Fiocruz Amazônia integra projeto do Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento na área de vigilância de doenças infecciosas naTríplice Fronteira

O Instituto Leônidas & Maria Deane (ILMD/Fiocruz Amazônia), junto com a Universidade de Brasília (UnB) e o Instituto Francês de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), integra o Laboratório Misto Internacional Sentinela, iniciativa que tem como objetivo expandir, desenvolver e implementar metodologias e ferramentas sustentáveis para a obtenção, representação e análise conjunta de dados, informações e conhecimentos transfronteiriços relativos a doenças infecciosas, para implementação de sítios sentinelas transdisciplinares, territorialiados e transfronteiriços para a saúde pública. A Fiocruz Amazônia participa do LMI Sentinela com o Projeto Vigilância Transfronteiriça em Saúde com Base Comunitária na Tríplice Fronteira, com a participação de pesquisadores do Núcleo de Patógenos, Reservatórios e Vetores na Amazônia – PreV Amazônia, pertencente ao Laboratório de Ecologia de Doenças Transmissíveis na Amazônia (EDTA), tendo como integrantes os pesquisadores Sergio Luz Bessa (chefe do Núcleo), José Joaquín Carvajal Cortes e Alessandra Nava.

Durante três dias (3 a 5/07), o Instituto Francês realizou em Manaus um workshop com a finalidade de discutir questões globais relacionadas à Amazônia e estabelecer estratégias de ação para o desenvolvimento de pesquisas em parceria com instituições do Brasil e da França. A intenção é definir uma estratégia científica para o Instituto e os parceiros, baseada nas expectativas dos parceiros e dos governos e discutida com alguns financiadores. O encontro resultou na elaboração da “Declaração de Manaus para a pesquisa compartilhada na Amazônia”, em conjunto com a Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA), que poderá ser apresentada na Cúpula dos Chefes de Estado da Amazônia prevista para o início de agosto em Belém.

Do ILMD, participaram como palestrantes do workshop os pesquisadores José Joaquín Carvajal e Alessandra Nava, do PReV Amazônia. Nesta quinta-feira, 06/07, o ILMD recebeu a visita da conselheira adjunta de cooperação e de ação cultural da Embaixada da França no Brasil, Sophie Jacquel, para conhecer a unidade e estabelecer possíveis parcerias a projetos de pesquisa em andamento dentro do LMI Sentinela e outros projetos de interesse do instituto. Ela foi recepcionada de modo on line pela vice-diretora de Pesquisa e Inovação, Stefanie Lopes, e pelo pesquisador da Fiocruz Amazônia, Sérgio Luz Bessa. Presencialmente, foi recebida pelos pesquisadores Joaquín Carvajal, Alessandra Nava e Luiza Garnelo. A visita faz parte da programação do workshop e foi recomendada pelo IRD. Foram apresentadas as linhas de pesquisa dos laboratórios da Fiocruz Amazônia e alguns dos projetos desenvolvidos nas áreas de One Health, Saúde Indígena e Vigilância de Patógenos, além dos programas de pós-graduação oferecidos pela instituição.

DESAFIOS CIENTÍFICOS

O workshop contou com cinco mesas-redondas em torno dos “desafios científicos” para os quais o IRD pode contribuir transferindo experiências, conhecimentos e competências para os países da região amazônica. As mesas-redondas foram precedidas de apresentações de cientistas e de organizações governamentais e não governamentais para dar uma visão regional das questões abordadas e dos desafios a enfrentar nestas áreas. Os temas abordados foram “Biodiversidade e Gestão Sustentável e Equitativa dos Recursos Naturais”, “Georecursos e One Health” e “Cidades Sustentáveis e Desenvolvimento Territorial”. O evento contou com a participação de diversas instituições parceiras do IRD, a exemplo da CPRM, Universidade Federal do Amazonas (Ufam), Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Instituto de Pesquisa da Amazônia Peruana (IIAP), Universidad Peruana Caytano Heredia (Peru), Universidade de La Paz, Universidade de los Andes, Instituto Mamirauá e WWF, entre outros.

A médica veterinária Alessandra Nava participou da mesa redonda sobre “Georecursos e One Health”, enfocando a questão  estratégica da biodiversidade amazonica como indicadores de processos que possam ameaçar a saude ambiental. Mencionou o Biobanco da Biodiversidade do ILMD como ferramenta nesse monitoramento e a importância de parcerias institucionais bem estabelecidas , como a construção da Rede Norte e Nordeste em vigilancia de patógenos silvestres firmada pelo ILMD e PICTIS juntamente com a Fiocruz Ceará.

SERVIÇOS AMBIENTAIS

O IRD, por meio do LMI Sentinela e outros laboratórios mistos internacionais, vem dando uma atenção especial a questões relativas aos serviços ambientais prestados pela Amazônia em relação ao clima e às diferentes fases que caracterizam a região amazônica. Saúde Global, rios voadores (criados pela evapotranspiração das árvores e que fornecem chuva para outras regiões do Planeta), a perda da biodiversidade, os efeitos do desmatamento no clima, o avanço do agronegócio e das migrações são alguns dos temas que estão no centro dos debates.

Recentemente, Joaquín Carvajal Cortes, apresentou  os resultados das pesquisas do Laboratório do Núcleo PReV Amazônia e do LMI Sentinela, num Seminário Internacional do Projeto PROGYSAT, na Guiana Francesa. O palestrante abordou sobre os desafios e perspectivas da vigilância entomológica espaço-temporal em zonas de fronteira e resultados do controle de Aedes através das Estações Disseminadores de Larvicida no Brasil, avaliando a possibilidade de implementação da estratégia em Caiena e Kouros (Guiana Francesa). O PROGYSAT faz ênfase no desenvolvimento ou à harmonização de aplicações temáticas baseadas em imagens de satélite, em quatro eixos temáticos: recursos hídricos e sensibilidade ambiental; malária e arboviroses transmitidas por mosquitos; poluição, urbanização e habitação precária e conhecimento da diversidade florestal.