Projeto Amazônia Solidária lança e-book com relatos sobre desafios da comunicação em saúde em territórios ribeirinhos, quilombolas e de migrantes na Amazônia

O Projeto Amazônia Solidária, desenvolvido pela Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) e Fiocruz Amazônia, visando reforçar as estratégias de comunicação sobre a vacina de Covid-19 e outras, em áreas remotas dos estados do Amazonas e Acre, acaba de lançar o e-book “Amazônia Solidária: educação popular e comunicação em saúde para o fortalecimento da vacinação nos territórios quilombolas, migrantes e ribeirinhos. O livro, editado pela Rede Unida, pertence à Série Saúde & Amazônia, e é de acesso livre universal. A obra reúne relatos pessoais de apoiadores locais, coordenadores dos eixos, facilitadores e bolsistas do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), da Fiocruz Amazônia, sobre as experiências vividas nas atividades de campo do projeto.

Coordenador do projeto e um dos organizadores do livro, o pesquisador da Fiocruz Amazônia Júlio César Schweickardt, afirma que a obra é mais um produto do projeto que resulta de um processo coletivo. “Foi uma construção bem participativa, de uma escrita coletiva, quando cada participante teve a oportunidade de relatar que atividades desenvolveu, sobre o território em que trabalhou, a metodologia utilizada e os produtos gerados. O livro é uma referência para discussão de abordagens que sejam feitas em comunidades, especialmente quando se trata da área de comunicação, que é um desafio, por exemplo, para gestores e coordenadores da área de imunização”, explica Schweickardt.

Também atuaram como organizadoras do livro Thalita Renata das Neves Guedes, Gercicley Rodrigues dos Santos, Adriana Lopes Elias, Vanessa Ramos Cardoso e Joana Maria Borges de Freitas. O projeto foi executado ao longo de 2023, tendo como coordenadoras de eixos as pesquisadoras em Saúde Pública Fabiane Vinente (eixo migrantes), Adriana Lopes Elias (eixo ribeirinho) e Joana Freitas (eixo quilombola), que atuaram também como facilitadoras do projeto, por meio do Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), da Fiocruz Amazônia, juntamente com apoiadores locais.

De acordo com Schweickardt, o caminho utilizado pelo projeto foi o da Educação Permanente nos territórios do Amazonas e do Acre. “Construindo com as comunidades e grupos os modos e as linguagens da comunicação de uma política tão maltratada na última gestão governamental. Vimos a potência criativa das comunidades que simplesmente precisou ser ouvida e apoiada na construção dos seus materiais”, descreve o pesquisador na apresentação do livro.

E continua: “O projeto nos permitiu amazonizar o pensamento e as estratégias da saúde, significando um estar nos territórios ribeirinhos, quilombolas e dos migrantes na cidade como um modo de refletir sobre uma dimensão diferente da vida. O encontro com outros, com modos diferentes de ser e estar no mundo, numa outra relação entre os humanos e não humanos, na relação com o território das águas e da cidade, nos traz outras formas de viver na Amazônia”.

Ao longo das 350 páginas, o livro resgata os encontros nos territórios das pessoas, que vivem as relações com as águas, as memórias, os encantados, a ancestralidade. O livro, na primeira parte, começa com a “Palavra das coordenadoras, facilitadores e apoiadores”, seguindo depois para a “Narrativa dos Territórios” e a “Arte nas comunidades”, encerrando com uma apresentação “Sobre as autoras e os autores”.

“Trata-se de um rico material que traz uma experiência que pode ser replicada, divulgada e reproduzida em outros contextos da Amazônia, mas também fora daqui. Vale a pena as pessoas olharem para essa obra como uma forma de poder pensar nas estratégias que sejam mais participativas, dialogadas e que possam estar mais perto das pessoas”, recomenda o pesquisador.

SÉRIE SAÚDE & AMAZÔNIA

A Série Saúde & Amazônia, que é de acesso livre e qualquer pessoa pode baixar e adquirir gratuitamente, é organizada pelo Laboratório de História, Políticas Públicas e Saúde na Amazônia (LAHPSA), da Fiocruz Amazônia) e publicada pela Associação Brasileira Rede Unida. Os manuscritos – um total de 30 títulos – compõem as áreas de antropologia da saúde, gestão e planejamento, vigilância em saúde, atenção e cuidado em saúde, políticas públicas em saúde, educação permanente, educação popular, promoção em saúde, participação e controle social, história da saúde, saúde indígena, medicina indígena, movimentos sociais em saúde e outros temas de interesse para a Região Amazônica.

A série tem o compromisso ético-político de contribuir com a defesa do Sistema Único de Saúde (SUS) como uma política universal, integral e equitativa e tem coordenação editorial dos pesquisadores doutores Júlio Cesar Schweickardt (Fiocruz Amazônia), Alcindo Antônio Ferla (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveira (Universidade Federal do Pará).

SOBRE OS PARCEIROS 

No Brasil, a USAID, a NPI Expand e a SITAWI Finanças do Bem se uniram para criar uma parceria para apoiar a Resposta à COVID-19 na Amazônia. Entre 2020 e 2021, a primeira fase do projeto do NPI EXPAND Resposta à COVID-19 na Amazônia  distribuiu mais de 23 mil cestas básicas e kits de higiene, capacitou mais de 500 agentes comunitários de saúde, doou mais de 1,4 milhão de máscaras feitas por costureiras locais e divulgou mensagens educativas de prevenção para mais de 875 mil pessoas na região. A Fase está promovendo maior resiliência das comunidades amazônicas através do apoio amplo a vacinação contra a COVID-19, campanhas de informação e combate à fake News, e apoiando os sistemas locais de saúde na região com equipamentos e insumos para detectar, prevenir e controlar a transmissão de Covid-19, bem como realizar o acompanhamento de casos agudos de COVID-19 e tratar as sequelas de síndrome pós-COVID-19.

ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa

Fotos: Arquivo / Júlio Pedrosa