Casos de Síndrome Respiratória Aguda têm recorde histórico
Em parceria com o Ministério da Saúde (MS), a Fiocruz e a Fundação Getúlio Vargas (FGV) desenvolveram o sistema InfoGripe para monitoramento dos casos notificados de Síndrome Respiratória Aguda Grave (SRAG) no Brasil. Atualizado semanalmente, o sistema registrou um aumento de cerca de dez vezes na média histórica de hospitalizações por SRAG, depois da notificação do primeiro caso de Covid-19 no dia 25 de fevereiro.
“Os dados indicam que a infraestrutura de atendimento hospitalar já está observando uma carga de ocupação em função de Síndrome Respiratória Aguda Grave [SRAG] extremamente elevada, acima da média. Já vinha acima do esperado e com tendência de alta. Porém, nas duas últimas semanas, disparou”, explicou o coordenador do InfoGripe, Marcelo Gomes, que é pesquisador do Núcleo de Métodos Analíticos para Vigilância em Saúde Pública do Programa de Computação Científica (Procc/Fiocruz). Na FGV, pesquisadores da Escola de Matemática Aplicada são os responsáveis pelo sistema.
Gomes esclarece ainda que, desde a nova portaria do MS, todos os casos de SRAG passam a ser suspeitos de Covid-19. “Certamente, nem todos os casos levantados pelo relatório são casos de Covid-19, mas não sabemos ainda qual o percentual foi em decorrência de qual vírus respiratório. A mudança brusca de comportamento sugere que há algo diferente acontecendo, e isso pode ser justamente o novo coronavírus. Seriam necessários exames laboratoriais para saber qual agente infeccioso está causando estas internações, saber quantos casos são influenza e quantos são do novo coronavírus”.
Em anos anteriores, o sistema registrou uma média de 250 casos nos meses de fevereiro e março. Este ano, apenas na semana de 23 a 29 de fevereiro, 662 pessoas foram internadas no país com sintomas como febre, tosse, dor de garganta e dificuldade respiratória. Na semana dos dias 15 a 21 de março, o número de novos internados subiu para 2.250 pacientes, de acordo com a projeção das notificações oficiais enviadas ao MS por unidades de saúde, hospitais públicos e alguns privados de todo o país. A SRAG pode ser causada por vários vírus, como influenza, adenovírus, os quatro coronavírus sazonais que já circulavam anteriormente, e o novo coronavírus. A definição de caso de SRAG pode ser encontrada aqui.
Esses números sugerem que o aumento de internações pode ter ocorrido em decorrência da Covid-19, embora nem todas as pessoas hospitalizadas tenham sido testadas para a doença, considerando atraso de resultados dos exames específicos para o Covid-19. O InfoGripe fornece, para todas as regiões brasileiras e seus respectivos estados, a estimativa de casos recentes, indicadores associados ao plano de contingência para vigilância do vírus influenza sazonal, canais endêmicos e limiares de atividade semanal.
Os dados indicam que o país se encontra em situação significativamente acima do padrão histórico desde o início do ano. Além disso, atualmente apresenta crescimento e incidência acima do limiar pré-epidêmico. Todas as regiões do país encontram-se atualmente na zona de risco.