Fiocruz Amazônia presente na lista dos 107 pesquisadores brasileiros que mais influenciam políticas públicas no Mundo
Dois cientistas do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) estão entre os pesquisadores brasileiros que mais influenciam políticas públicas, segundo levantamento publicado nesta quinta-feira, 6/11, pela Agência Bori. O virologista Felipe Gomes Naveca e o médico infectologista Marcus Vinicius Guimarães Lacerda figuram no relatório, realizado em parceria pela Agência Bori e a Overton, uma plataforma internacional que trabalha com ciência e políticas públicas. A lista, divulgada há quatro dias do início da COP30, reúne, no total, 107 nomes de pesquisadores brasileiros que direta ou indiretamente têm participação na tomada de decisões relativas a políticas públicas, considerando menções em documentos estratégicos, relatórios técnicos e pareceres usados por governos, organismos internacionais e organizações da sociedade civil.

Além deles, o levantamento cita outros nove pesquisadores de instituições sediadas na Regão Norte, especificamente nos estados do Amazonas e Pará, correspondendo a 10,3% do total de pesquisadores citados. Entre os pesquisadores da lista constam nomes vinculados a outras instituições amazônicas como o do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Fundação de Medicina Tropical Dr. Heitor Vieira Dourado (FMT-HVD), Museu Emilio Goeldi, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e Imazon. Para chegar à lista, Bori e Overton identificaram os cientistas com, pelo menos, 150 citações em documentos estratégicos. Outro nome citado no levantamento foi o do pesquisador visitante sênior da Fiocruz Amazônia, Bernardo Horta, professor da Universidade Federal de Pelotas (RS).
Para a diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, a presença da região nesse levantamento denota a importância estratégica desse território para o mundo e a necessidade de termos políticas públicas territorializadas. “É um orgulho ver o reconhecimento do trabalho de nossos pesquisadores”, frisou a diretora.
Felipe Naveca é pesquisador em Saúde Pública da Fiocruz desde 2008 e tem uma contribuição decisiva para o desenvolvimento das ações de vigilância genômica e controle de doenças no Brasil, com impacto importante no enfrentamento à Covid-19 e às arboviroses. É membro da Rede Genômica Fiocruz, da Rede Genômica de Vigilância em Saúde do Amazonas (Regesam), da Rede Global de Laboratórios de Febre Amarela OMS. Também é membro da Rede de Laboratórios de Diagnóstico de Arbovírus das Américas – Opas/OMS e curador da Coleção Biológica de Vírus da Fiocruz.

Marcus Lacerda é especialista em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, pesquisador da FMT-HVD e professor adjunto da University of Texas Medical Branch (UTMB). Tem como principais focos de pesquisa malária, HIV, histoplasmose, arboviroses, acidentes ofídicos, Covid-19 e outras doenças emergentes. Suas contribuições mais recentes à inovação em saúde pública foram a implementação de profilaxia pré-exposição (PREP) para HIV, a implementação de tafenoquina em dose única para a cura radical de malária vivax, e a implementação da coleta de tecidos post mortem (MITS) para estudo de causas de morte.
Os dados do relatório da Bori e Overton mostram que a produção desses pesquisadores embasou mais de 33,5 mil documentos de políticas públicas publicados desde 2019. Um quarto dos nomes (22) é da Universidade de São Paulo (USP). Os dados também evidenciam desigualdades. Há baixa presença de mulheres entre os pesquisadores do Brasil que mais influenciam políticas públicas: das 107 pessoas mapeadas, apenas 22 são mulheres (20,5%).
Esse é o sétimo relatório publicado pela Bori com parceiros. Documentos anteriores, desenvolvidos com a editora científica Elsevier, revelaram queda inédita na produção científica brasileira e mostraram a distribuição de gênero na produção do país. A ideia dessas publicações é tirar retratos sistemáticos e periódicos da produção brasileira para contribuir com o debate público.
ILMD/Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Michell Mello / Fiocruz Amazônia Revista


