Fiocruz Amazônia se integra ao Projeto STEM na Saúde de equidade de gênero em ciência, tecnologia e inovação

O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) é uma das unidades regionais da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) envolvidas com a execução do Projeto STEM na Saúde: Mentoria para a promoção da equidade de gênero em ciência, tecnologia e inovação, desenvolvido pela Vice-Presidência de Educação, Comunicação e Informação (VPEIC), no âmbito do Programa Mulheres e Meninas na Ciência. Trata-se de um projeto em rede nacional pioneiro, integrando todas as unidades da Fiocruz no País, que conta com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação, idealizado para beneficiar diretamente, com concessão de bolsas, meninas e mulheres, jovens estudantes e pesquisadoras da Fiocruz e instituições parceiras, com ações de capacitação e desenvolvimento profissional nas áreas de CT&I, com foco na inclusão de mulheres em atividades científicas inovadoras.

O projeto foi lançado oficialmente, na última sexta-feira, 31/01, durante o 1º Seminário STEM (Science, Technology, Engineering and Mathematics) na Saúde, no Campus Manguinhos (RJ), pela vice-presidente de Educação, Informação e Comunicação, Cristiani Vieira Machado, e a coordenadora do STEM na Saúde, Cristina Araripe. O projeto está estruturado em quatro eixos: capacitação e desenvolvimento profissional de alunas da educação básica e universitária, aumento de oportunidades educacionais e de emprego para jovens em situação de vulnerabilidade social, redução das desigualdades de gênero, raça e etnia e fortalecimento dos direitos das mulheres, garantindo-lhes o direito fundamental de fazer suas escolhas.

A antropóloga Fabiane Vinente, técnica em saúde publica do Laboratório de História, Políticas Publicas e Saúde na Amazônia (Lahpsa), representa o ILMD/Fiocruz Amazônia no projeto. “O STEM na Saúde é uma oportunidade que se abre para a formação de uma rede colaborativa entre cientistas de carreira e meninas que precisam ser mais estimuladas e expostas à Ciência. É aí que entramos, enquanto unidade da Fiocruz na Amazônia, trabalhando junto para que essas oportunidades cheguem às nossas meninas indígenas, ribeirinhas, migrantes e quilombolas”, ressalta Vinente, observando que, apesar do crescimento da participação de mulheres na graduação e pós-graduação no Brasil, a presença feminina ainda é rara em posições de comando nas áreas de Ciência, Tecnologia e Inovação.

Cristina Araripe explica que o projeto prevê ações de formação em todos os níveis de escolarização – do ensino fundamental ao ensino superior, incluindo a pós-graduação – e será construído em colaboração com pesquisadoras da Fiocruz e de instituições parceiras, visando promover a inclusão social e a cidadania para meninas e mulheres historicamente excluídas da CT&I. Poderão participar alunas do 8º ou 9º ano do Ensino Fundamental, do 1º ou 2º ano do Ensino Médio e de graduação das áreas de Ciências Exatas, Engenharia  e Computação, matriculadas em instituições públicas, preferencialmente em segmentos sociais e territórios vulnerabilizados.

“Áreas como Matemática, Engenharia, Informática, crescem muito no mundo mas têm um déficit de participação de mulheres. O Projeto STEM na Saúde surge como uma forma de estabelecer uma série de discussões relacionadas ao viés sexista, ao machismo institucional, à forma de socialização da mulher e à maneira como essas disciplinas são apresentadas às meninas desde a infância. Uma discussão superampla que o Projeto STEM quer trazer para a área da saúde”, afirma Vinente.

O seminário contou com a participação de representantes da Fundação Carlos Chagas de Amparo à Pesquisa no Estado do Rio de Janeiro (Faperj), Universidade Federal Rural de Pernambuco, CNPq/MCTI, Instituto Oswaldo Cruz (IOC), Biomanguinhos, Escola Nacional de Saúde Pública (ENSP/Fiocruz), Fiocruz Ceará, Fiocruz Bahia, Fiocruz Brasília e Fiocruz Paraná.

NOVO MOMENTO

Cristiani Machado destacou que o STEM na Saúde marca um novo momento do Programa Meninas e Mulheres na Ciência. “O programa foi construído a partir de uma história na Fiocruz de inserção das mulheres, de décadas, particularmente a partir de 2009, com a intensificação e o fortalecimento do debate. Em 2018, em 117 anos de história, elegemos a primeira mulher presidente da Fiocruz, Nísia Trindade, hoje a primeira mulher ministra da Saúde do País. O programa Mulheres e Meninas na Ciência nasce em 2019 dessa confluência de fatores, com participação imensa da Fiocruz, por meio de suas unidades, e não esgota toda a luta de uma série de outros movimentos pela equidade que acontecem na Fiocruz, mas temos muito a avançar”, salientou.

A vice-presidente lembrou que a principal finalidade da iniciativa é a inserção das mulheres em áreas do conhecimento em que elas estão subrepresentadas. “O STEM na Saúde tanto valoriza a inserção de jovens, como meninas que estão na Educação Básica a terem a possiblidade de despertar o interesse de atuar nessas áreas, assim como as que estão na Graduação e podem atuar nas respectivas áreas de ponta, seja na Fiocruz ou nas instituições parceiras. A Ciência precisa ser mais inclusiva”, frisou.

MENTORIA

Em sua apresentação, Cristina Araripe pontuou que a mentoria científica, enquanto método e metodologia de ensino, pode proporcionar às alunas, professoras e tutoras participantes a oportunidade de vivenciar experiências de iniciação à pesquisa e de formação profissional, em ambientes de acolhimento institucional, em espaços de trocas que respeitam a diversidade e valorizam a inclusão social e a cidadania .

O projeto possui os seguintes módulos de formação: iniciação à pesquisa científica e tecnológica , desenvolvimento de habilidades estratégias, orientação profissional e psicossocial e formação para o exercício da cidadania. As áreas de pesquisa são: Saúde Pública, Biologia Computacional (Bioinformática), Biotecnologia, Ciencia de Dados, Computação Científica (Matemática e Estatística), Epidemiologia, Epidemiologia Genômica, Engenharias Biomédicas, Engenharia de Produção, Engenharia Genética, Engenharia Química e Engenharia de Sistemas.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Foto: Divulgação / Fiocruz Amazônia