelo estudo da doença, que resultou em importantes avanços científicos e no desenvolvimento de novas estratégias de prevenção e tratamento. Seu trabalho inspirador influenciou gerações de cientistas e continuará a ser uma referência no campo da imunologia e malária.

ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa

Fotos: Divulgação