Seminário discute Amazônia no contexto dos eventos climáticos extremos

O Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSC) da Universidade do Estado do Amazonas (UEA) e o curso de Doutorado Acadêmico em Saúde Pública na Amazônia (DASPAM), desenvolvido em parceria com o Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/ Fiocruz Amazônia), promoveram nos dias 20 e 21/6, o seminário “Saúde Coletiva e Sustentabilidade: Amazônia no Contexto dos Eventos Climáticos Extremos”. O evento reuniu especialistas de diversas instituições para discutir os desafios socioambientais e de saúde na Amazônia.

Compuseram a mesa de abertura do seminário, o Coordenador da ESA, Antônio Eduardo Martinez; o Pró-reitor de Pesquisa e Pós-graduação da UEA, Roberto Sanches Mubarac; o Coordenador do PPGSC, André Luiz Machado das Neves; a Coordenadora do evento, Samia Feitoza Miguez; o Coordenador de Extensão da UEA, Wagner Ferreira Monteiro, e a pesquisadora, Luiza Garnelo, Docente do DASPAM e, Coordenadora do Laboratório de Situação de Saúde e Gestão do Cuidado de Populações Indígenas e outros grupos vulneráveis (SAGESPI – ILMD / Fiocruz Amazônia).

Representando a Vice-Diretora de Pesquisa e Inovação do ILMD/ Fiocruz Amazônia, a pesquisadora Luiza Garnelo, avalia o seminário de forma positiva, em especial para o estabelecimento de uma agenda que possibilite a discussão das questões climáticas, dado o atual momento de transição climática. “É um evento super importante, pois nós estamos vivendo essa grande transição climática, absolutamente negativa, mas a gente precisa superar essa unidisciplinaridade que a saúde muitas vezes adota, e o sanitarismo é um ambiente propício para isso, e abrir essa agenda de discussão, da questão climática, do socioambientalismo, da sociodiversidade e das desigualdades socias, gerando perfis endêmicos diversos, e para além disso, olharmos um pouco a sociedade civil amazônica e essas desigualdades socias que são o pano de fundo”, destaca Garnelo.

Coordenadora do evento, Samia Feitoza Miguez, destacou a importância do envolvimento dos profissionais que atuam na saúde coletiva, neste debate. “A saúde coletiva tem um papel fundamental nessa discussão, não só dos nossos futuros sanitaristas perceberem e problematizarem isso dentro das suas pesquisas como um tema transversal, mas abordarem diretamente os efeitos e consequências sanitárias que esse cenário de mudanças climáticas tem produzido, principalmente num contexto marcado por desigualdades sociais e econômicas. Não temos mais como pensar em adentrar esses múltiplos territórios amazônicos de unidades de conservação, de terras indígenas, de assentamentos, de áreas de várzea, sem pensar nessa problemática, sem pensar que ela é o nosso pano de fundo”, explica.

Segundo Samia, o atual momento climático, reafirma a necessidade de novos olhares e discussões sobre novos quadros sanitários. “Em outro momento, pensávamos que a sustentabilidade era o nosso pano de fundo, era preciso discutir o desenvolvimento sustentável, os objetivos do milênio, a agenda 2030. Agora, a gente chegou no momento, que precisamos discutir também as dinâmicas e atividades de regeneração dessas áreas que estão sendo impactadas. A gente já precisa pensar em problematizar esses novos quadros sanitários, e pensar nos efeitos que isso tem ocasionado na produção de doenças, de agravos emergentes, reemergentes, dentro dessas situações todas”, enfatiza.

Roberto Sanches Mubarac, avaliou de forma positiva a realização do evento. “Os dois programas tiveram muita felicidade em fazer essa articulação entre a saúde e a sustentabilidade, fazendo essa transversalidade extremamente importante, não focando apenas no público da pós-graduação, mas trazer também os alunos da graduação para fazer essa discussão. A gente precisa formar essas novas gerações para lidar com problemas tão sérios que a nossa geração deixou. Esse evento é essencial para que a gente possa aprender com os povos indígenas, com as novas gerações, para que a gente possa lutar por perspectivas melhores para nossa sociedade”, destaca.

SOBRE O PPGSC

O curso estrutura-se em torno de uma única área de concentração, SAÚDE COLETIVA. A área produz saberes e conhecimentos acerca do objeto “saúde”, articulando distintas disciplinas (epidemiologia; ciências sociais e humanas em saúde; políticas, planejamento e gestão de sistemas e serviços de saúde) que o contemplam sob vários ângulos; e um âmbito de práticas, onde se realizam ações em diferentes contextos por diversos atores, dentro e fora do espaço convencionalmente reconhecido como “setor saúde”.

Como campo de conhecimento, a Saúde Coletiva estuda o fenômeno saúde-doença enquanto processo social em populações; investiga a produção e distribuição das doenças na sociedade como resultado de processos de produção e reprodução social; analisa as práticas de saúde na sua articulação com as demais práticas sociais; procura compreender as formas pelas quais a sociedade identifica suas necessidades e problemas de saúde, busca sua explicação e se organiza para enfrentá-los. O programa se propõe a aprofundar o conhecimento técnico e acadêmico na saúde coletiva no contexto amazônico, aliado ao desenvolvimento de competências e habilidades na condução de estudos na área de Saúde Coletiva.

SOBRE O DASPAM

O curso tem como objetivos: Capacitar pesquisadores para exercitar análises críticas, utilizando, de forma integrada, conceitos e recursos metodológicos da saúde coletiva, biologia parasitária, epidemiologia, ciências sociais aplicadas à saúde, e de outras áreas conexas; Desenvolver modelos analíticos de processos de saúde/doença/cuidados, tomando como referência o quadro epidemiológico, econômico, sócio antropológico, histórico, biológico e ambiental no cenário regional e suas interfaces com os contextos nacional e internacional de globalização da Amazônia; Contribuir, teórica e tecnicamente, para a formulação, implementação e gestão de políticas setoriais, bem como atuar, neste campo, na docência e na pesquisa.

ILMD / Fiocruz Amazônia, por Eduardo Gomes
Fotos: Eduardo Gomes