Pesquisa avalia vacina para cachorros no combate a leishmaniose
Uma das estratégias recentes no combate à leishmaniose visceral (LV) é o abate de cachorros que contém o parasita responsável pela doença, porém esse método de controle não tem sido efetivo. Com isso, pesquisadores constataram que a medida imunoprofilática através da vacina Leish-Tec® tem um efeito favorável no combate à doença somente em animais que não estão em áreas de alta transmissão, necessitando de melhorias. Os resultados foram publicados na revista PloS ONE.
O artigo Field trial of efficacy of the Leish-tec® vaccine against canine leishmaniasis caused by Leishmania infantum in an endemic area with high transmission rates, escrito pelos pesquisadores Gabriel Grimaldi Jr., da Fiocruz Bahia, e Antonio Teva e Fernanda Nunes, da Escola Nacional de Saúde Pública (Ensp/Fiocruz), além de pesquisadores de outras instituições do Brasil, aborda a utilização dessa vacina em cachorros e seus efeitos tanto na saúde coletiva como na do animal. Lançada no mercado desde 2008, a Leish-tec® é feita sem a inoculação de antígenos inativos na vacina, utilizando técnicas da Engenharia Genética Aplicada.
A pesquisa foi feita em uma área no Sudeste do Brasil, que é considerada altamente endêmica da leishmaniose. Antes da intervenção, os cães infectados foram abatidos e os restantes receberam três doses da vacina com o intervalo de 21 dias entre cada. Um ano após, outra dose de reforço imunológico foi aplicada. Para verificação dos resultados da pesquisa, foram feitos exames clínicos e pesquisa de anticorpos específicos em todos os cães de ambos os grupos.
Após os experimentos com os cães, notou-se que a vacina é segura para aplicação, após uma reação positiva dos animais, com a exceção de 11% que tiveram efeitos colaterais que duraram somente 4 dias. Além disso, os anticorpos que combateriam a doença começaram a ter resposta nos animais que receberam as doses, tendo alta com 1 mês após a aplicação.
Apesar dos resultados positivos, a pesquisa também concluiu que essa vacina, junto com o abate, não é efetivo em áreas de alta incidência da doença. Além disso, os pesquisadores expuseram que são necessárias melhoras para que a Leish-tec® seja melhor explorada em animais em campo, de forma que haja impacto positivo na incidência de casos de LV em humanos.
(Fiocruz Bahia)