Adele Benzaken deixa o cargo de diretora da Fiocruz Amazônia após dois anos de gestão
A médica sanitarista Adele Schwartz Benzaken pediu exoneração do cargo de diretora do Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), na tarde desta quarta-feira, 20/09, durante reunião extraordinária do Conselho Deliberativo da instituição. Adele deixa a instituição faltando um ano e oito meses para o final de sua gestão – que seria de quatro anos –, por motivos de problemas de saúde na família. A médica foi eleita pelo voto direto dos servidores, assumindo o cargo em 2021, no período crítico da pandemia de Covid-19 no Brasil. Coordenou junto com pesquisadores da instituição ações de vigilância genômica do vírus SARS-CoV-2, que resultaram na descoberta de variante Gama no Amazonas, transformando o ILMD em unidade de referência para COVID-19 e Monkeypox.
Ao anunciar sua saída, a sanitarista fez um balanço dos dois anos em que esteve à frente do ILMD/Fiocruz Amazônia, citando avanços conseguidos nos campos do ensino, inovação tecnológica, inclusão social pela Ciência, apoio de emendas parlamentares, captação de recursos nacionais e internacionais para investimentos em projetos de pesquisa na Amazônia e em infraestrutura laboratorial, tão necessária para o desenvolvimento da Ciência, Tecnologia & Inovação no Amazonas. Durante sua gestão, o ILMD/Fiocruz Amazônia conseguiu ampliar o número de vagas em cursos de Doutorado e Mestrado, assim como a oferta de bolsas, fortalecimento de parcerias institucionais para apoio a programas de pós-graduação e viabilização de ações estratégicas na região, especificamente junto a grupos sociais mais vulnerabilizados, a exemplo de pessoas vivendo com HIV/Aids, ribeirinhos, quilombolas, indígenas e migrantes. Promoveu o credenciamento de novos laboratórios de pesquisa e o recredenciamento de outros já existentes, valorizando a figura do pesquisador que trabalha e vive na região amazônica.
Defensora ferrenha da Amazônia e suas singularidades, Adele Benzaken teve o trabalho e trajetória dedicados à Saúde Pública reconhecidos pelo presidente da Fiocruz, Mário Moreira. Ele participou de modo virtual da reunião, mesmo sendo representado pelo diretor executivo da Fiocruz, Juliano de Carvalho Lima, que veio do Rio de Janeiro. “Adele sempre se destacou na defesa dos interesses da Ciência e na militância em favor do SUS, sempre comunicou muito bem as atividades e projetos que o ILMD vem desenvolvendo nos últimos tempos. Gostaria de dizer que você faz parte de um seleto grupo de dirigentes da Fiocruz e, digo isso no presente, porque quem foi dirigente dessa casa, jamais deixa de sê-lo, qual seja o local que esteja daqui pra frente, qual seja a decisão que tomar com relação a sua vida cientifica. Você sempre será reconhecida como dirigente desta casa”, afirmou.
A diretoria passa a ser ocupada interinamente pela diretora adjunta do ILMD/Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, que é bióloga e pesquisadora concursada da Fiocruz Amazônia, com foco de atuação em malária. Stefanie ocupa também a vice-diretoria de Pesquisa e Inovação do ILMD. Em breve, deverá ocorrer uma eleição para a composição da nova gestão, com mandato até 2025. Sobre o processo eleitoral, o presidente da Fiocruz Mário Moreira destacou que ao longo dos últimos anos, a Fiocruz conseguiu produzir um ambiente de muita tranquilidade institucional, “o que favorece o processo sucessório em casos de renúncia de cargos de diretoria de unidades, permitindo uma travessia de condução de uma gestão até o seu final sem sobressaltos e garantindo a manutenção dos projetos institucionais, com todos os termos e aspectos regimentais sendo seguidos”, informou.
Este ano, a Fiocruz Amazônia completa 29 anos de atividades. Bastante aplaudida em seu discurso de despedida, Adele Benzaken destacou o empenho dos pesquisadores da casa e da equipe como um todo, agradecendo a parceria. “A semente da colaboração está plantada, só precisa cuidar dela e para isso ninguém melhor que a Stefanie Lopes, para dar continuidade.