Fiocruz Amazônia destaca potencial da Ciência feita na Amazônia em painel na COP30
BELÉM (PA) – O Conselho de Desenvolvimento Econômico Social e Sustentável (CDESS), vinculado à Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República, realizou no último sábado, 15/11, na COP 30, em Belém (PA), o Painel “Contribuições da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia para a Agenda de Ação do Brasil”. A Fiocruz Amazônia, que integra o conselho, por meio da diretora Stefanie Lopes, esteve presente durante todo processo de construção do documento – elaborado por 70 instituições que compõem a comunidade científica e tecnológica da Amazônia – entregue ao presidente da COP30, André Correia do Lago. No documento, a Fiocruz defende o protagonismo da região amazônica e o potencial das pesquisas feitas por cientistas da região e para a região. O painel compôs a programação de debates promovidos pelo Instituto Evandro Chagas (IEC), num espaço da Green Zone na COP 30 dedicado às instituições governamentais e da sociedade civil para debater sobre ciência e tecnologia produzidas na e para a Amazônia.
O evento reuniu representantes da comunidade científica, governos estaduais, setor privado, sociedade civil e povos tradicionais da Amazônia no estande do Instituto Evandro Chagas (IEC). Stefanie Lopes foi umas das painelistas convidadas, juntamente com representantes da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Fundação Nacional de Saúde (Funasa) e Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab). A diretora da Fiocruz Amazônia iniciou sua fala destacando a importância do encontro da comunidade científica e tecnológica, liderado pelo “Conselhão” do Governo Federal, que resultou não só na entrega de um produto à Presidência da COP 30, mas também na mobilização das instituições de ensino e pesquisa da região.

“Primeiramente, faz-se importante contextualizar que foi um momento muito rico e que não teve só o livro como produto. A iniciativa oportunizou o encontro da comunidade cientifica e tecnológica que nos fez reconhecer uns aos outros e dar visibilidade a algo que já sabíamos: que na Amazônia se faz ciência de qualidade, com sabedoria e reconhecendo os saberes originários”, afirmou a pesquisadora. Segundo Stefanie, o encontro permitiu perceber a riqueza do que está sendo produzido na Amazônia e reforçar o papel das instituições de pesquisa em Saúde, pauta até então negligenciada na agenda do clima e que na COP da Amazônia ganhou o devido protagonismo.
“A Amazônia é um território diverso e repleto de peculiaridades”, enfatizou Stefanie, que é doutora em Genética e Biologia Molecular e pesquisadora especialista em malária. Stefanie destacou a importância das pesquisas realizadas no território e que podem ser replicadas para todo o Mundo. “Um exemplo são o das Estações Disseminadoras de Larvicidas (EDLs), que nasceram de um projeto de pesquisa desenvolvido pela Fiocruz Amazônia, num município do Interior, chamado Manacapuru, como uma estratégia de controle vetorial da dengue – doença que, sabemos, terá impacto diante do cenário das mudanças climáticas, com mosquitos distribuídos no Mundo inteiro – e que passou a ser adotada como política pública do Ministério da Saúde e hoje está em Brasília, Curitiba, São Paulo e aqui na COP 30”, observou.

Segundo a pesquisadora, o fato demonstra que a ciência territorializada é replicável e comprova que a ciência de qualidade se faz junto, coletivamente. “A Fiocruz é parceira e está presente na Amazônia para contribuir com essa história de integração entre as instituições acadêmicas, de pesquisa, organizações da sociedade civil e dos povos originários. Sou muito grata por fazer parte desse movimento contínuo”, reforçou.
O painel para o lançamento do documento com as contribuição das instituições científicas, de tecnologia e ensino superior da Amazônia contou também com a participação da diretora do Instituto Evandro Chagas, Lívia Martins; Waldiney Pires Moraes, diretor do Instituto de Saúde Coletiva da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA); Paulo de Tarso Ribeiro de Oliveria, professor da Universidade Federal do Pará (UFPA); Alexandre Mota, presidente da Funasa, e Marivelton Baré, líder indígena do Amazonas e assessor regional da Secretaria Especial de Saúde Indígena (Sesai).
SOBRE O DOCUMENTO
O Encontro da Comunidade Científica e Tecnológica da Amazônia com a Presidência da COP 30 aconteceu em agosto deste ano. O evento teve como ponto alto a entrega do documento “Contribuições da Comunidade Científica da Amazônia para a Implementação da NDC Brasileira (2025–2035)” ao embaixador André Aranha Corrêa do Lago, presidente da COP30 no Brasil, e a autoridades do Governo Federal como o ministro Márcio Macêdo, da Secretaria-Geral da Presidência da República, Luciana Santos, ministra da Ciência e Tecnologia e a enviada especial para Mulheres da COP 30, Janja Lula da Silva.
O documento reúne recomendações e propostas construídas coletivamente para fortalecer a Agenda de Ação da COP 30, que orientará as negociações da Conferência do Clima da ONU, marcada para novembro, em Belém (PA). O documento possui seis eixos prioritários: Transição nos setores de energia, indústria e transporte; Gestão sustentável de florestas, oceanos e biodiversidade; Transformação da agricultura e sistemas alimentares; Resiliência em cidades, infraestrutura e água; Desenvolvimento humano e social; Objetivos transversais: financiamento, inovação e governança.
O material entregue em Manaus será incorporado às discussões nacionais que embasam as Contribuições Nacionalmente Determinadas (NDCs) do Brasil para 2025–2035, em diálogo com políticas públicas estruturantes como o Plano de Transformação Ecológica, o Plano Clima e a Nova Indústria Brasil.
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ILMD/Fiocruz Amazônia
Fotos: Divulgação / Fiocruz Amazônia



