Fiocruz lembra centenário da morte de seu fundador
O médico Oswaldo Cruz encabeça a lista de cientistas brasileiros importantes da enquete promovida em 2010 pelo Ministério da Ciência e Tecnologia Percepção Pública da Ciência e Tecnologia no Brasil. Graças ao empenho e visão do médico e sanitarista, uma geração de importantes cientistas foi formada no Instituto de Manguinhos, que ganhou projeção internacional. Cruz deixou um rico legado para a história biomédica nacional e o Castelo da Fiocruz é um símbolo de produção de conhecimento científico, inovação e tecnologia em saúde. No centenário de sua morte, lembrado em 11 de fevereiro de 2017, o Brasil tem sim motivo para comemorar a vida e a obra de Oswaldo Cruz. Em sua trajetória, a instituição manteve seu compromisso com a saúde pública para todos, mantendo sua origem dedicada à produção, à pesquisa, ao ensino e à defesa dos valores democráticos.
O sanitarista é lembrado pela contribuição decisiva no combate a doenças como febre amarela – que, atualmente, causa temor e registra surtos em algumas regiões do país -, peste bubônica e varíola, que assolavam no Rio de Janeiro e em outras cidades brasileiras desde a segunda metade do século 19. As ações do médico reduziram as mortes por febre amarela e as demais doenças. Em 1903, houve 584 óbitos causados pela doença no Rio de Janeiro; em 1908, apenas quatro pessoas morreram vítimas da enfermidade.
Ao trazer ao país diversas inovações no campo da microbiologia e da pesquisa experimental aprendidas na França, onde se especializou no Instituto Pasteur no final do século 19, Oswaldo Cruz se destacou em sua área. As dificuldades que encontrou no combate às doenças na capital federal, prejudicando inclusive a relação comercial do Brasil com o mundo, não foram poucas. O jovem médico precisou adotar medidas duras de saneamento na cidade, que passou por grande transformação urbana conduzida pelo prefeito Pereira Passos durante a presidência de Rodrigues Alves.
Dirigido pelo Barão de Pedro Afonso, que era também proprietário do Instituto Vacínico Municipal do Rio de Janeiro, o Instituto Soroterápico Federal tinha a missão de produzir o soro e a vacina antipestosos. Para coordenar esta tarefa, Oswaldo Cruz foi designado como seu diretor técnico. Em 1902, após o afastamento do Barão de Pedro Afonso, Oswaldo Cruz tornou-se diretor geral do ISF. Também à frente da Diretoria Geral de Saúde Pública, entre 1903 e 1909, promoveria uma verdadeira batalha contra a febre amarela, a peste bubônica e a varíola. Para isso foi necessário elaborar e aprovar um novo código sanitário, que instituía, entre outras medidas, a obrigatoriedade da vacinação antivariólica. Este fato foi o estopim do levante popular que sacudiu as ruas do Rio de Janeiro em novembro de 1904, e que ficaria conhecido como Revolta da Vacina.
No entanto, apesar de críticas por parte da imprensa, de médicos, políticos e da rebelião popular, Oswaldo Cruz obteve êxito em suas campanhas sanitárias e foi consagrado com várias homenagens. Em 1907 recebeu a medalha de ouro em nome da seção brasileira presente no XIV Congresso Internacional de Higiene e Demografia de Berlim. De volta ao Brasil em 1908, foi recepcionado como herói nacional. A ocasião também marcou o fim das críticas por sua conduta frente às campanhas sanitárias. Em 1913 Oswaldo Cruzou ingressou na Academia Brasileira de Letras, e um ano depois foi agraciado com o título de oficial da Ordem Nacional da Legião de Honra da França.
Ele realizou o levantamento das condições sanitárias do interior do país promovendo expedições científicas com pesquisadores do Instituto Oswaldo Cruz, como em 1910, quando, ao lado de Belisário Penna, combateu a malária durante a construção da Ferrovia Madeira-Mamoré, na Região Amazônica.
A Casa de Oswaldo Cruz, instituto da Fiocruz dedicado à história e à memória da instituição, preserva acervos que revelam a trajetória do sanitarista, por meio de documentos, imagens, livros e objetos. O público também encontra reportagens, programas especiais e documentários dedicados a Oswaldo Cruz.
Confira o especial da Casa de Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz).
Fonte: COC/ Fiocruz
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