Projeto Moetá realiza painel de amostras para marcar encerramento das atividades em 2024 e o alcance da iniciativa
O Projeto Moetá, subprojeto do Programa Fortalece SUS, desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, encerrou as atividades em 2024 apresentando um balanço dos resultados obtidos ao longo de dez meses de atuação. O projeto conseguiu realizar um total de 398 oficinas em 67 instituições de diferentes localidades e zonas de Manaus, alcançando aproximadamente 3,5 mil pessoas, a maioria estudantes da rede pública estadual com repasse de informações em saúde, atividades lúdicas, palestras e serviços de orientação e cuidados em saúde e meio ambiente. O balanço foi apresentado no último dia 1712, na Escola de Enfermagem de Manaus, durante o Painel de Amostras do Moetá, contando com a participação de lideranças comunitárias, professores, alunos e representantes de instituições parceiras e apoiadores do projeto.
O enfermeiro Elton Aleme, coordenador executivo do Moetá, explica que o objetivo do painel de amostras, apresentando trabalhos e resultados do projeto, cumpre uma etapa importante do processo iniciado em março de 2024, com a realização da primeira formação de comunicadores populares oferecida aos bolsistas do projeto pelo Serviço Amazônico de Ação, Reflexão e Educação Socioambiental (Sares). “Estamos felizes com os resultados obtidos e consideramos importante podermos falar de educação em saúde ou de ciência em saúde, de forma simples e com linguagem acessível, visitando escolas, igrejas, hospitais, associações comunitárias”, destaca Elton.
O Projeto Moetá nasceu com a finalidade de promover a formação de comunicadores populares especializados em saúde (CPES) para atuar na disseminação de informações científicas, garantindo uma linguagem atraente, acessível, utilizando metodologias de comunicação inclusiva e produzindo conteúdo informativo para a população em geral. O intuito era fazer com que as ações dos CPES chegassem até as comunidades. O curso formou oito comunicadores populares, que atuaram na divulgação de informações em saúde, e conta com financiamento de emenda parlamentar do ex-deputado federal, José Ricardo Wendling, atual vereador eleito de Manaus.
“Tivemos ao longo deste ano muitos bons resultados, com as atividades desenvolvidas pelos bolsistas e as comunidades, levando educação em saúde, apresentando os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), falando da importância da vacina, da lavagem adequada das mãos, dos riscos e cuidados com a gravidez na adolescência, mas, principalmente, defendendo o que temos de melhor que é o SUS, mostrando que o Sistema Único de Saúde é muito e pode ser muito mais, se bem utilizado. Se pudermos levar isso de forma mais consistente para as pessoas que de fato utilizam os SUS todos os dias, estaremos satisfeitos”, afirmou Elton.
A vice-diretora de Pesquisa e Inovação da Fiocruz Amazônia, Michele Rocha El Kadri, que integrou a mesa de abertura do evento, salientou a importância da finalidade do Moetá, exemplificando o caso da epidemia de Covid-19, quando foi necessário preencher a lacuna da comunicação científica acessível para a população. “O desafio dos cientistas é saber como se comunicar não só para os pares, mas para gerar o conhecimento que importa para as pessoas. Esse projeto tem sensibilidade e nos ajuda a fazer a Ciência que importa, sentimos muito pesadamente essa lacuna de comunicação no período da Covid-19. Fomos empurrados a comunicar sobre o vírus, e que era verdade ou mentira”, observou ela, acrescentando que o Projeto Moetá fortalece a luta política pelo SUS, “outra instituição que devemos nos orgulhar como brasileiros”.
Moetá, em ‘Nhengatu’ (língua geral amazônica), significa multiplicar, tornar muitos, socializar”. O projeto conseguiu levar sensibilização e formação em saúde a mais de 2.600 estudantes de escolas estaduais do Amazonas. As atividades tiveram como objetivo principal conscientizar os jovens sobre temas cruciais de saúde e desenvolvimento sustentável. Entre os temas das oficinas oferecidas, destacam-se Gravidez na Adolescência, Infecções Sexualmente Transmissíveis (ISTs), Vacinação, Lavagem das Mãos, Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), e avaliação de Dados Antropométricos e Índice de Massa Corporal (IMC). Foram realizadas também atividades práticas, como a visualização de bactérias por meio de microscópio após a lavagem das mãos.
Na Escola Estadual Dom Milton Corrêa, foi realizada uma oficina especial sobre Violência Contra a Mulher, com a colaboração da pedagoga voluntária Samara Pantoja. O Moetá esteve presente na Escola Estadual Manuel Antônio, na Colônia Antônio Aleixo, Zona Leste, com 653 estudantes; na Escola Estadual Senador João Bosco, na Cidade Nova 1, Zona Norte (572 estudantes); Escola Estadual Professor José Bernardino Lindoso, Cidade Nova 5, Zona Norte (388); Escola Estadual Benjamin Magalhães Brandão, na Compensa, Zona Oeste (428); Escola Estadual Cid Cabral, no Conjunto Canaranas, Zona Norte (240); e Escola Estadual Dom Milton Corrêa, na Cidade Nova 2 (636).
A professora Cleia de Jesus Batista e Silva, da Escola Estadual Dom Milton Corrêa, destacou a relevância do projeto. “Acompanhei os alunos do 3º ano na aplicação do Projeto Moetá, e o tema da palestra foi bastante significativo e proveitoso para as alunas, com pontos fundamentais como os perigos da gravidez precoce e doenças sexualmente transmissíveis”, avaliou. A pedagoga Ildeneti Alves, da Escola Estadual José Bernardino Lindoso, também elogiou a iniciativa: “A ação do Projeto Moetá da Fiocruz Amazônia foi muito positiva e bem avaliada tanto entre os professores quanto os estudantes, em especial do terceiro ano do nível médio. Os temas estavam sendo trabalhados em sala de aula e, assim, o projeto veio como um reforço para consolidar a formação”.
Elton Aleme explica que, nas oficinas, o Projeto Moetá utilizou uma abordagem interdisciplinar e interativa. Ele cita, por exemplo, que, na oficina de Lavagem das Mãos, os alunos tiveram a oportunidade de observar, por meio de microscópios e culturas bacterianas, como a lavagem adequada das mãos pode prevenir doenças. Na oficina sobre ISTs, os estudantes participaram de debates interativos, reforçando a importância da prevenção por meio do uso de preservativos e do conhecimento sobre os métodos de transmissão e sintomas.
Os Jogos dos ODS também foram utilizados para ensinar os estudantes sobre os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), dividindo-os em equipes para participar de um “tabuleiro humano”, promovendo o aprendizado de maneira lúdica e participativa. O projeto contou com importantes parcerias com unidades de saúde e instituições locais, como a UBS Lago do Aleixo e a Instituição Movimento de Reintegração dos Portadores de Hanseníase (Morhan), que colaboraram em temas de saúde pública como vacinação e hanseníase.
O mascote da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), o boneco Oswaldinho, também esteve presente em todas as escolas durante as oficinas do Projeto Moetá, ajudando a aproximar ainda mais os estudantes das atividades educativas. Sua presença trouxe leveza e engajamento, cativando os jovens e tornando as oficinas ainda mais interativas e divertidas, enquanto reforçava a importância dos temas de saúde abordados.
A coordenadora geral do Programa Fortalece SUS, Rita Bacuri, pesquisadora social da Fiocruz Amazônia e idealizadora do Moetá, afirma que o projeto visa criar um elo entre a ciência e as comunidades, formando comunicadores populares que levem informação clara e precisa sobre saúde.”Nossa missão é multiplicar o conhecimento, ajudando a transformar a realidade local com ações educativas contínuas. Moetá, em Nhengatu (língua geral amazônica), significa multiplicar, tornar muitos, socializar”, reforça
EQUIPE
O projeto conta com uma equipe de bolsistas, fundamental na execução das atividades educativas. São eles: Francisca Souza (assistente socia)l; Ivancy Santos (comunicadora social); Jéssica Valim (matemática); José Airton Nicolau (cientista social); Patrícia Cabral (comunicadora social); Rejane Magalhães (pedagoga); Maicon Queiroz (biólogo) e Edney Mendonça (comunicador social). “A realização de atividades interdisciplinares com foco em saúde, meio ambiente e ODS, de forma dinâmica e prática, capacita os jovens a fazer escolhas conscientes. Ao unir educação e ação, promovemos reflexões essenciais sobre questões sociais e de saúde pública”, comenta a bolsista Jéssica Valim. Já o coordenador executivo do Projeto Moetá, Enfermeiro Elton Aleme, reforça a importância da iniciativa: “A formação de comunicadores populares é uma estratégia fundamental para tornar a saúde mais acessível. Eles são os multiplicadores que aproximam a ciência das pessoas, ajudando a conscientizar os jovens e fortalecer o vínculo entre saúde e educação.” No final do evento, todos os integrantes e parceiros do Projeto Moetá receberam certificados de participação.
ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa