Fiocruz Amazonia celebra os dez anos do PPGVIDA homenageando egressos e avaliando panorama atual e desafios futuros do programa de pós-graduação
O Instituto Leônidas e Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia) deu início nesta quarta-feira, 1/10, às celebrações pela passagem do aniversário de dez anos do Programa de Pós-Graduação em Condições de Vida e Saúde na Amazônia (PPGVIDA), com a realização do Seminário PPGVIDA 10 Anos, oportunidade em que foram homenageados egressos da primeira turma do programa, além de docentes, ex-gestores e colaboradores em reconhecimento às contribuições ao primeiro Mestrado em Saúde Coletiva da Fiocruz na região amazônica. Nesses dez anos, o programa já formou 126 mestres em Saúde Coletiva, tendo contribuído diretamente para o fortalecimento da Ciência e do Sistema Único de Saúde (SUS) na região amazônica. Desse total de egressos, 65% são oriundos de instituições públicas e hoje atuam no setor público (SUS) e instituições públicas de ensino superior.

Com dois dias de duração, o seminário que marca os 10 anos do PPGVIDA visa promover também uma avaliação do programa e seus desafios futuros. Para a diretora da Fiocruz Amazônia, Stefanie Lopes, a data é histórica e uma oportunidade de se refletir sobre quão importante foi a criação do PPGVIDA para os demais programas de pós-graduação da instituição. “O PPGVIDA trata sobre a vida, a saúde da população. É um programa humano que carrega a interdisciplinaridade como característica principal por reunir diferentes olhares e formações. Foi uma escola como primeiro programa da casa e tudo que trilhou foi exemplo para o PPGBIO-Interação (Programa de Pós-Graduação em Biologia da Interação Patógeno-Hospedeiro) e experiência para o DASPAM (Doutorado em Saúde Pública na Amazônia), abrindo caminhos para muitas iniciativas”, destacou a diretora, enfatizando a perspectiva de, no futuro, o PPGVIDA oferecer também curso em nível de Doutorado.

Alocado na área de Saúde Coletiva da CAPES, o PPGVIDA se consolidou como um espaço de formação e produção científica de excelência, comprometido com a realidade amazônica e com a defesa da vida. Na palestra de abertura do seminário, a pesquisadora sênior da Fiocruz Amazônia, Luiza Garnelo, uma das responsáveis pela criação do PPGVIDA – e a primeira coordenadora do Mestrado –, destacou a importância do programa no contexto da produção acadêmica da época e da contribuição dada por parceiros como a da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz (ENSP), presença forte e potente na estruturação do programa, juntamente com a Universidade Federal do Pará (UFPA), a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e a Fundação de Amparo à Pesquisa no Estado do Amazonas (Fapeam).

“Juntas, essas três instituições ajudaram na construção do alicerce para o PPGVIDA”, enfatizou Luiza, destacando, entre outros indicadores do programa, o número atual de docentes (33) e a expressiva produção intelectual/bibliográfica, com 1.797 produções, entre artigos em periódicos, livros, capítulos de livros, trabalhos em anais e produção técnica, entre 2017 e 2024. Outra característica destacável do PPGVIDA é a de formar mestres para atuarem na região amazônica, fator que permite avaliar como positivo o impacto social do programa de formação. Falando em nome da Vice-Presidência de Educação, Informação e Comunicação, a coordenadora geral adjunta de Educação de Stricto Sensu da Fiocruz, Enirtes Caetano Prates Melo, participou de modo on line da abertura da solenidade, e destacou a potência do PPGVIDA para a Fiocruz.

Representando a diretora-presidente da Fapeam, Marcia Perales, o professor Hedinaldo Narciso Lima, chefe do Departamento Técnico-Científico da fundação, explica que o PPGVIDA se notabiliza pela formação de recursos humanos “na” e “para” a região amazônica. “Quero destacar que é uma grande alegria estarmos aqui, em nome da presidência da Fapeam, e termos um programa como esse que dá uma importante contribuição para a formação de recursos humanos, como um dos programas em que a Fapeam tem investido fortemente, por meio da concessão de bolsas e financiamentos de projetos que possam dar retorno a sociedade, contribuindo com a melhoria da qualidade de vida das pessoas no Estado. Vale destacar que a maioria absoluta das pessoas apoiadas pela Fapeam permanecem no Estado do Amazonas, na região e no Brasil”, salientou o professor.

Stefanie Lopes ressaltou a trajetória futura do PPGVIDA. “Esse é apenas o começo de uma trajetória de muitas conquistas. Formamos o futuro da Saúde Coletiva na Amazônia. O programa tem uma história linda, focada em vida e em pessoas, que fazem a diferença onde quer que estejam”, afirmou, referindo-se, de modo especial, aos egressos homenageados, entre eles a sanitarista Nayara Macksud, secretária de Estado da Saúde do Amazonas, que integrou a primeira turma do PPGVIDA.
“O Mestrado possibilitou que eu conhecesse outras linhas de raciocínio relacionadas ao serviço da saúde. Tenho orgulho de falar que sou filha da Fiocruz e que cursei meu Mestrado numa instituição que representa a Amazônia, que discute as nossas peculiaridades, o que enriqueceu muito minha forma de defender o SUS nas diferentes instâncias em que atuo representando o Amazonas”, pontuou Nayara.

A secretária de Saúde destacou ainda a importância do olhar do programa para o contexto geográfico desafiante do fazer saúde na Amazônia. “As águas fazem parte do nosso cotidiano. Nós precisamos aprender a fazer saúde no momento da estiagem. A bandeira da Amazônia Legal está muito viva, por conta da COP 30, e eu devo muito a Fiocruz e ao meu Mestrado, que me possibilitou aprofundar a discussão de políticas públicas para nossa região”, complementou. Junto com Nayara, outros egressos também foram homenageados com a entrega de certificado de reconhecimento pela trajetória.

Docente da primeira turma do Mestrado do PPGVIDA, a professora titular aposentada da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFAM, Ana Cyra dos Santos Lucas, lembrou o quanto o programa de pós-graduação da Fiocruz foi importante para a região amazônica, como um todo. “Estávamos naquele momento de crescimento da pós-graduação na região e principalmente da necessidade de atendimento das demandas dos profissionais de saúde, muitos em atuação nos serviços, o que acabou tendo um impacto na qualificação desses profissionais egressos que estão até hoje no atendimento”, afirmou, lembrando que muitos dos alunos do mestrado vêm de outras regiões do Estado e do Brasil, além de outros países.

NOVO PROCESSO SELETIVO
A pesquisadora em Saúde Pública da Fiocruz Amazônia, Ani Beatriz Matsuura, atual coordenadora do PPGVIDA, fez um agradecimento especial a todos os atuais integrantes e os que já fizeram parte do Mestrado, lembrando que está aberto o processo de seleção para a turma 2026 do programa. Estão sendo oferecidas este ano, no total, 23 vagas, número recorde desde a criação do PPGVIDA. A coordenadora destacou também o esforço desenvolvido pela pesquisadora Luiza Garnelo na criação do PPGVIDA, há dez anos, e hoje na formação da primeira turma de sanitaristas indígenas do Brasil. O curso fora da sede do PPGVIDA é ministrado no município de Tabatinga, Regão do Alto Solimões (AM), contando com o apoio de pesquisadores da casa como docentes, a exemplo de Fernando Herkrath, Rodrigo Tobias e Júlio César Schweickardt.

“Nos adaptamos, docentes e discentes, em territórios indígenas e a expectativa é de que a CAPES consiga reconhecer o trabalho e que isso se reflita na elevação da nossa nota”, comentou, enfatizando a importância da parceria com Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Escola de Enfermagem da UFAM, Secretaria de Estado da Saúde (SES-AM), Escola de Saúde Pública (ESAP), Fundação de Vigilância em Saúde Dra Rosemary Costa Pinto (FVS-RCO), Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA), e o Programa Vigifronteiras Brasil/Fiocruz.

Também egresso do PPGVIDA, o vice-diretor de Educação, Informação e Comunicação da Fiocruz Amazônia, Cláudio Peixoto, fez parte da primeira turma e lembrou que na época houve uma convergência de forças para que o curso se estabelecesse. “Todas as pessoas que estão aqui e outras das quais sentimos falta por não poderem estar presentes foram importantes nesses primórdios, cujo desafio era pensar um programa que que fortalecesse a formação da Fiocruz, na capital e no interior. Foi um trabalho gigantesco de desbravamento”, frisou. O seminário 10 Anos do PPGVIDA se encerra nesta quinta-feira, 2/10, com a palestra do professor-doutor Bernardo Horta, coordenador de Área CAPES, abrindo a programação, abordando sobre a Nova Ficha de Avaliação da CAPES. Na sequencia, dra Ani Matssuira apresenta o Relatório de Avaliação Quadrienal (2021-2024) e as manifestações de representantes discentes. Após intervalo para almoço, haverá roda de conversa sobre o tema “O que queremos para o futuro do PPGVIDA?”, com apresentação de propostas.
ILMD/Fiocruz Amazônia, por Júlio Pedrosa
Fotos: Júlio Pedrosa