Fiocruz Amazônia sedia palestra de pesquisadora polonesa sobre impacto da pandemia de Covid-19 na demografia da Europa Central
O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) receberá na próxima quinta-feira, 7/11, às 9h, a pesquisadora do Centro Interdisciplinar de Modelagem Matemática e Computacional da Universidade de Varsóvia, na Polônia, Aneta Afelt, para ministrar a palestra “Impacto da Pandemia de Covid-19 na demografia: Exemplo da Europa Central – Polônia. Geógrafa de formação, Aneta lida com geografia da saúde e ciência ambiental, concentrando suas pesquisas na aplicação interdisciplinar da geografia e em análises epidemiológicas complexas. A pesquisadora está no Brasil participando da primeira missão do Projeto Mosaic na América Latina. O Mosaic é desenvolvido pelo IRD – Institut de Recherche pour le Développement, em Montpellier (França), e percorreu a região do Alto Solimões, no Amazonas, na Tríplice Fronteira (Brasil/Peru e Colômbia), e o Oiapoque, na fronteira entre o Brasil e a Guiana.
A palestra acontecerá a partir das 9h, na Sala 101, no primeiro andar, da sede da Fiocruz Amazônia. Nos últimos meses, a atividade de Aneta Afelt tem se concentrado principalmente na análise da situação epidemiológica do SARS-CoV-2 na Polônia e no mundo. Em março de 2020, ela se tornou membro da equipe COVID-19 no Ministério da Ciência e Ensino Superior e consultora científica para representantes nacionais para atividades COVID-19 no Conselho Europeu de Pesquisa (ERC). Desde junho/2024, é Secretária da Equipe Consultiva COVID-19 da Presidência da Academia Polonesa de Ciências. Em outubro de 2019, integra o grupo Espace-DEV, cuja área de pesquisa é modelagem de nichos socioecológicos. Este laboratório é afiliado ao IRD.
A pesquisadora destaca que a Polônia é o maior condado da parte central da Europa, e o oitavo país mais rico e com a oitava maior população (37,6 milhões de habitantes) da região. Ela explica que, durante a pandemia de COVID-19, a Polônia foi significativamente afetada, registrando índice altíssimo de óbitos. “O percentual de infectados aumentou drasticamente no outono de 2020 e a primeira grande onda de mortes em excesso foi observada no final do ano. Estima-se que, até o final de 2020, pelo menos 60% da população do país tenha sido exposta ao vírus”, comenta, acrescentando que, de acordo com o número total de mortes registrado no País, em 2020 (485.604) e 2021 (518.700), o país teve 63.273 mortes em excesso em 2020 e 101.611 em 2021, respectivamente. Durante os anos da pandemia, cerca de 7000 pessoas morreram a cada semana na Polônia.
Aneta participa de projetos internacionais no campo da epidemiologia e saúde pública, incluindo a Organização Mundial da Saúde (OMS). Ela trabalha, entre outros, nos países do Sudeste Asiático, onde estuda a relação entre distúrbios ambientais antropogênicos e o risco de novas zoonoses. Ela salienta que um lugar particularmente importante para a aplicação da geografia e das ciências ambientais é no conceito One Health, cuja filosofia é a consideração interdependente da saúde humana, animal e ambiental em um nicho socioecológico.
Em abril de 2018, junto com colegas, publicou um artigo prevendo o risco de um novo surto de coronavírus na região do Sudeste Asiático: “Morcegos, Coronavírus e Desmatamento: Rumo ao Surgimento de Novas Doenças Infecciosas?” (Frontiers in Microbiology). Ela foi uma das primeiras vozes públicas no país a falar abertamente sobre o inevitável aparecimento do vírus SARS-CoV-2 na Polônia. Como razão para a inevitabilidade da colonização da comunidade global pelo vírus, ela se refere à nossa conectividade – intercontinental e regional como uma rede de transmissões individuais de humano para humano.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Imagem: Edilson Soares