Fiocruz lamenta falecimento do pesquisador-emérito José Rodrigues Coura
A Presidência da Fiocruz lamenta profundamente o falecimento, neste sábado (3/4), do médico e pesquisador José Rodrigues Coura, aos 93 anos. Ele foi vice-presidente de Pesquisa da Fiocruz e diretor do Instituto Oswaldo Cruz (IOC/Fiocruz). Coura foi pesquisador-emérito da Fiocruz, do IOC, da UFRJ e da Faculdade de Medicina de Campos e professor Honoris Causa das universidades federais da Paraíba, do Ceará e do Piauí. Chefe do Laboratório de Doenças Parasitárias do IOC, Coura participou da criação de dois cursos de pós-graduação do Instituto, os de Biologia Parasitária e Medicina Tropical. O pesquisador deixa três filhos e três netos. O velório aconteceu neste sábado, no Cemitério São Francisco Xavier, no Caju (RJ).
Com mais de 40 anos de intensa produção científica no IOC, sobretudo na área de parasitologia, Coura costumava dizer que seus alunos e ex-alunos foram sua maior contribuição à sociedade. “Formei uma nova geração de pesquisadores. São mais de 200 mestres e doutores que perpetuarão meu trabalho na saúde pública brasileira, renovando a instituição pelas próximas décadas”, disse ao ser eleito Personalidade do Ano na categoria Medicina, pela Fundação Conrado Wessel, em 2013. Ele comemorava o fato de ter sido escolhido entre dez candidatos de alto nível, indicados por órgãos e entidades de renome. “Corresponde ao Prêmio Nobel”, afirmou na época.
Desde 2002, o pesquisador era comendador da Ordem do Mérito Científico da Presidência da República, condecoração promovida à Grã-Cruz em 2010. É a mais alta láurea do país na área científica. Em 2006, Coura conquistou o segundo lugar no Prêmio Jabuti, categoria Melhor Livro de Ciências Naturais e Ciências da Saúde, pela organização da obra Dinâmica das doenças infecciosas e parasitárias.
Nascido em 15 de junho de 1927, em Taperoá (PB), José Rodrigues era filho de Lupércio Rodrigues Coura e Ercília Coura. Graduou-se em Medicina pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (1957), fez Especialização em Clínica Médica e Doenças Infecciosas e Parasitárias pela Universidade de Londres (1964), Livre Docência e Doutorado em Doenças Infecciosas e Parasitárias pela UFRJ (1965) e pós-doutorado pelos Institutos Nacionais de Saúde (NIH) dos Estados Unidos (1986).
Coura costumava frequentar a Biblioteca de Manguinhos, na Fiocruz, na década de 1950, enquanto cursava Medicina. Professor da UFRJ, em 1972 foi convidado pelo ministro da Saúde, Mario Augusto de Castro Lima, a fazer um diagnóstico da Fiocruz, criada dois anos antes por meio de um decreto do governo militar. Sua história como membro da Fundação, porém, começaria sete anos mais tarde, quando outro convite o levou a assumir a Vice-Presidência de Pesquisa da Fiocruz e a direção do IOC. Reconhecido como um dos mais importantes tropicalistas do país, Coura dirigiu o Instituto uma segunda vez, entre 1997 e 2001.
Coura ingressou como instrutor de ensino na Faculdade de Medicina da UFRJ em 1960, na disciplina de Doenças Infecciosas e Parasitárias. Foi chefe do Departamento de Medicina Preventiva da UFRJ e do Departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal Fluminense. Foi professor de Medicina Social e Preventiva da Faculdade de Medicina de Campos (1968-1970), pela qual foi homenageado em 2012, dando nome ao Centro de Saúde Escola Custodópolis José Rodrigues Coura, por ter instalado nesse bairro o trabalho de campo para os alunos da disciplina de Medicina Social e Preventiva daquela instituição.
Organizou e coordenou dois cursos de pós-graduação stricto sensu, respectivamente em Doenças Infecciosas e Parasitárias na UFRJ em 1970 (o primeiro curso de pós-graduação da área médica do Brasil, credenciado pelo Capes/CNPq com conceito A) e em Medicina Tropical no IOC em 1980. Foi editor da Revista da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical por 12 anos e das Memórias do Instituto Oswaldo Cruz durante 10 anos. Organizou e presidiu numerosos congressos e reuniões científicas, além de mesas-redondas nacionais e internacionais.
Membro fundador da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical, da qual foi presidente (1973-1975), foi também membro titular da Academia Nacional de Medicina (1978) e da Academia Brasileira de Ciências (2000). Recebeu numerosos prêmios, teve vários livros editados e artigos publicados em periódicos nacionais e internacionais.