Oficina da Fiocruz Amazônia mostra como é feita a extração do DNA humano para estudantes do Alto Solimões e estimula o interesse pela formação científica
TABATINGA (AM) – A Semana Nacional de Ciência e Tecnologia (SNCT) 2024, da Fiocruz Amazônia, desembarcou no município de Tabatinga, no Alto Solimões, a 1.108 quilômetros de Manaus, com a finalidade de proporcionar um contato mais próximo entre os estudantes da região e o conhecimento científico, produzido nos laboratórios de pesquisa da instituição. Durante dois dias, com apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foram realizadas oficinas e rodas de conversa demonstrando de maneira simples que o acesso à Ciência, Tecnologia e Inovação é possível e mais fácil do que se imagina. As atividades ocorreram na sede do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Amazonas (IFAM-Campus Tabatinga), um dos 17 campis mantidos pela instituição no interior do Amazonas.
Uma das atividades foi a oficina de Extração do DNA de Células da Mucosa Bucal, experimento desenvolvido pela mestranda em Hematologia Maria Gabriella Santos Vasconcelos, biomédica especialista em Imunologia e Microbiologia. Antes, numa roda de conversa, Gabriela, junto com a aluna de Iniciação Científica da Fiocruz Amazônia, Jehovana Victorio Salgado, faz uma panorâmica sobre a trajetória da Biomedicina no Brasil, que se entrelaça na história de várias mulheres cientistas, que se destacaram na ultima década em pesquisas nas áreas de câncer e na pandemia de Covid-19.
“Para se ter uma ideia, 80% dos profissionais de Biomedicina no País hoje são mulheres e isso significa que provavelmente a presença de grandes personalidades femininas na Biomedicina possa estar impactando nessa busca de mulheres pelo curso fazendo com que tenhamos maior presença feminina na academia”, observa Gabriela. Ela explica que as duas atividades foram possíveis graças ao Programa Meninas e Mulheres na Ciência, que tem como objetivo despertar o interesse de estudantes pela vocação científica. “Na roda de conversa, falo da minha própria experiência, as facilidades e dificuldades de se iniciar a carreira de cientista”, salienta.
ESTRUTURA DO DNA
Na oficina, como forma de aguçar ainda mais a curiosidade das jovens estudantes, Gabriela mostra um pouco, na teoria e na prática, como funciona a estrutura do DNA e os cromossomos, comprovando ser possível, através de uma técnica bem simples, fazer a extração desse material, e enxergar o DNA a olho nu”, explica a biomédica.
A experiência foi inspiradora para a turma, composta em sua maioria por alunas, que acompanharam atentamente as atividades protagonizadas por duas mulheres, uma aluna de Iniciação Científica e uma mestranda. “Estou gostando muito da experiência e como ela vai afetar os meus estudos principalmente em Biologia. Achei muito interessante e espero ter oportunidade de participar de mais rodas de conversa e oficinas da Fiocruz”, afirmou a aluna do curso de Informática do IFAM – Campus Tabatinga, Sofia Elizabeth de Oliveira Anampa, 15. Ela participou da atividade prática junto com a amiga de turma, Eloá Bezerra da Silva, 15. “A experiencia muito legal e nunca tivemos oportunidade de fazer um experimento como esse e me sinto honrada”, frisou Eloá.
Gabriela explica que para estimular o interesse dos estudantes pensou numa forma didática, porém técnica, para trazer conceito e prática numa única experiencia. “A ideia é fazer com que elas entendam que a ciência pode ser feita em casa e se entenderem isso podem colaborar também para a divulgação científica e acender a vontade de fazer pesquisa”, finalizou.
Para a aluna de Iniciação Científica Jehovana Salgado, a experiencia tem sido gratificante. “A Iniciação Científica abriu meus olhos para novas oportunidades e conhecer a vida em um laboratório mais estruturado como o da Fiocruz Amazônia me ajudou a crescer muito”, afirmou Jehovana, que é venezuelana e residente no Brasil há seis anos.
ILMD;Fiocruz Amazônia, Por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa