Fiocruz Amazônia reafirma e dialoga com o CMA para realização de pesquisas em áreas de atuação do Exército

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) deu início às tratativas junto ao Comando Militar da Amazônia (CMA) para formalização do protocolo de intenções que permitirá a realização de pesquisas científicas em áreas de atuação do Exército Brasileiro nos Estados da Amazônia Ocidental. A diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, se reuniu na última terça-feira, 19/03, com o general Washington Rocha Triani, chefe do Estado maior do CMA, para discutir os detalhes da cooperação. Nesta reunião, foi pontuada a elaboração de planos de trabalho que possibilitem o acesso e a permanência de curta duração dos pesquisadores nas unidades militares, parceria para realização de projetos de pesquisa, além de oferecimento de cursos de qualificação e disponibilização de vagas nos programas de pós-graduação da unidade para profissionais da corporação que tenham interesse na área da saúde.

A reunião contou com representantes do Núcleo de Estudos Estratégicos do CMA, da Inspetoria de Saúde da 12ª Região Militar, Centro de Instrução de Guerra na Selva (CIGS), 2º Grupamento de Engenharia e 1º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS). Stefanie Lopes foi acompanhada pela vice-diretora de Pesquisa e Inovação, Michele Rocha El Kadri, a vice-diretora de Educação, Informação e Comunicação, Rosana Parente, e o vice-diretor de Gestão e Desenvolvimento Institucional, Aldemir Maquiné. “Nossa intenção é começar a por em prática o acordo de cooperação já firmado com o CMA, e retomar as atividades que foram suspensas desde a pandemia de Covid-19, identificando o que vamos fazer e quais os pesquisadores que estarão atuando nesses territórios. Temos muito a trabalhar e muito a cooperar em conjunto”, afirmou Stefanie.

A cooperação prevê, entre outras atividades, ações de vigilância em saúde na fronteira, investigação de patógenos em fauna silvestre, epidemiologia, com imersões em áreas de selva para coleta de material biológico (amostras sanguíneas e de tecido) de animais e testagem em soldados que vão a essas áreas para avaliar quais as doenças infecciosas que podem carrear durante treinamentos. “Precisamos juntar esforços para irmos além do que estamos fazendo até agora dentro do acordo de cooperação, firmado com o CMA em 2019, no que se refere à pesquisa”, reforçou a diretora, recebendo total apoio por parte do chefe do Estado Maior do CMA, general Washington Triani.

“O interesse é de todos nós que estamos presentes na região amazônica e para a Fiocruz que detém o conhecimento científico. Estaremos a postos para apoiar e disponibilizar nossas estruturas para o desenvolvimento de pesquisas”, destacou o general Triani, acrescentando que o CMA já possui protocolo de intenções a serem firmados com outras instituições de pesquisa e ensino do Estado, a exemplo da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA) e Fundação de Medicina Tropical Dr Heitor Vieira Dourado (FMT). “Faz-se necessário definir quais as linhas interesse das instituições”, observou.

Stefanie Lopes salientou a importância da cooperação entre a Fiocruz e o CMA para o monitoramento e respostas às epidemias. “Alguns dos batalhões e pelotões de fronteira estão localizados em área de risco para leishmaniose, malária, arboviroses e outras doenças tropicais e infecciosas. Precisamos ficar preparados para novas doenças que podem emergir e a Amazônia pode ser o epicentro disso por conta das ações antrópicas, desmatamento e mudanças climáticas “, argumentou. Essa atuação conjunta de vigilância fortalece a preparação para o que possa surgir, identificando novos agentes infecciosos e a potencialidade dos mesmos em tempo hábil para a adoção de medidas de mitigação, segundo a diretora do ILMD/Fiocruz Amazônia.

NOVA SEDE

Entre as ações previstas no acordo de cooperação firmado entre a Fiocruz e o Comando Militar da Amazônia, em 2019, estão a cessão do terreno para a construção da nova sede da Fiocruz Amazônia. “Quando assumi interinamente em setembro, estive na sede do 1º BIS para mostrar a evolução do projeto da nova sede, que é uma das ações melhor encaminhada dentro do acordo”, afirmou Stefanie, adiantando que espera que o início das obras de construção da nova sede aconteça ainda este ano.

A nova sede fica na Avenida São Jorge, em área oficialmente cedida pelo 1º Batalhão de Infantaria de Selva (BIS), do Exército. O projeto arquitetônico está sendo realizado pela empresa cearense Architectus S/S Arquitetura e Engenharias – especializada em projetos integrados, planos urbanísticos e gerenciamento de obras, com atuação nacional.

A proposta apresentada é a de um prédio funcional, com seis andares e capacidade para concentrar todos os laboratórios de pesquisa da Fiocruz Amazônia, ocupando uma área de 14.512,80 metros quadrados, com possibilidade para futuras ampliações.

O prédio contará com quatro andares para laboratórios, gestão, serviços, bicicletário, ambulatório, oca, salas com divisórias retráteis que se transformam em auditório com capacidade para 100 pessoas, área de exposições, vestiário e estacionamento, entre outros espaços. A nova sede primará também pela sustentabilidade, com selo PBE Edifica Procel, que atesta a redução do custo energético da edificação, e Processo Aqua de certificação de construção sustentável.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Júlio Pedrosa